Tudo isso vai passar. 

Eu sei que pode parecer como se tudo estivesse perdido neste momento. Mas você sabe que eu sempre estarei aqui para você.
Sim, eu sei que dói muito. Eu também já tive essa sensação de que essa ferida jamais iria cicatrizar. Mas, assim como eu encontrei, você também vai encontrar a sua felicidade. Você merece. Você vai ser mais feliz do que você jamais imaginou que seria possível. Essa dor é necessária para que você se torne mais forte e melhor do que você era antes.

Empatia tem limite.

Eu a vejo como uma pessoa boa. Sua empatia não tem precedentes. Dar a outra face? Ela vai além da exortação de Cristo. Ele pede desculpas por ter te provocado a bater nela e aí então oferece a outra face para que você se sinta melhor. Para que possa puní-la por ela ter feito por onde merecer punição em primeiro lugar. Porque ela entende a sua raiva e não quer ser mais um motivo de desgosto e irritação para você.
Quando a mãe bate, ela lembra da infância dura que ela teve; quando o marido trai, ela pensa que também ela não é lá uma esposa tão perfeita assim; quando o irmão ignora, ela lembra que roubava os bonecos dele quando eram crianças para que se casassem com suas barbies.
Mas ela sofre, viu? Como sofre. Por isso não me espanto dessa faca na mão, esse sangue nos olhos. Quem você acha que uma pessoa nessa situação mata primeiro? A si mesmo ou aos outros? Se você estivesse lá, se você tivesse visto, eu aposto que teria feito exatamente a mesma coisa.

Trogloditas machistas brasileiros na copa. 

Não sou hipócrita.
Quando eu viajei para a Alemanha para fazer um intercâmbio de estudo de língua estrangeira, fiquei hospedada no alojamento do Instituto Goethe com jovens de todos os lugares do mundo: russos, gregos, mexicanos, chineses, árabes e por aí vai.
Todos jovens curiosos, cheios de energia, reunidos em um país estrangeiro, sem supervisão, por conta própria, em alguns casos, pela primeira vez na vida, dominados por um grande desejo de aproveitar a vida e fazer muita sacanagem.
Você acha que não me pediram para sambar? Que não pediram para o rapaz indiano falar sobre sexo e o kama sutra? Que não perguntaram para a menina chinesa como se falava todo tipo de indecência em chinês? Óbvio que todas essas coisas aconteceram.
O que se passou com a menina russa e os trogloditas machistas brasileiros não foi isso. Não eram jovens curiosos aproveitando a vida e a própria sexualidade com uma misteriosa estrangeira. Eram idiotas gravando um vídeo com um tom humilhante de uma menina que parecia não saber muito bem o que estava acontecendo.
Sinceramente, quando ouvi falar sobre o conteúdo do vídeo, fiquei na dúvida se era de fato um caso de machismo ou não. O que me contaram foi: “rapazes brasileiros fizeram a menina russa repetir palavrões em português”. Eu pensei: “bom, quando eu viajei para a Alemanha fiz à beça e não teve nada de mais, pelo contrário, pedi que me ensinassem essas indecências. Foi engraçado”.
Foi apenas quando eu vi o vídeo que eu entendi o caso e o porquê da situação ser absurda.
O vídeo tem, de fato, um tom de exposição e humilhação da garota, além do fato dela parecer não entender a dimensão do que está acontecendo. No vídeo, eles dão a entender que estão fazendo um comentário sobre as partes íntimas daquela mulher especificamente; sugerindo que tinham tido algum tipo de contato sexual com ela, e estão dizendo para o mundo “peguei! Essa eu comi”. Coisa que, independentemente de ser verdade (acredito que não era), não seria motivo de vanglória para os babacas. A mulher não tem ali protagonismo nenhum da sua (suposta) experiência sexual com os caras. Ela é um troféu que, assim que é conquistado, perde seu valor. E, sinceramente, não tendo acontecido o ato sexual, eles não estão nem mesmo lidando igual babacas com algo que efetivamente aconteceu, eles estão simplesmente alardeando uma visão machista que tem o único e exclusivo propósito de rebaixar a mulher. Sim. Esse é o ponto principal. O efeito do machismo é que a mulher vale menos em situações de conotação sexual. O homem, na mesmo posição, tende a ser exaltado, a mulher é humilhada.
Ainda digo mais! Esses caras estão mais preocupados em humilhar a garota e fingirem que pegaram, do que em efetivamente desenrolar com ela e buscar a relação e o prazer sexual. Para eles é mais prazeroso e vale a pena se esforçar por uma oportunidade de aparecer para o mundo tratando-a como objeto do que transar com a menina. Isso é pura misoginia.
E fica a lição: meramente sugerir que a mulher teve algum tipo de contato sexual, na sociedade patriarcal, é diminuí-la. Esse episódio reforça essa visão.

Com o Neymar, cai também a nossa confiança. 

Que agonia o Neymar se jogando!
A Copa do Mundo torna realmente bastante evidente essa mentalidade que a gente tem a respeito do povo brasileiro: se fode o tempo todo, mas não desiste e dá a volta por cima aos quarenta e cinco do segundo tempo. Muto ruim isso. Faz a gente se acostumar com a idéia de que o caminho tem que ser doloroso mesmo, que o trabalho tem que ser difícil, que tudo tem que ser muito compilado.
Se levarmos o paralelo com a seleção brasileira adiante, a situação fica mais feia ainda: ah, uma hora vai cavar um pênalti ou vamos nos jogar até enganar o juiz. Não podemos achar que isso é modelo para como devemos agir na vida.
Não é pela prática do esporte em si. Não confunda as coisas. Praticar esportes é algo fenomenal. É da seleção brasileira especificamente que eu estou falando e da mensagem que os jogadores estão passando (que é articulada pela voz dos jornalistas da globo cobrindo o evento).
Está meio vergonhosa a situação.
Pelo menos no jogo de hoje, contra a Costa Rica, não foram as artimanhas que ganharam, mas a perseverança mesmo. Temos que perseverar sim, sempre. Mas a vida não tem que ser difícil. Sabe por que está difícil para a seleção? Não porque a gente é brasileiro e a vida é assim para a gente mesmo, mas porque o time está jogando mal! Se tivesse jogando bem estava mais fácil. Então a mensagem é: persevere sempre, faça o seu melhor e torne as coisas mais fáceis ao seu redor. Confie em si mesmo e confie que você pode melhorar sempre. 

Nono mesversário. 

Olha só que situação!
Passou o dia treze e eu nem me dei conta de que havia chegado o nono mesversário do blog!
Nove meses cumprindo a meta de escrever e publicar todos os dias.
Nem todos os dias foram fáceis, mas está sendo uma experiência maravilhosa.
Enfrentar a ansiedade em relação à escrita e à divulgação do que eu escrevo já por um longo período (sendo esta questão da publicação ainda mais ansiogênica do que o processo de escrita em si, que também não é fácil).
No início, até os quatro ou cinco meses, eu ainda me sentia insegura e temia falhar em algum momento, deixar de publicar em algum dia. Atualmente eu já venci esse medo. Eu sei que se eu falhar a partir de agora não vai ser por ansiedade ou evitação, mas por mero acaso. Se eu for assaltada, por exemplo, se estiver na rua de noite, ainda não tiver publicado e não conseguir chegar em casa a tempo, antes de meia noite. Ufa… Vamos torcer então para isso não acontecer!
Enquanto eu procrastinei, e enrolei e evitei enfrentar minha ansiedade, ela não foi embora. Eu só consegui superar essa ansiedade específica com a escrita quando eu a enfrentei todos os dias por mais ou menos 180 dias. É difícil. Exige esforço. Mas o resultado é muito maravilhoso. Eu ainda sofro com ansiedade. Mas, antes, se eu tivesse que dar uma nota para a ansiedade que eu sentia, de um modo geral, eu daria 7. Atualmente, eu dou 4. Já é uma grande diferença! E eu não fiz esse esforço em todas as áreas da minha vida. Ainda tenho muitas ansiedades para enfrentar.
Mas eu vou chegar lá!

Minha tristeza ordinária. 

Hoje eu não postaria.
Sem vontade nenhuma de escrever.
Triste e abatida.
Ainda assim, eu percebo que no fundo, no fundo, o que eu mais queria era escrever.
Escrever um texto foda, sabe.
Daqueles textos bem doídos.
Doídos mesmo.
Que tem uma beleza poética indescritível, uma profundidade impressionante, e transmitem uma angustiada melancolia. Como poema de Baudelaire ou um conto do Poe.
Pois é.
Queria que a minha tristeza tivesse esse poder.
Mas quando eu fico muito triste e sinto vontade de escrever para expressar essa dor, vem essa ânsia de querer escrever um texto foda e aí eu me sinto oprimida e pressionada e perco totalmente a vontade de escrever.
Complicado, não é?
Não sei o que fazer com isso ainda. Essa prática diária de escrita me força a vencer muitas barreiras. Mas para produzir uma obra literária de fato, eu ainda preciso vencer muitas barreiras mais. Uma delas é essa: a dificuldade de escrever sobre experiências muito negativamente carregadas que ainda me afetam no momento presente (catástrofes do passado eu já consigo narrar).
Mas infelizmente não é hoje que nasce minha grande obra. Por hoje é só tristeza. Feia, sem graça e ordinária.