Sobre a reta final e agradecimentos. 

Quanto mais eu me aproximo do tricentésimo sexagésimo quinto texto, quanto mais perto do um ano de publicações diárias eu chego, mais eu sinto que tenho a dizer e a escrever. Novas idéias, novos projetos.
Eu ainda tenho muitas pessoas especiais a agradecer pelo apoio e carinho ao longo do projeto.
Hoje eu gostaria de mencionar essas pessoas.
Primeiro ao meu fantástico marido. Neste exato momento eu estou aqui em pé na porta da cozinha escrevendo enquanto ele termina o preparo do jantar. Sem esse apoio, ajuda e compreensão muitos destes textos não teriam sido possíveis.
Minha mãe, que leu TODOS os textos que eu escrevi. Revisou, comentou, sugeriu temas e, principalmente, me encorajou desde o início.
Minha sogra também acompanhou tudo muito de perto, sempre lendo e comentando. Muito obrigada pela dedicação. Todos os comentários foram muito importantes para mim.
Meus amigos queridos que sempre me animam quando a coisa aperta e que sempre oferecem apoio e incentivo. Alguns amigos em especial, Natalia, Rodrigo e Juliana participaram mais afundo nessa aventura. A gente ainda vai produzir literatura junto!
Minha Coach de escrita, Eliana, também foi muto importante nesse processo. Me mostrou a importância do comprometimento com a escrita e abriu meus horizontes. Me apontou numa direção que foi muito frutífera para mim. Sei que estamos afastadas, mas sinto que ainda temos mais histórias para viver.
Obrigada também a todos os que acompanham o trabalho. Muitas vezes, para mim, vocês são números nas estatísticas do blog, mas eu nunca nunca nunca esqueço que cada numerozinho é um leitor e eu quero que você saiba que você faz parte da minha vida. Você está presente a cada momento do meu processo. É uma relação intensa para mim. Eu tenho conversas e mais conversas imaginárias com você, leitor, nas quais me emociono, agradeço elogio, choro com as críticas e defendo minhas idéias. Sem você esse trabalho teria muito menos sentido e seria bem menos divertido e desafiador.
Eu sei que este texto está com cara de despedida, mas não é disso que se trata. No entanto, este é sim o encerramento de um ciclo.
Estamos na reta final desta temporada (espero que não de uma temporada como as de Lost – que começa bem e termina chata e sem sentido e sim de uma série boa como Breaking Bad), mas estamos longe do fim da série.

Aniversário de onze meses do Blog.

Cumprimos onze meses da meta. Podemos começar a contagem regressiva.
Acho que atualmente eu já posso falar alguma coisa sobre o alcance de metas.
Nem sempre é fácil. Então a primeira coisa é alinhar a sua meta com o que você realmente valoriza e deseja para a sua vida. Metas que vão contra seus valores ou que não dão vazão aos seus verdadeiros desejos não vão sair do papel. É necessário empenho, dedicação e, algumas vezes, abrir mão de algumas coisas em prol do cumprimento da meta. Se você estiver insatisfeito com o que você está perseguindo, vai ter problemas e pode fracassar no seu objetivo.

Antes de definir sua meta pense:

1- O que eu quero para o meu futuro?
2- Como esta meta vai me deixar mais próxima deste objetivo?
3- Ela vi contra algum dos meus princípios?
4- Do que eu vou ter que abrir mão para cumprir esta meta?

Se a resposta para alguma dessas perguntas não te agradar, reformule a meta.
Para mim, a meta de escrever todo dia faz muito sentido. Eu gosto de escrever. Muito. Queira fazer algo que me fizesse aprimorar esta habilidade e que me fizesse me considerar escritora. Isso é algo importante para mim, que eu valorizo. Escrever todo dia era o que eu achava que precisava para poder me olhar desta maneira. A escrita fez parte e é muito presente na minha vida até hoje. E eu não me imagino sem isso no futuro. Então você pode ver como eu me dedico a este objetivo com muito amor e determinação. Nem todo dia é fácil (na maioria deles é difícil), mas a recompensa é enorme. No meu cálculo, vale muito a pena o sacrifício. Quando eu começo a escrever, quando eu vejo um texto rascunhado, quando ele fica pronto. Aprecio todas as partes do processo. É por isso que esta meta eu consigo cumprir.
Mais um mês e vou completar um ano de textos diários. Está na hora de começar a fazer um balanço desta empreitada e de pensar no futuro.
Todas as metas são assim. Depois de cumpridas, temos que fazer um balanço do que alcançamos e de programar os próximos passos.

Psicologia positiva e Coaching: sobre a dificuldade de estabelecer e alcançar metas. 

Como é esse negócio de cumprir metas? Este é um assunto extremamente atual. Todo mundo tem uma meta, seja de malhar três vezes por semana… Melhorar a alimentação… Fazer aquela faculdade ou pós-graduação… Comprar um carro ou apartamento…. E as pessoas estão falhando em cumprir suas metas.
Eu fiz formação em Psicologia Positiva aplicada ao Coaching e atualmente, uma parte importante do meu trabalho no consultório, é o de ajudar as pessoas a estabelecer e alcançar suas metas.
Mas percebemos que trabalhar com metas não é tão fácil assim para muitas pessoas. Nesse texto é justamente essa dificuldade que eu quero abordar.
Por que as pessoas têm tantas dificuldades nesse processo? Alguns dos principais fatores que interferem no alcance das metas são:

1- Mudar os planos no meio do caminho: ao estabelecer uma meta, temos que evitar mudar de idéia é ir até o final. Quando mudamos de idéia muitas vezes não vamos conseguir cumprir a meta, pois nuca vamos investir nela por tempo suficiente. Mas, se você é como eu e não consegue fazer uma coisa só de cada vez, não tem problema. Você pode acumular metas, isso não é a mesma coisa que mudar de meta e abandonar um caminho pela metade.

2- Investir em metas que vão contra seus valores, princípios, propósito: não rola mudar a meta o tempo inteiro, você não vai chegar a lugar nenhum, mas se você escolheu uma meta que está te fazendo miserável, abandone-a, pelo amor de Deus!!! Sem culpa, sem remorso!!! Parte para outra porque essa meta que te traz majoritariamente emoções negativas, vai sugar toda a sua energia e a sua vontade de viver. Então, se este for o caso, desiste. Ok?

3- Reorganize a sua vida levando a meta em consideração: não vai dar certo perseguir uma meta, por exemplo, de ficar mais tempo com a sua família, se você não terminar aquela pós-graduação primeiro. Ou seja, ou seus recursos de tempo e dinheiro são limitados, portanto, seu planejamento de metas deve levar a sua disponibilidade de recursos em consideração. Eu público no Blog todos os dias e estou investindo no meu trabalho no consultório e como professora de pós-graduação. Quero me destacar no trabalho. Essas metas na área de lazer e ocupacional (trabalho e estudo) tomam atualmente grande parte dos meus recursos. Ano que vem, eu vou focar em outras duas áreas da vida. (Só para matar a curiosidade, as áreas básicas da vida são seis: ocupacional, patrimonial, lazer, saúde, espiritualidade, afetivo-emocional). Mas não dá para focar em tudo ao mesmo tempo. Não tem recurso para isso.

4- Falta de motivação: perseguir metas exige sacrifícios e dedicação. Se você não está tão motivado assim, vai ser difícil manter o pique. Então, saber claramente o que você vai ganhar ao atingir a meta e se sentir extremamente atraído por esse resultado é fundamental. Eu quero muito, muito, muito ser reconhecida na minha área, isso me dá forças para passar por mestrado, doutorado, pós-graduação, várias monografias etc. Porque eu acredito que ser reconhecido na própria área começa com competência (e depois passa por um bom marketing pessoal, não há como negar isso). Não é fácil. Mas o que eu vou alcançar é uma das coisas mais importantes do mundo para mim. Por isso eu vou seguindo (às vezes com a força do ódio, é verdade, mas, na maioria das vezes, com imensa alegria).

Ache sua motivação, avalie seus valores e veja se suas metas estão de acordo com eles, distribua seus recursos, organize sua agenda, assim você vai aumentar significativamente a chance de obter sucesso para com suas metas!!!

Rotina: um mal necessário. 

Rotina é uma coisa engraçada… Ruim com ela, pior sem ela.
A minha “rotina” é muito louca. Com o consultório e as aulas, cada dia estou em um lugar diferente. Nos dias em que acordo com mais sono eu fico desnorteada, do tipo: “que dia é hoje? Para onde eu tenho que ir? Hoje é Tijuca, Vila Isabel, Botafogo, Ipanema, Barra? Consultório ou aula?” maior loucura. Fora o medo de ter esquecido de anotar algum compromisso na agenda e acabar esquecendo de cumprir alguma obrigação.
Às vezes eu fico sonhando com um emprego de escritório, todo dia, de nove às seis… Tradicionalzão… Sabe? Eu sei que seria uma merda. Eu ia começar a me sentir sufocada em menos de um mês. Prefiro a minha bagunça mesmo no fim das contas, o que não quer dizer que essa ausência de rotina seja completamente positiva. Eu ando bastante, estou sempre na rua vendo gente e tomando cafés diferentes. Por outro lado, eu gasto muito tempo me deslocando de um lado para o outro e fica difícil fazer programações de médio e longo prazo.
A gente precisa mesmo na vida de uma certa estrutura e organização. Acho que por isso mesmo eu prezo e busco sempre ter atividades extras em horários fixos, ter metas diárias. Tudo isso ajuda a criar uma rotina mínima que é muito boa para a saúde mental.

Ainda bem que não somos mais crianças. Os psicólogos do desenvolvimento vêm dizendo que a rotina é essencial para o bom desenvolvimento da criança. Dá para entender o porquê. Sua ausência afeta até os adultos, imagina o que não faz com os pequenos!

Meu marido acha que esse é uma fase que estamos vivendo. Essa vida de doutorando que trabalha de maneira autônoma. Quem sabe? O importante é que a gente tem que arranjar um jeito de não sofrer ou de sofrer menos com isso enquanto não dá para mudar. E criar, nas brechas que existem, os pilares dessa vida louca.

Meu Blog me sabota. 

Eu estou muito irritada hoje! Pensei em escrever sobre um tema a respeito do qual eu já escrevi antes. Fui dar uma olhada no Blog para reler o tal texto. Mas, o próprio Blog está sendo o principal sabotador da minha meta de escrever no Blog todo dia!
Ele está pulando meses inteiros de textos publicados. Ele me mostra um texto de vinte e dois de fevereiro e o próximo da lista é de dezenove de dezembro! E cada vez que eu atualizo ele troca os textos nas não mostra a lista correta.
Esses sabotadores são complicados, por se tratarem de sabotadores externos. Eu posso fazer tudo que está ao meu alcance e ainda assim não conseguir resolver o problema, pois é uma questão do sistema deles.
Eu tenho como contornar está situação mesmo ela estando fora do meu controle (além de mandar email para lá, entrar em contato com suporte técnico etc)? Se eu realmente precisasse escrever sobre esse tema no qual havia pensado, eu conseguiria?
Sim!!!
Bom, isto não é o fim do mundo porque eu tenho salvos todos os textos que eu já escrevi até hoje. Uma parte no computador e outra no celular.
Talvez eu estivesse na rua até depois de meia noite e não conseguisse publicar sobre o tal tema hoje se o texto que eu precisava consultar estivesse salvo apenas no computador (este não é o caso e o tema do texto de hoje já mudou de qualquer forma). Mas uma hora eu teria acesso a todos os meus texto (e, com essa precaução, eu não corro o risco de, ao final de um ano, não ter os 365 textos registrados e acessíveis para me proporcionar a satisfação de ter cumprido a meta).
Sabotadores externos (aqueles que estão fora do nosso controle) são chatos e irritantes. A discussão sobre eles é bastante delicada e polêmica.
A única coisa que me arrisco a afirmar, por enquanto, é que nós nos fazemos um favor se nos esforçarmos para enxergar as adversidades como estando dentro do nosso controle, porque o que está dentro do nosso controle a gente pode controlar (lógica infalível, certo?) e isso é bom. Coisas que a gente controla a gente pode mudar para melhor. O que está fora do nosso controle ou a gente não muda, ou temos que arrumar um jeito de meramente contornar a situação.
Ainda bem que esta sabotagem do Blog já está contornada pelo meu cuidado em armazenar os textos.

O post do dia primeiro. 

Fazer a série dos pés foi divertido. Eu ainda estou digerindo a experiência inclusive.
Como este Blog é, acima de tudo, um lugar de experimentação, já estou pensando nos projetos que vão povoá-lo em 2018.
Viramos o ano…
Lá em setembro de 2017 eu não me imaginava no finalzinho do dia primeiro de janeiro de 2018 escrevendo mais um post no Blog, rumo aos quatro meses de publicações diárias. O hábito de escrita está criado.
Já estou pensando nos próximos hábitos que eu quero desenvolver neste novo ano. Pensei em algumas coisas…
1- Continuar escrevendo todos os dias, pelo menos até o dia 13 de setembro, como eu havia estabelecido. Depois eu decido se continuo escrevendo diariamente no Blog ou não. Estou bem confiante de que vou conseguir cumprir este objetivo. A esta altura do campeonato, só algum imprevisto infeliz vai me impedir (como ser assaltada de noite sem ter postado ainda e não conseguir chegar em casa a tempo de escrever e postar o texto antes do dia virar, mas vamos torcer para que isso não aconteça).
2- Ler, pelo menos, duas páginas todo dia. Eu amo ler, mas eu não tenho o hábito da leitura. De vez em quando eu sou dominada pela vontade de ler e acabo um livro em um ou dois dias, outras vezes eu passo uma semana sem ler. Essa é uma coisa que eu gostaria de mexer, sabe? Uma experimentação. Eu não tenho muitos comportamentos habituais ou rotineiros (não conscientemente, pelo menos) e estou querendo desenvolver alguns. Um ótimo é este: ler, pelo menos duas páginas todos os dias. Podem ser mais de duas claro, mas não menos. Não vou colocar nenhuma condição ou restrição: qualquer tema ou área (literária ou acadêmica), qualquer hora, qualquer formato (digital ou impresso etc.).
3- Continuar com a minha rotina de exercícios e incrementá-la. Eu fiz poledance e dança do ventre, cada dança uma vez por semana, o ano passado quase inteiro. Esse ano eu vou continuar com o poledance, mas eu não estou muito satisfeita com o local onde eu estava fazendo dança do ventre, então talvez eu mude esta atividade. Estou pensando em substituí-la pela natação por enquanto. O meu objetivo é fazer exercícios três vezes por semana.
Essas as áreas que eu vou mexer primeiro, pois são acho que elas são meio basais na minha vida. Elas têm grande influência na maneira como eu me sinto em relação a mim mesma.
Já tem outras coisas que eu estou avaliando também. Mas falamos disso mais para frente.
Até porque a minha preocupação em relação às metas e o meu comprometimento com elas não tem nada a ver com o ano novo. O ano novo é sim um bom marco para começar novas atividades ou abandonar hábitos ruins, mas é só uma data simbólica, nada mais. Eu posso colocar as minhas metas em prática a qualquer momento.
A leitura das duas páginas, por exemplo, era uma meta de ano novo, mas eu fiquei empolgada e comecei logo dia 31 de dezembro de 2017!
Como eu falei, metas exigem planejamento. Eu já vinha pensando nesses três objetivos que eu descrevi nesse post há um tempo.
Quando eu decidi colocar a meta do blog em prática, por exemplo, eu já havia me reaproximado da escrita um ano antes.
Quanto a leitura, eu fiz várias experimentações e consultas antes de tomar uma decisão. Eu cronometrei o tempo que eu levo para ler uma página de um livro de literatura e uma página de um livro acadêmico (cheguei a uma média: dois minutos e dez segundos para ler uma página de livro acadêmico e um minuto e meio para um livro de literatura). Comecei a observar qual era meu momento preferido para ler (que é na cama de noite ou em algum café). Pedi opinião para meu marido e uns amigos sobre quanto eles achavam que era razoável ler por dia. Enfim. Fiquei uns três meses experimentando e me decidi pelo esquema que eu já expliquei de duas paginazinhas até porque, eu já falei isso em outros textos, é melhor começar pequeno e ser bem sucedido do que grande e falhar. Quando eu achar que dá para aumentar o número se páginas, farei isso.
Enfim, 2018 começou muito bem, mas eu não sou supersticiosa então isso não quer dizer muita coisa. Apenas que hoje foi um bom dia, e eu sou gata por isso, e que temos muito trabalho pela frente para que possamos construir mais bons dias como esse!

E você está precisando do que para ter mais bons dias? 

“Por onde andam meus pés”? Dia 7.

Bem assim, um pé dentro e um fora de casa. Simbólico do modo como eu passei meu dia.
Esse clima de fim de ano…
Eu tenho um amigo que disse que começa a sentir os ares mudando no início de dezembro. Eu só sinto isso agora, entre o Natal e o Ano Novo. Ainda bem. Porque eu acho esse clima um saco.
Por um lado a empolgação com o ano que começa, por outro a vontade de ficar de bobeira o dia todo, um pé no ano novo e um no ano velho.
Parece que fica tudo em suspenso. Como quando você espera o fim de semana acabar para começar uma dieta na segunda feira.
Eu tenho pensado nas minhas metas para o ano que vem.
Já tenho alguns planos esboçados, alguns desejos. Nada ainda muito decisivo.
Estabelecer metas não é algo leviano. Quando estabelecemos metas sem responsabilidade e determinação, acabamos não conseguindo cumprí-las e ficamos desmotivados.
Ao estabelecer metas devemos ter cuidado para manter o equilíbrio em nossa vida e para não irmos contra os nossos valores.
Não podemos estabelecer metas sem um período de reflexão antes, mas depois de estabelecida a meta, temos que estar com os dois pés dentro.

Então imagine o seguinte: imagine que você está em um campo minado. Há um caminho marcado nesse campo por onde dizem que é seguro atravessar. Mas, quem sabe? Você não tem certeza dessa informação. O que faria você atravessar esse campo?

Normalmente esse tipo de experimento mostra as áreas da sua vida que você mais valoriza. E dá muito certo estabelecer metas para essas áreas da vida.
O problema é que geralmente adotamos metas externas, sociais, e acabamos frustrados e se força de vontade para continuar buscando a sua realização.
Você por acaso viu do outro lado do campo minado você mesma, saradona, em roupa de banho? Não? Talvez emagrecer seja para você uma meta socialmente imposta. Confie em mim. Torne-se uma pessoa mais satisfeita com a sua vida e o seu corpo em primeiro lugar. E depois emagrecer vai ser mais fácil SE isso ainda for uma questão para você.
Assuma o compromisso de perseguir as suas próprias metas no ano que vem e seja mais feliz em 2018! Os dois pés dentro!

A intenção da “pintura” de ontem.

Ontem eu fiz um texto psicodélico (não estou mentindo, veja aqui), coisa que eu não costumo fazer.
Quando eu leio narrativas das quais eu não consiga retirar um sentido explícito (algo que faça sentido para mim, não falo nada da intuição do autor), eu fico desconfortável. Sinceramente, prefiro narrativas racionais.

Por isso mesmo acho que o exercício de ontem foi bom e talvez eu faça mais dele no futuro.
Por enquanto eu vou ser indulgente com as minhas necessidades racionalistas e vou discorrer sobre o sentimento que me dominou ontem.

A filha de uma amiga minha de infância adoeceu e, apesar de eu não ter falado com esta amiga nos últimos dias, fiquei apreensiva, torcendo pela saúde da menina e pensando na barra que minha amiga devia estar passando.
Foi quando me dei conta do quanto a gente cresceu.

A gente: a galera que ficava no meu portão comendo brigadeiro caseiro da mesma colher e dividindo uma garrafa Pet de água.

E a gente cresceu muito.

Cresceu e nossos universos sedimentaram de um modo que, ontem, me pareceu total e indestrutível.

Na infância e na adolescência, eu experimentei um milhão de atividades diferentes: dança, luta, língua japonesa, canto e por aí vai. Todas as carreiras e estilos de vida possíveis estavam ao meu dispor.

Conforme eu fui envelhecendo, conforme todos nós fomos envelhecendo, fomos fazendo escolhas aparentemente mais marcantes e duradouras. Fomos deixando de enxergar caminhos possíveis onde antes víamos algo que estava ao alcance da mão.

Acho que ontem, pensando na situação da minha amiga com a filha doente (que já melhorou e está toda serelepe novamente), eu olhei para as nossas vidas, a minha e a dela e de todos nós que crescemos juntos nas últimas décadas e perdi a esperança de que um mínimo dessa liberdade aguada que a gente prova no dia a dia fosse sobreviver ao peso das escolhas que fomos fazendo e das portas que fomos fechando. Como se outras vidas já não fossem possíveis (ou como se achássemos mesmo impossível desejarmos outras coisas).

A salvação foi que eu me lembrei de uma pergunta escrota que fizeram para um colega meu há uns dois anos atrás. Disseram: “Vem cá, o que há para se esperar da vida depois dos trinta além da morte”?

A resposta dele foi digna de um sábio oriental. Ele, com uma extrema sensibilidade, se lembrou das próprias angústias dos vinte e poucos anos, quando ele mesmo achava que era isso aí mesmo que a vida ia ser para sempre. A revelação foi que ele sentiu tudo mudar depois dos trinta. Ele sentiu um ânimo novo e impetuoso. Sentia que a vida estava só começando e que tudo era possível novamente.
Eu acrescentaria ainda, depois de parar para refletir sobre a resposta dele e observar as gerações anteriores a minha, que a vida recomeça a cada nova década.

Passamos por pequenas renovações anuais, mas o que me parece é que as pessoas, ao adentrarem uma nova década de vida, são sempre tomadas por um novo fôlego, um novo olhar para o futuro. E aquela liberdade pálida ganha corpo e se torna um universo de possibilidades tão rico quanto aquele que vislumbramos embasbacados éramos adolescentes.
A diferença é que, quando a gente envelhece, a gente tem talvez ainda mais meios de escolher seguir um desses caminhos que nos der na telha.

O único vilão que temos que combater é a nossa própria prisão mental que nos diz que o mundo aberto da juventude ficou para trás e que estamos presos às escolhas que fizemos pelas responsabilidades que adquirimos ao longo da vida.

Não falo de jogar tudo para o alto irresponsavelmente. Falo de acreditar em si mesmo, avaliar nossos recursos e possibilidades e nunca se deixar convencer de que “é isso aí mesmo e a vida nunca vai ser mais do que isso”.

Tenho o pé no chão ainda que esteja defendendo este discurso de esperança de que tudo vai ficar bem no final. Esse discurso não pode mais ser feito sem pensarmos nos preconceitos: machismo, racismo, LGBTfobia e todos os outros preconceitos que oprimem e matam pelo país afora. Existem posições desfavorecidas na nossa sociedade que dificultam em muito a busca de novos caminhos e alternativas. Dificultam verdadeiramente, sem espaço para o blá blá blá ridículo do “se se esforçar consegue”. Ainda assim, afirmo que há esperança. Esperança que muitas pessoas vão encontrar na luta por melhores condições de vida, igualdade, dignidade; esperança numa revolução. Estes são os agentes da mudança não apenas da vida própria, mas também são agentes de uma mudança há muito devida para todos. O que eu quero defender é que todo mundo tem que ter o direito de tentar ser feliz nesta vida e se sentir realizado de alguma forma.

Portanto, procure saber o que te motiva, se agarre a isso e siga em direção à mudança ou em direção à luta pela possibilidade da mudança. Vai te fazer bem.

Doidera, não é? Mas era este o raciocínio por detrás do quadro que eu gostaria de ter pintado (realmente pintado, com tinta e tudo) ontem e não consegui. Faz sentido para você?

 

O hábito de escrever diariamente. 

Quando decidi escrever diariamente no blog, um dos meus principais objetivos era criar o hábito da escrita.
O que eu queria com esse novo hábito, era conseguir ter a disciplina necessária para escrever um livro.
A princípio fiquei com medo do blog dominar toda a minha dedicação à escrita. Ou seja, eu temia que todo o tempo do qual eu dispunha para escrever seria necessário para produzir o material do blog.
E no início foi assim mesmo que aconteceu.
Tudo que eu escrevia no primeiro mês era para o blog. Não sobrava tempo para escrever nem no meu diário.
Mas esta situação já está começando a mudar.
Logo no segundo mês eu já estava escrevendo mais do que venho publicando diariamente.
Algumas vezes, atualmente, eu começo a escrever um texto e penso: este texto não é do blog, ele vai para o meu livro. Ou: este tema eu vou guardar e trabalhar um pouco mais.
Muito importante observar que eu era aquela pessoa que não estava tendo tempo para nada antes de começar o blog.
Eu vinha me virando em mil pra dar conta do meu trabalho no consultório, as aulas que eu dou de psicologia para a área da saúde, o doutorado e uma pós-graduação em TCC – terapia cognitivo-comportamenal.
Então, eu estava vendo a escrita escapar novamente pelo meio dos dedos no meio desse turbilhão de responsabilidades e compromissos.
Tomar a decisão de transformar a escrita em hábito foi, portanto, fundamental.
O hábito, de fato, tem um poder impressionante.
É difícil de criá-lo e de gerar adaptações na sua rotina, mas quando você decide se comprometer com algo que te faz bem a coisa funciona.
O segredo?
Tomada de decisão, planejamento, implementação e manutenção do novo hábito (e, os ingredientes mais importantes na minha opinião: tolerância consigo mesmo para aceitar suas dificuldades e limitações, uma boa dose de confiança, que você pode conquistar aos poucos, e apoio das pessoas que te amam).
Não afirmo que já passei da fase de ter crises com a escrita. Provavelmente muitas mais virão. Mas eu estarei preparada para enfrentá-las!
E aguardem meu livro!