Gratidão.

A palavra gratidão está na moda.
Resisti de início e fiquei desconfiada do uso que estava se fazendo dela.
Pensei um bocado a respeito.
Gratidão… O sentimento de ser grato. Mas por alguma coisa ou por alguém?
As pessoas têm se sentido gratas por tudo ultimamente: suas características pessoais, suas habilidades, seus bens materiais, suas oportunidades de trabalho, pelo sol e a natureza, pela comida de cada dia, pelas pessoas ao seu redor.
Não quero fazer nenhum tipo de julgamento de valor sobre esses sentimentos. Quem sou eu no fim das contas!?
A única coisa que me cabe dizer é que eu percebi que para mim faz sentido o sentimento de gratidão em relação às pessoas e à presença delas em minha vida ou à marca que deixaram.
Não que as outras coisas não sejam importantes, algumas delas são absolutamente fundamentais. Mas, para mim, não caberia em relação a elas o sentimento de gratidão.
Em relação ao sol e a natureza eu sinto um sentimento de reverência; em relação à comida eu sinto necessidade biológica (e alguns problemas emocionais); em relação a oportunidades de emprego e bens materiais eu sinto admiração para conigo mesma, um sentimento de realização, por eu ter me dedicado para alcançar meus objetivos e um pouco de alívio e segurança.
Enfim, gratidão mesmo nomeia o que eu sinto em relação ao contato humano.
As pessoas ficam na nossa vida porque elas querem estar junto de nós. E por isso nós só podemos ser gratos. Certas marcas que as pessoas deixam em nossas vidas, sejam elas felizes ou dolorosas fazem parte da nossa jornada e nenhum trabalho, bem material, nenhum prato de comida nem mesmo o sol conseguirá se equiparar em significação e importância. O contato humano possui sempre um sentido transcendente no nosso caminho.
Então, eu decidi aproveitar a palavra da moda para expressar meu sentimento de gratidão em relação a algumaa pessoas especiais que fazem ou fizeram parte da minha vida.
Por que a gente deixou de enviar cartas com declarações de amor para os amigos depois da quinta série, no fim das contas? Esse é um hábito que nunca deveríamos ter abandonado.

Guerra contra a felicidade.

Eu estou longe de poder ser parabenizada pelo meu amor aos clássicos da literatura (ou por ter lido uma boa quantidade destes), mas eu já passei tempo suficiente conversando com gente cult para saber que escritores clássicos e as tais pessoas cult não gostam muito de felicidade ou de gente feliz.

Portanto, a felicidade se tornou, já há muito tempo, coisa de gente simples e ignorante.

É um suposto fato cientificamente sustentado que as pessoas humildes, pouco educadas, geralmente pobres, sofrem menos, pois elas processam emoções de maneira menos complexa do que as pessoas que possuem mais recursos intelectuais.

O resultado histórico da mistura de todas essas opiniões é a de que a felicidade e as histórias de amor com finais felizes são malvistas, clichês, e feitas para o povão, para a massa, que “procura entretenimento rasteiro para se distrair”.

Eu até concordo que não abundam os filmes e as histórias românticas de boa qualidade, mas isso pode ser explicado pelo fato de os bons escritores, cineastas, poetas, dramaturgos etc., serem todos cult e nós já estabelecemos que gente cult odeia felicidade.

Essa guerra contra a felicidade e as pessoas felizes tem um viés acadêmico que se soma ao viés artístico.

Acadêmicos e intelectuais tendem a olhar com maus olhos esse papo de metas e de vida equilibrada, dos hábitos das pessoas altamente eficazes e da busca pela felicidade sustentável. Eles nos dizem que essas pessoas querem varrer as emoções negativas para debaixo do tapete. Afirmam que os estudos que comprovariam os benefícios e a eficácia deste novo estilo de vida e dos métodos que devemos empregar para alcançá-lo, não passam de pseudociência, de um discurso vazio e pouco profundo, que geraria, na verdade, um ideal de felicidade inatingível.

Isso tudo é realmente muito melancólico, pois é possível perceber, a partir desse discurso, o quanto as pessoas realmente se sentem tristes ou, não exatamente tristes, mas também não muito felizes de um modo geral; isso tudo a ponto do discurso da busca da felicidade parecer uma ameaça ou uma imposição insustentável, inatingível e dolorosa.

Na verdade, a gente já gastou grande parte dos recursos artísticos, intelectuais e culturais da humanidade relatando e estudando as trilhões de maneiras de sermos miseráveis. Os tratados e obras sobre a felicidade é que rareiam.

Mas o interessante é que elas sempre existiram. Desde a Antiguidade, passando pelo renascimento e chegando aos tempos atuais – nos quais elas se multiplicam – algumas mentes se arriscaram a proferir algumas palavras e a dar algumas pinceladas em homenagem à vida feliz.

Claro que existem os exagerados, aqueles que dizem que devemos ser felizes a qualquer custo e que têm horror das tais emoções negativas, mas generalizar essa postura é um grande preconceito.

O que algumas pessoas começam a buscar não é uma maneira de decepar o lado negativo, bastante rico e construtivo sim, da nossa vida emocional, mas apenas entortar a balança para o outro lado e falar mais de amor e esperança para variar.

O que queremos é, mesmo tendo consciência das mazelas da humanidade e sentindo dor e sofrimento em alguns momentos, reivindicar o direito de vivenciar o que há de verdadeiramente bom na vida e lutar para multiplicar os momentos de felicidade, aprendendo a valorizá-los.

A busca da felicidade é absolutamente legítima. E ela não é um desrespeito ao sofrimento.

A gente conhece muito mais meios de tortura, do que meios de fazer uma pessoa sorrir. E já é hora de mudar isso.

Bodas de Algodão 

Hoje eu estou muito feliz!
Estou comemorando uma data muito especial: o meu aniversário de dois anos de casamento.
Vamos comemorar fazendo as coisas que mais gostamos de fazer nesse mundo: comer nossa comida favorita e ver séries na TV.
Eu voltei para casa do trabalho sorrindo sozinha na rua já antecipando a noite.
No total, eu e meu marido estamos juntos há seis anos.
É bastante tempo.
E o bom é que com o passar dos anos eu fico mais feliz com o meu relacionamento.
A sabedoria do senso comum diz que deveria ser ao contrário: que o relacionamento deveria ir se desgastando e os companheiros passando apenas a suportar um ao outro e ficar juntos por conta do que teve de bom no passado, dos filhos, dos impedimentos financeiros da separação, acomodação e por aí vai.
Isso acontece quando você se casa com uma pessoa babaca.
Eu não acredito em alma gêmea, mas eu acreito em pessoas babacas; não fique casada com uma.
Procure alguém que vale a pena amar e você será muito feliz.
Como alguém que se sente cada dia mais apaixonada eu te aconselho: não se contente com alguém que não vale a pena! Você está perdendo o quanto é bom amar verdadeiramente quem está do seu lado. O amor, quando cuidado, cresce. Se o seu está diminuindo, não é mais amor.

Erotomania 

A Erotomania ou Síndrome de Clérambault é a convicção delirante de um indivíduo de que uma outra pessoa está apaixonada por ele.
O transtorno é tema do filme “Bem me quer, mal me quer” que narra a história de uma personagem encenada por Audrey Tautou, Agélique, em sua relação amorosa com Loïc, interpretado por Samuel Le Bihan, como a direção de Laetita Colombani.
A internet está cheia de análises detalhadas do filme do ponto de vista da psicanálise lacaniana (são interpretações carregadas daquele machismo psicanalítico. Eu até tenho curiosidade de estudar a “psicanálise feminista”, mas até lá, o machismo no discurso psicanalítico me enerva. Esse é o caso dos comentários psicanalíticos sobre o filme: todos falam absurdos da psicologia da mulher e da sua posição no amor). Sendo assim, o que me interessa no filme não é a análise psicológica ou psicopatológica, mas os próprios elementos da narração da história. A maneira como o filme é construído.
A construção é genial no sentido de que ela nos faz experimentar a percepção delirante da personagem de maneira absolutamente realista. É apenas em um segundo momento que um jogo de câmeras desvela “o que estava realmente acontecendo”.
Quando ocorre essa virada da narrativa é que percebemos como aquela mulher estava “maluca”.
O fato é que, na vida real, não existe esse jogo de câmeras e estamos todos confinados, condenados à nossa percepção dos acontecimentos assim como a personagem do filme.
A loucura sempre parece essa coisa estranha e distante de nós, mas isso é uma ilusão. Todos nós, loucos e “sãos”, temos os dois pés na loucura. Alguns de nós estão socialmente bem adaptados e outros não. Só isso.
A Erotomania evidencia o fato de que amar alguém é uma loucura. Você se entrega de corpo e alma e começa a confiar em uma pessoa estranha que você conheceu em algum momento da sua vida, você passa a conviver com essa pessoa, conta para ela os seus segredos, baixa a guarda; insiste na relação ainda que, muitas vezes, ela nem seja pacífica. Os casais sofrem, brigam, terminam, voltam a ficar juntos. A gente se apaixona a primeira vista. A gente gosta de umas pessoas e não de outras. A gente ama sem ser correspondido. Mulheres são estupradas, a violência doméstica é alarmante. A gente tem o nosso coração partido. E mesmo assim nós continuamos amando e sentindo essa necessidade sempre premente de amar e ser amado. Se a gente queima a mão no fogo uma vez, a gente não põe a mão lá novamente. No amor essas regras não se aplicam. Toda a nossa lógica voa pelos ares. A gente decide que não vai se apaixonar, que vai passar um tempo sozinho e aí aparece aquela pessoa que faz nossa cabeça girar e de repente, a gente quer estar junto e não mais sozinho. A gente passa horas se perguntando o que ele quis dizer com aquilo sem chegar a conclusão nenhuma, a gente não entende por que ele não ligou ou por que ela me traiu. (Estou trocando o gênero das frases porque todas essas preocupações valem para os dois sexos. Em se tratando de amor, está todo mundo no mesmo barco).
Amar alguém é a coisa mais louca que se pode fazer nessa vida.
E, na vida real, não tem o outro lado da história. Não tem a segunda versão dos fatos. Cada um de nós fica encerrado em sua própria loucura, julgando a loucura alheia.

“Por onde andam meus pés”? Dia 6.

Quando eu fico dois dias seguidos ou mais na casa da minha avó, eu não resisto. Eu começo a aproveitar o bairro.
Atrações turísticas? Várias barraquinhas de açaí, a pizzaria que tem a melhor pizza do mundo, que é uma meio a meio de atum com banana, a praça da Igreja (que vocês conheceram ontem) e o hambúrguer que me introduziu no mundo do fast food.
Claro que eu não subo mais no trepa-trepa constantemente (ainda que, com dois primos pequenos, eu já tenha feito isso com mais frequência do que o esperado de outras pessoas da minha idade, que são zero vezes), mas essa foto não é tão artificial assim. Deve ter, no máximo dois anos a última vez que eu brinquei nesse negócio.
Sinceramente, esses parques que os adultos podem ir não estão com nada. A gente paga caro para ficar dois minutos no brinquedo, não faz atividade física nenhuma, corre o risco de morrer e vomita no final! Bom mesmo é balanço, escorrega, gangorra e trepa-trepa. Eu só vou no parquinho quando não tem criança nenhuma lá. Então, não me critiquem por ficar ainda sentada num balanço sempre que posso.
Eu vejo menos crianças nos parquinhos do que eu costumava ver antigamente. Me parece que tem menos crianças brincando na rua. Outros adultos têm a mesma impressão que eu. Ficar mais velho é sempre assim mesmo, não é? Começar a achar automaticamente, sem nenhum tipo de reflexão crítica, que na nossa época tudo era diferente e melhor.
Se você conversar com os ex-adolescentes que ficavam comigo na rua naqueles dias, eles vão te dizer que a gente deu sorte, que na nossa época ainda dava para ficar na rua, hoje em dia não mais, porque está tudo muito perigoso. O caso é que, quando eu saía para a rua, minha mãe ficava muito preocupada, porque estava tudo muito perigoso, já era um pouco perigoso na época dela, mas dava para levar. Minha avó já vai te dizer que o medo maior na época dela era com a honra, não tinha essas coisas de violência. Os nossos filhos vão proibir os filhos deles de sair de casa por causa do aumento da violência ou de outro perigo qualquer.
Você deve estar pensando: “mas a violência aumentou mesmo”. Olha só, ou a gente está caminhando para uma distopia bizarra, ou você está apenas sendo enganado pelo truque que engana todo mundo. O de achar que tudo era melhor na nossa época.
Eu também acho que era tudo melhor na minha época! Claro! Apesar das gerações que vieram antes de mim afirmarem que boa mesmo era a época deles, eu acho que a minha é que é a melhor de todas.
O problema é que o ser humano é um bicho que tem propensões estúpidas: ele tem medo do desconhecido e se apega excessivamente ao que conhece. Está aí toda a falha da educação das crianças.
Nós criamos as crianças em um mundo novo, que não é aquele em que nós vivemos. Esse mundo novo é cheio de perigos e armadilhas novas que nós não experimentamos. Não temos as ferramentas necessárias para combater esses novos perigos. Então imbuímos nossos filhos com a única coisa que temos para protegê-los: medo. E é essa herança que eles vão passar adiante.
Quanto a nos apegarmos excessivamente ao que conhecemos, isso se reflete no fato de ser muito difícil para os pais verem os filhos desenvolverem hábitos novos, que a geração deles não tinha, se comportarem de modo diferente, de um jeito que os incomoda e que eles chamam errado e não saudável. Os pais se incomodam, e brigam, e castigam seus filhos porque eles desviam do modo como os pais foram criados.
Existem aqueles pais que fazem questão de não passarem a educação que receberam, é verdade, geralmente por esta ter sido excessivamente rígida. Esses pais também são excessivamente apegados ao que lhes é familiar e vão pecar com seus filhos também. A diferença é que aqui a familiaridade é com o que esses país cozinharam na cabeça deles como forma de educação adequada. Eles se apegaram a uma idéia de educação e é essa idéia familiar que eles lutam para por em prática.
É muito difícil para os pais verem seus filhos se tornarem pessoas novas, independentes e, principalmente, diferentes deles, do que eles viveram quando eram pequenos ou do que queriam ter vivido.
É nesse turbilhão e nessa batalha de emoções que nós crescemos. Não é de se espantar que percamos algumas noites de sono pelo caminho.
Dizer isso não significa que eu não vou fazer besteira se um dia resolver ter filhos. Quer dizer apenas que, hoje em dia, eu adoto a postura política de respeitar a época das crianças.
Você gostava que os adultos falassem mal o tempo todo do mundo em que você vivia? Dizendo que bom mesmo era um mundo que tinha acabado e que você nunca iria conhecer? Isso era desolador. Um desrespeito com as crianças.
O melhor que você pode fazer hoje é pedir que as crianças te contem como está o mundo atualmente, elas sabem melhor do que você. Elas serão os adultos que vão educar os filhos amanhã com base no que vêem hoje. No lugar de tentar fazer ela engolir a sua visão – Você sabe que ela não vai engolir, não é? Você não desenvolveu a sua visão de mundo particular, diferente daquela dos seus pais? Elas também irão – pergunte qual é a visão de mundo dela. Escute para depois saber como orientar. Saiba quem é aquela pessoa, para que depois você possa tentar ajudá-la a atingir o potencial dela.
A despeito das suas ternas memórias da infância, todos os mundos, daqui para frente e daqui para trás, foram tão bonitos e felizes para as crianças que eles abrigaram quanto o seu foi para você. Aprenda a respeitar isso.

Meu presente de Natal para você.

 

Tem um presente de Natal que você pode dar a todas as pessoas ao seu redor: ajuda-las a ver a vida de um modo diferente. A resolução de muitos problemas por aí passa por simplesmente encarar a situação de outra forma, olhar as coisas por um outro ângulo.

E o melhor é que este presente tão significativo não custa caro. Você vai precisar de um pote ou de uma sacolinha e de aproximadamente 100 pedaços de papel.

De hoje até o fim do ano, dia 31, anote cinco coisas pelas quase você é grato, todo dia, em pequenos pedaços de papel e vá colocando-os em um pote ou um saquinho para ir guardando os papeizinhos.

Não se preocupe em anotar apenas as coisas que te parecem extraordinárias. Preste atenção às pequenas coisas do seu dia a dia que tornam a sua vida especial.

No dia primeiro de janeiro, leia todos as coisas que você anotou.

Este exercício pode ser feito em duplas (para casais, pais e filhos), ou em grupo (para famílias, por exemplo). Cada um vai anotar nos seus cinco papeizinhos as coisas pelas quais se sente diariamente grato e vai colocá-los em seu pote ou em um pote coletivo. Então, todos devem se reunir o quanto antes em janeiro para ler todos os papéis. Cada um pode ler o que anotou ou pode-se optar por juntar todos os papéis para que eles sejam lidos sem identificar quem escreveu o quê.

Essas são todas as coisas pelas quais você deve ser grato e às quais você deve prestar mais atenção no próximo ano.

Faça isso, e você vai perceber quanta coisa boa tem na sua vida.

Orgasmo emocional.

Você já ouviu falar no Relatório Hite? Isso mesmo: Hite.

Pode ser que você ache que eu estou um pouco confusa e quero, na verdade, me referir ao Relatório Kinsey, mas não. É do Relatório Hite mesmo que eu quero falar.

O Relatório Kinsey foi, sem dúvida, muito famoso (você pode assistir ao filme Kinsey – Vamos Falar de Sexo para se divertir e saber mais sobre a vida e o trabalho do autor). Mas, depois dele, veio um trabalho eu acho ainda mais interessante; me refiro à pesquisa de Shere Hite, também realizada nos Estados Unidos. A autora entrevistou mais de três mil mulheres ao longo da década de 1970, a partir da aplicação de questionários abertos (nos quais é feita uma pergunta a qual a mulher responde livremente com suas próprias palavras), que investigavam os principais temas da sexualidade feminina: masturbação, orgasmo, penetração, lesbianismo etc.

Este foi o primeiro grande estudo da sexualidade feminina, feito por uma mulher, que deu voz a milhares de mulheres, permitindo que elas falassem abertamente sobre suas experiências sexuais.

Um dos achados mais interessantes da pesquisa foi denominado por Hite de ORGASMO EMOCIONAL.

A descoberta do orgasmo emocional lançou luz sobre uma ampla gama de sentimento e sensações físicas sentidas pelas mulheres durante o ato da penetração sexual que geravam muita confusão para elas. São sentimentos e sensações prazerosas, mas que são, de algum modo, diferentes daquelas que as mulheres sentem com a estimulação do clitóris.

Frequentemente, durante a relação sexual, a mulher sente um ápice físico e emocional prazeroso, mas que é, de alguma forma, diferente do orgasmo que ela tem quando se masturba ou mesmo no sexo oral com o parceiro. Sabe quando você termina de transar e o boy pergunta: “E aí, gozou?”, e você fica na dúvida? Pois é. Teve alguma coisa ali que você sentiu… mas que você não tem certeza de ter sido um orgasmo? As mulheres muitas vezes interpretam essas sensações como orgasmos mais fracos e difusos.

O orgasmo emocional põe fim a esta dúvida. Quando você fica na dúvida, você teve um orgasmo emocional, mas não um orgasmo biológico.

É possível sim que os orgasmos biológicos variem de intensidade. Mas tem sido fortemente apontado pelas pesquisas o fato de que, quando você tem um orgasmo, você sabe que teve um orgasmo. O orgasmo gera uma descarga de tensão acumulada no sexo que, independentemente da intensidade, tende a ser inconfundível.

O orgasmo biológico seria alcançado pelas mulheres durante a estimulação direta ou indireta do clitóris. A estimulação direta acontece com a masturbação ou no sexo oral, por exemplo. A estimulação indireta pode acontecer durante a penetração. O clitóris pode ser pouco protuberante em sua parte externa (aquela que fica visível na vagina), mas ele é bem grandinho em sua parte interna. O clitóris, dentro do corpo da mulher, se estende ao redor da vagina, por isso, pode ser estimulado indiretamente na penetração. Essa estimulação indireta é o que torna possível o orgasmo vaginal.

Por outro lado, aquela sensação difusa que você sente durante uma relação sexual, que é boa, maravilhosa, que faz você até achar que gozou, mas que te deixa na dúvida, porque é, de alguma forma, diferente do que você sente quando se masturba e chega ao orgasmo; então, esse é o orgasmo emocional. Isso acontece por que não houve estimulação suficiente do clitóris para fazer você gozar, mas, ainda sim, trata-se de uma relação sexual e isso tem impactos no corpo e na mente da mulher que geram pico de prazer físico e emocional.

Shere Hite descreveu o orgasmo feminino como

 

“um sentimento de amor e comunhão com outro ser humano que atinge um máximo, é um grande aprofundamento da intensidade do sentimento, que pode ser sentido fisicamente no coração, ou como um nó na garganta, ou como uma sensação geral de abertura, uma sensação de desejo de ser penetrada cada vez mais, um desejo de se fundir e de se tornar um só com o outro. Isso poderia ser descrito como uma completa liberação de emoções, o que uma mulher chamou de “um penetrante sentimento de amor”, ou como um orgasmo do coração” ∗.

 

Então, agora você já não precisa ficar mais na dúvida ao responder: “Gozou?”. É sim ou não!

Não diga que sim para agradar seu parceiro.

É ótimo que você saiba com certeza quando não gozou! Porque, assim, você pode buscar outras formas de estimulação que te levem, de fato, ao orgasmo.

A relação sexual não precisa acabar enquanto você não estiver satisfeita.

 

 

 

∗HITE, Shere. O Relatório Hite: um profundo estudo sobre a sexualidade feminina. Tradução de Ana Cristina Cesar. São Paulo: Difusão editorial, 1982. Conferir página 123.

Adeus.

Não tem um jeito fácil, nem bom de falar sobre isso. O próprio motivo desse texto existir vem de uma profunda incapacidade de processar os sentimentos dessa situação.
Eu lembro que antes da gente se mudar, eu estava tão triste durante boa parte dos dias e teve um específico que eu tava em casa… E eu digo casa porque é isso que esse lugar vai sempre ser pra mim: minha primeira casa, meu primeiro lar, por vontade própria pelo menos. Só hoje eu entendo a importância que isso teve pra mim. Enfim, teve esse dia que eu tava nessa minha primeira casa e ela chegou. Eu não lembro direito o estado de espírito em que eu estava antes, mas assim que eu a vi eu soube que eu precisava abraçá-la. E quando eu a abracei eu comecei a chorar, e chorar muito, muito mesmo, de não conseguir falar direito, quase como choro agora escrevendo essas palavras, como talvez chore também quando ler em voz alta e talvez também algumas vezes antes e depois disso.
Chorando eu comecei a lembrar e a falar do tanto que a gente viveu em quase cinco anos morando juntos, dividindo esses menos que 40 metros quadrados. Lembrei, como lembro agora também, desde antes da gente começar a morar aqui, de quando vim aqui com alguns amigos encher cano de pvc com argamassa pra se proteger nos atos. Antes disso ainda, eu lembro do clima ruim que ficou com a mãe dela quando a gente foi comprar piso novo, ou alguma outra coisa na Leroy Merlin do lado do Norte shopping e na hora de colocar no porta mala, esquecemos a tampa da mala que fica atrás do banco no estacionamento. Lembrei do clima ruim que ficou com a minha mãe quando a gente se mudou daqui. Lembrei de quando a gente botou internet aqui, de quando botou o ar condicionado que só ficou aqui um ano e foi embora junto com a gente, da parede de dry Wall com o qual a gente conviveu pouco tempo também e que só pagamos metade até hoje. Lembro de comprar os pufes, também antes de vir pra cá na Praça Dois. A gente tinha visto eles juntos antes e ela tinha dito que tinha gostado. Eu os comprei pra fazer uma surpresa. Uma das poucas e primeiras coisas que eu comprei sozinho para a nossa casa. Lembro de como a casa foi enxendo de coisas, de livros, de roupas, de mais livros, de tralhas de todo o tipo, de uma estante maior pra botar mais livros.
Lembro de quando a gente prendeu o suporte na TV na parede com a ajuda dos amigos e ela ficou meio tortinha, como ficou também na nossa nova casa. Lembro da feijoada que a gente fez e do 7 a 1 que vimos juntos, com muitos amigos.
Lembro muito também das vezes que alguém dormiu aqui, um amigo mais vezes que todo mundo.
Das conversas, das noites viradas de estudo, fazendo relatório ou tentando fazer 100 questões de termodinâmica. De tomar cerveja no bar, inclusive no dia que a gente foi atacado no ato e depois foi no hospital tirar raio X. Lembro das reuniões políticas, das vezes que os amigos passavam aqui pra estudar e acabavam só tirando um cochilo antes de ir pra casa, da vez que um casal de amigos passou aqui antes de ir num show na Lapa, conheceram um outro amigo que ja estava aqui e ainda me apresentaram o estranho desenho do Steven Universo.
Lembro do senhor pigarro e do seu gosto musical impecável, lembro da senhora do churrasquinho e das noites que ela garantiu nossa janta, lembro de ter conhecido um dos melhores self-services do mundo, lembro do stress com uma tal pizzaria e de tantas vezes que o chuveiro queimou, até a vez que o apartamento quase pegou fogo.
Lembro das nossas brigas, dos nossos choros, desse choro de agora que eu vou lembrar pra sempre. Das nossas declarações de amor, das nossas risadas, das vezes que a gente fez sexo pela casa, inclusive no banheiro quando tinha gente dormindo aqui.
Lembro da gente planejando o casamento, fazendo todo aquele brigadeiro… Lembro da gente escrevendo os nossos votos no dia anterior. Lembro de mim, me arrumando no dia do casamento. Das palavras de amigos tão queridos que ajudaram esse dia a ser tão especial.
Lembro da gente comendo coração de frango com banana à milanesa e vendo TV. Meu Deus… quanta TV a gente assistiu, quantos filmes e séries, todos os cigarros que fumamos, todos os livros que lemos e de eu ter terminado de ler em voz alta para ela o livro do Harry Potter e as Insígnias da Morte um dia antes da gente se mudar, da primeira e única vez que tivemos uma certa experiência psicodélica juntos.
Lembro de quando começamos a jogar Pokemon Go e do primeiro Dragonite que pegamos juntos numa rua bem aqui do lado. De ir na Biblioteca Parque aos sábados.
Tanta coisa. E eu me pergunto agora “pra onde vai tudo isso?”, da mesma forma que eu me perguntei nesse dia antes da mudança. Pensando nisso tudo que a gente viveu, nas pessoas que passaram por aqui, que fazem parte das nossas vidas, que é só um lugar, eu não consigo pensar numa resposta que consiga fechar esse buraco dentro do peito.
A gente aprende que o tempo não volta para trás e que os bens materiais não importam tanto, mas eu não entendo porque nada disso parece consolar nessa hora. Talvez porque cada tijolo dessa casa, da Pantera, ajudou a gente a fazer desse pequeno apartamento um lar perfeito, tão cheio de amor, amizade, risos, choros. E foi tudo tão real, com tanta força e tanta intensidade. Eu não sei pra onde vai tudo isso agora, mas eu espero que cada um siga carregando as lembranças que tem desse lugar e que isso sirva para alegrar os dias tristes que possam vir e fazer lembrar que mesmo os tijolos sendo diferentes, sempre teremos um lugar pra se encontrar e reviver nossos amores e amizades dentro dos nossos corações.
Eu agradeço a todos pelas lembrança maravilhosas e a você, meu amor, eu agradeço mais ainda por todo o apoio e presença na minha vida. Por ter tornado possível essa experiência de conhecer e ter vivido nesse lugar. De todas as pessoas do mundo, nenhuma teria sido a melhor pra ter compartilhado esses anos e essas experiências na minha vida. Houve muito amor nessa casa e você é a maior razão disso.
A você, apê, se eu acreditasse que você pudesse me entender ou sequer me ouvir, eu diria que eu nunca vou me esquecer de tudo que eu vivi aqui com as pessoas que eu mais amo nesse mundo, vou me lembrar sempre de você ter sido um teto tão confortável e aconchegante. Quem sabe um dia a gente se encontre novamente, mas até lá eu só tenho mais uma palavra pra dizer: “Obrigado”.

Dança! E valores. 

Minha primeira apresentação de dança do ventre depois de muito tempo aconteceu hoje de noite.

Eu cheguei no teatro atrasada.

Pois é. Tinha um monte de coisas para fazer durante o dia e eu não queria (nem podia muuuuito também) abrir mão de nenhuma delas… Aí fui me enrolando… Senti que estava fazendo tudo meio que pela metade.

O ponto é que eu estava pegando o ônibus na hora em que deveria estar chegando no local da apresentação. Dinheiro para uber não tinha, então, fazer o que? Tinha que esperar o trânsito colaborar (porque o motorista a gente sabe que mete o pé).

Tô no ônibus, um calor da porra, brigando com o meu marido.

Trágico.

A gente cai nessas armadilhas, não é mesmo? De se estressar com coisas que não têm solução.

Eu sei que esse tipo de sensação é infrutífera e prejudicial. Mas fala comigo isso na hora que eu estou estressada! Sério. Fala memso.

Eu tenho feito o esforço super consciente de, quando alguém me fala que eu estou estressada, tentar me acalmar. Ou quando eu mesma percebo que estou repetindo o mesmo padrão, tento segurar a onda. E tenho conseguido bons resultados. Então, quando eu estiver estressada, me fala, que eu vou tentar me controlar.

Como fazer isso? A parte difícil não é ter consciência de que se estressar não faz bem e que devemos tentar nos manter calmos mesmo na adversidade. Isso todo muito sabe. O difícil é saber como fazer isso. E digo mais! É difícil encontrar motivação para colocar em prática aquela respiraçãozinha anti-estresse que a galera aprende por aí.

Qual é o segredo então? O que funciona para mim é pensar nos meus valores.

Quando você sabe o que é importante para você, tudo que cruza seu caminho aparece através da perspectiva dos seus valores.

O que são valores? Valores são características das pessoas que fundamentam o modo como elas interagem consigo mesmas, com os outros e com o mundo.

Quando a sua vida ou as suas atitudes não estão aliadas com os seus valores você sofre e sente que alguma coisa está errada com a sua vida.

Se uma pessoa tem como valor central a liberdade, é possível que ela fique muito mal em um emprego que exige que ela fique dez horas do seu dia dentro de um escritório sem ver a luz do sol.

Há pessoas que se submetem às maiores atrocidades para evitar o divórcio por terem o valor família como central.

Nem sempre é óbvio para nós quais são os nossos valores. Por isso, segue uma dica:

Se imagine no alto de um prédio bem bem bem alto que há dez metro de distância de outro tão alto quanto. Você está no telhado de um desses prédios e há uma ponte de madeira que leva ao telhado do prédio ao lado. Está vetando muito. O que faria com que você atravessasse a ponte?

Esse exercício pode te dar uma dica de quais são os seus valores.

Bom, dois dos meus principais valores são: amor e prazer.

Tendo isso em vista, tem cabimento brigar com meu marido e me estressar a caminho de uma apresentação de dança (que me dá muito prazer)?

Não!

Ao me dar conta disso eu comecei a tentar ficar clama. Hoje foi fácil. Mas sobre esse processo de como eu faço para ficar mais calma em situações estressantes eu falo em outro momento.

O mais importante é que eu cheguei a atrasada, mas deu tudo certo no fim das contas. Quando eu parei de me estressar pude recalcular o tempo que eu teria e me programar para fazer o que precisava nesse tempo.

E quer saber? Se não tivesse dado certo estaria tudo bem também. Eu apenas  teria que me desculpar com as minhas colegas e dançar em outra oportunidade!

Casamento 

“O casamento é uma prisão. É uma instituição de merda. E, quando duas pessoas sabendo disso resolvem ainda assim se casar, o casamento é a coisa mais romântica do mundo”.

Foi esse o espírito do meu casamento.

Eu cresci assistindo Disney e não consegui fugir totalmente da fantasia do casamento com o príncipe encantado.

Então, quando percebi que amava meu namorado perdidamente; quando eu me dei conta do quão foda ele era; de que eu me sentia uma pessoa melhor quando nós estávamos juntos; e de que eu não precisava guardar nenhum segredo dele (isso é importante para mim), eu o pedi em casamento.

Mas não foi tão simples assim. Eu não acreditava no casamento (o que me deixava confusa) e ele também não. Mas, como eu falei: Disney.

Quando eu o pedi em casamento, portanto, foi como um desabafo. No meio de uma briga ele exclamou: Então fala o que é que você quer!
– Eu quero me casar com com você!
– Nossa, sério?
– Sim. Você falou para eu dizer que eu quero. É isso que eu quero!
-Tá bom, então.

Foi assim que começou nossa história de sucesso com o casamento. Algumas pessoas que torceram a cara dizendo que não é a mulher que tem que pedir ou que o pedido não foi nada romântico já se divorciaram.
Nós estamos aqui, quase dois anos de casados, seis de relacionamento, ainda em plena lua de mel!