Adeus ao adeus.

Como fazemos para nos despedir?
Dizemos tchau, adeus, até mais ver.
Não.
Jamais vou conseguir me despedir.
Já disse tchau, adeus, até mais ver.
As lágrimas vão caindo e caindo.
O soluço vai aumentando, aumentando.
A sensação é de morte. Eu tô morrendo um pouquinho, você está morrendo.
Do que morre não dá para se despedir.
Essa despedida derradeira vai sempre ficar engasgada na garganta de toda a humanidade.
A gente não engole a morte.
Nem diz tchau, adeus, até mais ver.
As palavras são roubadas pelo susto.
A morte é sempre um susto.
O maior de todos os sustos.
Mesmo quando ela é anunciada, quando sabemos que ela está dobrando a esquina; ela bate na porta de casa, nós pulamos de susto.
Daquele susto que nos deixa brancos, com os cabelos em pé, a alma tremendo, encolhida atrás da carcaça inútil da qual se retira.
Sem poder dizer tchau, adeus, até mais ver, a gente absorve.
Frente à totalidade da morte a gente absorve.
Absorve a essência do que se iria, mas não vai. Nunca. Vai ficar aqui. Para sempre. Dentro de mim.
Não vou largar, nem abrir mão.
Sua moradia não é mais a tua carne, mas eu te ofereço o meu coração e a minha alma inteira.
Fica aqui que está quentinho. Eu vou pegar um vinho para a gente. Senta que eu já trago uns queijos e um docinho.
Você pode ficar aqui para sempre.

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