As palavras de hoje são roubadas das conversas fenomenais que nós temos na vida cotidiana.
Eis como o diálogo transcorreu:
– Você viu aquele cartaz que tem ali?
– Não.
– Um absurdo isso. Você já ouviu falar em X (não me lembro nenhum dos nomes que ele mencionou).
– Fala o que é só para eu ter certeza de que não sei.
– Hm… sabe Y?
– Definitivamente não.
– E Z?
– Nunca ouvi falar.
– Enfim, é uma ideologia babaca, bizarra de direita! Eu não sei como tem um cartaz disso aqui.
– É… Estamos vivendo um momento estranho… Deixa eu te perguntar, você já fez a apresentação do seu texto?
– Não. Eu tive que faltar. Tive que resolver umas questões no banco que requeriam o CPF do meu pai, só que ele andou morrendo ultimamente.
– Oi? Quê?! Seu pai morreu recentemente?
– Sim. Há dois meses.
– Sinto muito…
– Ok. A vida é assim, a gente não sabe se vai estar vivo amanhã. Tem que relaxar mesmo. O meu pai se preocupou demais a vida inteira e não cuidou do que realmente importava. Ele só pensava em dinheiro. Por isso que quando eu já estava muito velho para ficar em casa sendo sustentado e a minha família começou a reclamar eu vim fazer filosofia.
– Para ficar rico, não é?
– Exatamente. Eu só quero ter dinheiro suficiente para poder largar isso tudo aqui e montar um movimento de luta com os índios da região Centro-Oeste. E mais nada.
– Muito bom esse seu propósito.
– Só quero isso mesmo e mais nada.
– Entendi. Legal. Pois é. Eu te perguntei se você tinha feito a sua apresentação porque a minha é hoje e eu estou tensa para caralho, apesar de eu ter entrado nessa também ultimamente de pegar mais leve com as coisas e entender que o que quer aconteça, vai ficar tudo bem.
– Que isso! Não fica tensa não. Vai entrar nessa por qual motivo? O máximo que a gente pode esperar da vida é mediocridade e insignificância mesmo. Então você vai se estressar? Para quê?! O sucesso, dentro da academia, é se tornar um super especialista em ideias das quais você discorda! É até melhor fracassar mesmo. E ainda tem sabe o quê? A academia gosta disso aí que você está falando. A academia goza em manter os alunos ociosos e ansiosos. Eles não querem que você trabalhe porque, se não, o seu estudo não vai ser de qualidade, e eles exigem tanto de você, porra, você acaba quebrando! Tudo para quê? Para supostamente alcançar o sucesso, que, não se engane, vai ser sempre insuficiente e tendencioso.
– Poxa, valeu. Fiquei de boas agora. Estou tranquila. Vamos lá.
– Claro.
Um comentário em “Conversas universitárias. Ou: sobre o sucesso na academia.”