Creme ou doce de leite?

Tive uma discussão séria com meu marido hoje.
Eu fui ao mercado de noite para comprar as coisas da janta e ele me pediu para comprar dois mini-sonhos para ele de sobremesa. Um de doce de leite, o sabor do outro eu poderia escolher para surpreendê-lo.
Eu comprei um de doce de leite e outro de creme.
Quando ele viu o sabor do segundo exclamou: creme?! Quem gosta de creme?! Começou a discussão. Eu respondi que creme era o melhor sabor do mundo! E ele ficou insistindo que não, que o de doce de leite era melhor e que ninguém gostava do de creme.
Mas que absurdo!
Lembrei da época em que éramos pequenos lá em Jardim América. O padeiro passava na Rua 16 pela manhã e no fim da tarde. Quando ele vinha de noite, todas as crianças se juntavam ao redor, porque ele dava os doces que haviam sobrado de graça para nós. Era uma festa! Segundo o meu marido, todos brigavam pelo sonho de doce de leite. Eu já não tenho tanta certeza de que era assim não. Eu me lembro de ter que disputar sempre pelo sonhos de creme. Nós comíamos tudo ali na rua mesmo, sentados nos portões das casas, com as últimas luzes no horizonte, trocando selinhos por mais um pedaço do sonho do colega, falando sobre as preocupações que nos assolavam na época, rindo também, entre um assunto sério e outro. Era tudo doce. Os sonhos, os beijos, os risos, os choros. Mas antes que eu me deixe levar mais ainda pela poesia dos fins de tarde do bairro da minha avó, vamos voltar à questão.
Meu marido sugeriu por fim, para que pudéssemos sanar essa dúvida de uma vez por todas, que eu fizesse uma enquete: qual sabor de sonho vocês preferem: creme ou doce de leite?

Que dia, meu deus, que dia!

Hoje o meu dia começou terrivelmente! Eu saí de manhã para trabalhar com muita antecedência! Eu ia chegar mais ou menos vinte minutos ou meia hora mais cedo. Como eu ia trabalhar hoje dando aula, essa antecedência é perfeita porque eu ligo o computador para passar os slides com calma, tomo um café, respiro profundamente uma ou duas vezes e começo.
Bom, o lugar onde moro fica a uma distância mais ou menos equivalente entre os metrôs da Afonso Pena, Cidade Nova e Estácio. Para Cidade Nova eu geralmente pego um ônibus e desço no ponto seguinte, para a Afonso Pena eu geralmente pego um táxi e dá uns oito reais, para a Estácio o caminho de carro ou ônibus é escroto, então só da para ir a pé mesmo. Como eu vou trabalhar muitas vezes de salto (e hoje era esse o caso), era optar entre as duas primeiras. Bom, vou para a Cidade Nova, pensei, economizar uns trocados. Lá fui eu. Para chegar nesse metrô, tem que subir umas escadas, mas beleza, com peso e salto lá fui eu. São as escadas de uma passarela que passa por cima das pistas da Presidente Vargas no Centro da cidade do Rio que eu tenho que atravessar de um lado a outro para chegar na entrada do metrô. Quando eu chego lá finalmente dou de cara com o metrô FECHADO. Sabe quando passa aquele filme na sua cabeça com uma música melancólica de fundo e você fica ali contemplando a cagada que acabou de fazer? Eu SABIA que a estação fechava nos finais de semana, mas eu havia me esquecido. Fiquei muito, muito, muito enfezada. Voltei já pensando em qual seria a estratégia. Só que me distrai pensando e acabei descendo da passarela na pista errada! Tive que subir as escadas novamente, peso, salto, sol, suor. O terror. Chegando na pista certa, bom pensei em pegar o ônibus e descer na próxima estação de metrô que cruzasse meu caminho (de ônibus direto eu jamais chegaria a tempo). Demorou, mas peguei o ônibus. Desci na primeira estação de metrô que passou. Eu só não me dei conta de que era uma das estações de metrô mais lotadas da face da terra: Central do Brasil. Passaram dois metrôs e eu não consegui entrar. É muuuuita gente. Nessa hora eu ainda comecei a ficar politicamente indignada. O metrô passava de seis em seis minutos! Um intervalo muito grande! E as pessoas, ao invés de xingar as companhias de transporte, o prefeito, governador, presidente, xingam umas às outras e se empurram para fora do metrô com raiva para poder ter a vantagem de não ficar tão tremendamente esmagado por dez ou vinte minutos. E quem tá fora quase soca a pessoa que está dentro para ela abrir espaço. E aí quem sofre é só quem já está ali se fudendo. Enfim… Cheguei para dar aula e, no meio da aula, o computador pifou! Alunos sem slide fica igual a cego em tiroteio. Bom, eu sabia a matéria de cabeça e segui com a aula até a monitora resolver o problema. Passou meia hora mais ou menos. Aí retomei a aula, pulando uns quinze slides que já haviam sido comentados. No final da aula, eu pedi o feedback da turma, e uma garota falou que eu havia pulado uma matéria. Esta matéria havia sido dada sem o apoio dos slides. O resto da turma confirmou que a matéria havia sido dada e a matéria ainda estava no quadro (eu usei o quadro para ir anotando os temas enquanto não tinha o slide como apoio, sinceramente, até prefiro o quadro)! Então, estava tudo lá, matéria no quadro e a turma confirmando que a matéria havia sido dada. Eu fui falar com a menina no final para perguntar se ela queria que eu explicasse só para ela e ela disse que não. Que depois pegava com alguém mas fez questão de completar: “Para mim, você não deu isso”. Argh! O pior é que eu fico me sentindo culpada por ela ter se perdido no conteúdo. Finalmente sai de lá, viva ainda, com a autoestima um pouco abalada, mas inteira.
O que me animou? Eu tinha duas festas de aniversário para ir hoje! Uhu! No almoço eu comi uma comida deliciosa e agora a noite eu já estou na segunda taça de vinho!
Carpe diem!

O motô do amô.

Hoje, meu marido me contando um causo muito interessante. Ele fez sinal para um ônibus e, ao subir, falou com o motorista: “Boa tarde! Esse ônibus aqui vai para o Cosme Velho?”. O motorista (homem) respondeu: “Sim, amor”.
Esse mundo tem salvação no fim das contas!

Eu espio com meus olhos. Especial. 

Eu não gosto de escrever com dor de cabeça. Na verdade, quem gosta de fazer qualquer coisa com dor de cabeça? Quando eu estou assim, tudo que eu desejo é um quarto escuro, fresquinho, em silêncio absoluto. Não essa luz da tela do celular na minha cara. Acho que todos os dias em que eu estiver com dor de cabeça, eu vou ter simplesmente que pedir desculpa por não escrever um texto mais elaborado.
Mas até que em algum momento seria interessante falar mais sobre essas dores de cabeça. Elas começaram quando eu era ainda muito nova e acontecem até hoje. Em menor frequência sim, mas acontecem. Naquela época, tinha toda uma questão emocional envolvida aí também, até eu ficava me culpando achando que eu estava fingindo às vezes. Mas hoje em dia eu tenho certeza de que não era isso. Eu exagerava de vez em quando sim, mas essas dores de cabeça me perseguem. A causa mais provável, aquela que sempre foi uma das minhas maiores desconfianças, vem das consequências do problema de visão. De duas coisas: ter que estar sempre forçando a vista, o que me faz comprimir os olhos e, muitas vezes, franzir as sobrancelhas e curvar as costas demais quando eu estou lendo ou escrevendo (e eu vivo disso, então…). Esses dias aconteceu algo que me deixou quase totalmente convencida dessa explicação. Eu comprei para o meu marido de presente um livro chamado Ligue Os Mil Pontos. Lembra daquelas revistas de atividades para crianças que tinham caça palavras, palavras cruzadas e aqueles pontinhos que você tinha que ligar para formar uma figura? Então. Ele adora essas coisas. Aí eu achei esse livro com 1000 pontos que, quando ligados, formam famosas obras de artes. Ele já fez o primeiro. Ficou bem legal, mas o ponto é que, apesar da folha do livro ser grande, do tamanho de um A3, os números são muito pequenos até para ele. Isso fez com que ele tivesse que ficar com as costas curvadas para fazer a atividade por uns vinte minutos. Ele ficou vinte minutos como eu fico sempre e isso causou muita dor nas costas e nos ombros dele. Eu sinto essa dor constantemente. Não quer dizer que, porque eu já estou acostumada com a dor que eu já não a sinto ou que ela não me faz mal. Eu acho que, quando eu faço mais esforço, ou estou mais tensa, essa dor nas costas causa a dor de cabeça. Eu já fui ao ortopedista algumas vezes, mas ele só passa relaxantes musculares e eu não quero ficar tomando remédio dia sim dia não. O que fazer, então? Bom, eu tenho feito alogamentos para tentar relaxar essa musculatura. Vamos ver se dá certo!

Vamos falar sobre tristeza e solidão na pós-graduação. 

Hoje eu pude conversar com os alunos da minha pós-graduação sobre tristeza, solidão e depressão nesse meio universitário.
Levei o assunto a uma reunião do corpo discente como proposta de pauta para a próxima reunião. Eu falei meio hesitante, achando que o assunto não ia ser bem recebido, que as pessoas iam se fechar, não iriam querer tocar nessa ferida ou acreditariam que esse não era um assunto assim tão importante.
Qual não foi a minha surpresa quando as pessoas não só se mostraram abertas para discutir o assunto, mas também super dispostas e interessadas em realizar algum tipo de ação para atacar esse problema. Na verdade, muitas pessoas admitiram passar por intenso sofrimento com o trabalho acadêmico. Não estamos sozinhos e todos os estudantes precisam saber disso!
Então, a boa notícia é que eu e os alunos interessados em participar do projeto (que podem ser de qualquer pós-graduação e universidade), iremos começar a trabalhar para promover um espaço aberto e seguro para que os estudantes falem sobre suas angústias! Se você quer participar ou conhece alguém que poderia estar interessado em participar da organização e planejamento desse projeto, peça para entrar em contato comigo!

Você quer que eu escreva sobre o quê? 

Quanto mais eu escrevo, mais idéias de textos eu tenho.
No início eu fiquei muito preocupada, achando que antes do primeiro mês de pastagens no Blog acabar, eu já não teria mais o que dizer. Mas não é muito bem por aí. Quanto mais a gente exercita a criatividade, mais ela comparece.
O problema tem sido o tempo para desenvolver textos e temas mais complexos. Há uns três meses eu entrei em um período de muito trabalho e tem sobrado pouco tempo para mim. Ainda estou tentando me adaptar a esse ano a rotina. Assim que eu regularizar os meus horários, vou colocar algumas idéias em prática. Tem algumas coisas cozinhando aqui na minha cabeça. 
E… Pensando em projetos futuros, posso compartilhar uma coisa louca aqui que eu fiquei pensando com você? Então, sabe esses youtubers e bloguerios cheios de seguidores que fazem enquetes para saber que tipo de vídeos ou textos o público quer? Então, se você quiser fazer alguma sugestão, fique à vontade que eu vou fazer de tudo para entregar!
Um adendo: eu já falei com o meu marido sobre algo desse tipo. Tem uma escritora que eu adoro, ela se chamava Anaïs Nin. Ela escrevia contos eróticos sob encomenda! Eu falei com ele: “Ah! Se eu pudesse viver disso! Alguém me pagar para eu escrever literatura sob encomenda!”. Que coisa, não?!
Mas enfim, no caso do blog ou de um canal no youtube, o que acontece é que a pessoa começa produzindo material sobre um determinado tipo de conteúdo e depois o público vai solicitando e/ou selecionando os conteúdos a partir das enquetes, das sugestões diretas ou dos likes. Se a gente quer se expressar tem que se expressar a partir do que a gente sente, claro, mas também é muito legal interagir com as pessoas que estão acompanhando o trabalho.
Por que não trazer isso para cá também?
Quer que eu escreva ou comente algum tema? Me fala nos comentários a qualquer momento!

Sobre nossos corpos e como amá-los. 

Estava experimentando vestidos com duas amigas. Nada muito legal, não. Até que teve um que eu achei que ficou perfeito! Felicidade pura, o vestido não era caro… Até que uma das meninas falou: “Você pode colocar com aqueles shorinhos que comprimem”. “Ou eu posso não colocar com porra nenhuma”, queria eu ter respondido. Mas fiquei quieta e fiz que sim.
Comecei a observar as duas experimentando as roupas que tinham escolhido:
“Esse não ficou muito bom porque eu tenho isso aqui, oh! Esse culote horroroso!”
“E esse aqui? Ficou bom em mim? Não, né? Eu tinha que ser mais alta, sei lá”.
“Ah, gente, esse ficou terrível! Eu tô parecendo um saco de batatas”!
“Ah, eu tinha que ter mais peito para usar isso”.
“Nossa, e essa barriga marcando”?!
Eu poderia continuar escrevendo mais frases autodepreciativas que as mulheres falam a respeito dos próprios corpos.
Eu também tenho meus problemas. Também fui criada nessa nossa cultura doente, não fui? Pois é. 

Há algum tempo eu assumi uma resolução: nunca mais falar mal do meu corpo em voz alta. E tem ido muito bem. Quando eu quero criticar alguma coisa em mim, eu a elogio no lugar de reclamar. Essa simples atitude fez coisas maravilhosas pela minha autoestima.

Coomo eu vou odiar meu corpo? É com ele que eu escrevo, desenho, pinto, danço, beijo, abraço… Não tem como não gostar de algo que só me dá alegrias.
De vez em quando meu nariz fica escorrendo e isso me irrita, é verdade, mas… Nem todo mundo é perfeito!

Comemorações/bebemorações…

Comemorações são geralmente isso aí mesmo: ocasiões em que saímos ou nos reunimos com outras pessoas para comer como forma de festejar um acontecimento. Exceções comuns hoje em dia são as bebemorações: sair para beber como forma de festejar um acontecimento.

Quando eu saio com meus amigos para comemorar algo, geralmente são bebemorações, com a família, comemorações.
Parece que falta criatividade para celebrar as coisas. O problema não é nem comer ou beber, mas sim fazer só isso. 

Por isso foi tão bom ontem ter saído para comemorar um aniversário precedido por um boliche.

Comemorações marcantes e alternativas para mim foram: fazer uma viagem curta, de final de semana; ir ao Kart e depois ir comer (como foi com o boliche); ir à um parque de diversões com os amigos já depois de velhos; fazer uma noite de jogos com petiscos em casa (isso a gente faz sempre aqui em casa, uma vez por mês, praticamente, para juntar os amigos e também em comemorações); fazer um piquenique (o último aniversário comemorado com piquenique que eu fui, foi o da minha professora de poledance e teve direito até ao pole!!!); churrasco com piscina (já estamos começando a focar na comida de novo, está percebendo); bom, essas são as principais variações das quais consigo me lembrar agora.

Teve também, é claro, meu casamento e a lua de mel. Comemorações inesquecíveis!

Tirando isso, é sentar para comer ou beber até dizer chega mesmo. E não tem nada de errado com isso, é bom salientar, mas seria muito bom realmente variar um pouco mais nas comemorações.

Nossa, inclusive sentar para comer ou beber também já firma coisas que me renderam histórias muito loucas. Lembro-me especificamente de duas agora. A primeira foi com comida na casa da minha avó. É assim que comemoramos muitos aniversários na família. Nos reunimos todos na casa da minha avó e comemos o dia inteiro. De vez em quando eu saía depois do almoço para rever os amigos lá do bairro onde ela mora, em Jardim América, um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro. Neste dia especificamente, eu havia comido muito e estava muito quente e eu sai depois do almoço (alerta: a história é nojenta e bizarra). Pois bem, comi, comi, comi e fui andar no sol. Não demorou muito para que eu começasse a passar muito mal. Quando cheguei no portão da casa da minha amiga, não segurei mais e comecei a vomitar no bueiro. Ela ouviu lá de dentro da casa dela e veio ver o que estava acontecendo e eu derrepente ouvi a voz dela “Amiga, o que que está acontecendo”? Bom, fiquei lá na calçada com ela a tarde todo enjoada, vomitando de vez em quando e bochechando com a água da mangueira.  

A segunda história, bom, eu estava na faculdade quando recebi uma bolsa do Instituto Goethe para estudar na Alemanha. Sai da aula e comecei a beber cerveja com os amigos. Devia ser tipo dez ou onze da manhã. De noite eu já estava bêbada, com vontade de continuar bebemorando, contudo, mas o dar do campus que vendia cerveja já estava fechando, era uma terça feira se não me engano. Fui então procurar uma garrafa de vinho nos bares atrás da faculdade. A minha intenção era comprar o vinho e ir beber na praia Vermelha. Quando eu pulo uma mureta para chegar ao bar e grito perguntando ao garçom pelo vinho, eu ouço a voz de um paciente (isso mesmo, um paciente) “Doutora, está procurando vinho, estamos comemorando alguma coisa”? Caralho, eu congelei. Hoje em dia lembro daquele ditado: Merdas Acontecem. 

Maio é o mês do meu aniversário. Vamos ver se penso algo diferente até lá!

Dias especiais.

Hoje é um dia especial. Comemoração do aniversário de alguém que eu amo muito.

Fomos jogar boliche. Fiz um sttike logo de primeira, depois não acertei mais nada! Que jogo trágico! E arriscado. Risco de cair a bola no pé, de machucar os dedos, de deslocar o ombro… Mas ficou todo mundo bem, não se preocupe!

Foi um bom exercício, bem divertido e tinha comida! Uma ótima comemoração!

Quanto a mim, claro que a gente cumpre a meta, mas rapidinho porque estão partindo o bolo!

Fica a dica do boliche! É muito legal!

UM PONTO FORA DA CURVA  

O post de hoje é o relato político, parindo do corpo e da alma de uma mulher que nos fala de experiências e violências muito séries sofrida por milhões de mulheres na atualidade.

Texto extremamente necessário. Que ele nos ajude a refletir e lutar pelas liberdades de todas!

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“Sempre quando questionada, eu digo que não posso comparar minha vivência com a da maioria das mulheres trans no país pois – devido ao meu processo de transição física de gênero ser tardio (iniciado aos 40 anos), pude ter um convívio familiar, concluir o ensino fundamental e médio, estudar e me graduar em uma das melhores Universidades do país, pós graduar em instituição privada reconhecida e me inserir no mercado de trabalho formal, sendo hoje uma profissional bem sucedida.


De acordo com a Ong Transgender Europe, o Brasil é o país onde mais se mata pessoas trans no mundo, no qual aproximadamente 90% das mulheres trans vivem em situação de vulnerabilidade socioeconômica e estão jogadas na prostituição, quase sempre único recurso para poderem sobreviver, pois o mercado de trabalho formal – via de regra, lhes fecha as portas e quem deveria acolher e proteger – a família, costuma ser o primeiro lugar onde as violências se iniciam e, em boa parte das vezes, culmina com expulsão de casa. Sem suporte familiar, a mulher trans dificilmente terá condições de estudar (ambiente escolar é muito hostil), tampouco chegar à Universidade (ambiente não muito amistoso também). Abandonada pela família, sem estudos nem formação acadêmica e levando muita porta na cara do mercado de trabalho, só lhes resta a prostituição, onde são alvo de vários tipos de violências, desde agressões e escárnios verbais até assassinato.


Por ter formação acadêmica e ser uma profissional bem sucedida, sou considerada uma exceção. Claro que não estou imune à tratamento transfóbico, porém – esse tratamento sempre vem de pessoas de meus círculos sociais; até o momento, não tenho registro de transfobia pesada partindo de desconhecidos, salvo um ou outro deboche quando estou de cabelo curto, ocorrência inclusive relatada por amigas e conhecidas mulheres cisgêneras”.
Alexia é graduada em Biblioteconomia pela Universidade Estadual Paulista – Unesp, campus de Marília, Pós-Graduada em Gestão de Marketing pelo Senac-SP, atualmente Bibliotecária Chefe de um Centro Educacional Tecnológico Federal no estado do Rio de Janeiro e transexual.