O que as feministas querem de você.

Meu sapato favorito exalava um cheiro insuportável de chulé o dia inteiro.
E eu me perguntava, sempre que alguém se aproximava, se outras pessoas conseguiam sentir o cheiro tão terrivelmente fétido quanto eu.
O cheiro não ficava contido no sapato. Subia até minhas narinas.
Aquele sapato era extremamente confortável. Eu não o havia escolhido por nenhuma qualidade estética. Tratava-se de um santo sapato, contudo. O mais confortável que eu já havia calçado em toda a minha vida.
E eu fui obrigada a abandonar o sapato. Voltar aos pares bonitos e perfumados que farão meu pé descamar até a carne viva eternamente, removendo esparadrapo, band-aid e o que mais você quiser colocar nos meus pés para protegê-los. Camada por camada eu vou sentindo dor.
Com isso meus valores estavam corretos novamente. Realinhados.
Fui aplaudida pelo abandono do confortável.
Claro que as pessoas não queriam ativamente que eu sofresse.
Mas sair por aí com sapato fedido é foda, não é?
Claro que ninguém quer ativamente que eu tenha câncer, mas abandonar desodorante é inaceitável.
Ninguém quer que eu sinta dor, mas depilação é uma questão de higiene.
Não querem que a minha pele fique sem respirar, mas uma maquiagenzinha dá uma vida para a cara morta e desinteressante natural que a gente tem, certo?
A pergunta não é: por que o feminismo não quer que eu use maquiagem, me depile e use desodorante.
A questão é que deve-se ter em mente duas coisas:
1- De onde vem o meu desejo de tratar o meu corpo desta forma? (Se pergunte, por exemplo, de onde vem o seu desejo de beber refrigerante? Ou o seu gosto por filmes de Hollywood?). Nossos desejos e a maneira de lidar com o nosso próprio corpo são historicamente construídos e possuem muitos significados que não podem ser ignorados. O que nos leva ao ponto número dois;
2- O que acontece com as mulheres que escolhem não se submeter a esses padrões? É tranquilo para elas?

A resposta é não.

Não é tranquilo para as mulheres fazerem escolhas que desviem daquilo que lhes é imposto.

Esse é o ponto da luta. Defender o seu direito de tratar o seu corpo do jeito que você quiser sem que você seja punida por isso.

Vamos imaginar que Maria decidiu ficar em casa no sábado à noite no lugar de ir para a balada. Este é o cenário A. Neste cenário, Maria exerceu a sua liberdade e decidiu o que queria fazer, além de ter tido condições de efetivamente fazer o que havia decidido. Também estava preservado o seu direito de mudar de ideia. Caso ela desejasse sair, ela seria livre para isso.

Agora vamos pensar no cenário B. Maria havia acabado de tomar a mesma decisão de não sair no sábado à noite, quando alguns bandidos invadiram sua casa para se esconder da polícia. Eles disseram para Maria que ela estava proibida de sair de casa enquanto eles estivessem lá sob a pena de sofrer pesadas punições.

No cenário B, Maria acaba fazendo o que ela havia resolvido fazer de qualquer maneira, mas podemos dizer que ela foi realmente livre nesta situação?

A resposta é não.

No cenário B, a despeito do resultado final da ação ter sido o mesmo, Maria não era verdadeiramente livre. Ela não poderia ter mudado de ideia. Ela não poderia ter escolhido fazer outra coisa. E ainda, uma severa restrição havia sido adicionada à sua decisão inicial de não sair de casa, de modo que não há mais como afirmar se Maria não sai de casa porque ela manteve a sua decisão inicial de não sair e ela não muda de ideia até os bandidos irem embora ou se ela apenas estava evitando ser severamente punida pela desobediência às condições que lhe foram impostas.

No que diz respeito aos cuidados com o corpo de uma mulher a situação é semelhante a do cenário B. Substitua Maria por uma mulher X e os bandidos pelo machismo que impõe padrões ao corpo dessa mulher.

Aí eu já sinto o seu desejo de perquirição: você está dizendo então que as mulheres não sabem o que querem com o próprio corpo? À mulher não cabe dizer o que ela quer do próprio corpo? É você quem sabe e quem tem que dizer?

Não.

A palavra final é sempre da mulher.

Lembra que eu disse que o importante é que cada uma possa fazer o que deseja com o seu corpo e com a sua vida sem que haja algum tipo de punição desta atitude?

Pois bem. Dito isso, afirmo que, uma vez que você tenha consciência de que há uma força estrutural que demanda certas coisas do corpo feminino, a última palavra a respeito do seu corpo e dos seus desejos é sua. Sem dúvida alguma. Mas enquanto uma reflexão deste tipo não é feita, você pode estar à mercê de certas forças opressoras da sociedade sim. E pode acabar reproduzindo-as às custas dos desejos e dos cuidados com o corpo próprio de outras mulheres.

Esse raciocínio não é novo. Começamos a ser alertados para os efeitos perniciosos das ideias preconceituosas e opressoras que absorvemos passivamente e sem questionamento ou plena consciência há muitos anos e por muitos movimentos de minorias diferentes.

Essas forças funcionam em larga escala sob a superfície dos desejos e dos atos. Temos que retirar uma camada, olhar por debaixo dos nossos comportamentos e pensamentos para perceber sua influência.

É o que fica claro no cenário B. Essa força do machismo só fica evidente quando há desvio e sofrimento. Se você olha apenas para o fato de que Maria ficou em casa no sábado à noite, você não é capaz de ver o bandido atrás da porta apontando o revólver para ela.

É apenas em um terceiro cenário hipotético C, no qual Maria poderia vir a resolver desobedecer ao bandido e sair de casa a despeito de suas ordens, que nós percebemos que Maria não era realmente livre para fazer o que desejasse seja lá o que for que ela escolhesse.

No cenário C, no qual Maria resolve fugir, desrespeitando o comando que lhe foi dado, ela é baleada. É apenas nesse momento que vemos o perigo de desviar da ordem dominante.

Mas liberdade não é meramente ter a sorte de querer o mesmo que o seu agressor te obriga a querer não é mesmo?

Isso é a mesma coisa que ser escravo do “bom senhor”. Não importa se o seu senhor é “bom”, a sua liberdade jamais será verdadeira enquanto você estiver sob o domínio de um “mestre”, pois a qualquer momento, essa liberdade pode acabar.

Me acompanhe ainda no cenário D, no qual Maira está em casa obedecendo ao comando dos seus sequestradores, mas estes, em algum momento, dominados pelo medo, imaginam ter visto em uma dobra do vestido de Maria um aparelho celular e supõem que ela tentou ligar para 190. Tomados pela raiva do que imaginam ter acontecido, eles acabam atirando em Maria e fugindo.

No cenário D, ainda que Maria não estivesse em conflito com a obrigação específica de ter de ficar em casa no sábado à noite e a despeito do fato de ter obedecido ao comando dos sequestradores, vemos que a suposta liberdade da vítima era falsa, pois ela acabou sendo baleada de qualquer modo.

Assim é também quando nos adequamos às demandas do machismo. Nem mesmo quando nos adequamos às tais normas estamos perfeitamente seguras.

Usando maquiagem ou não, depilação ou não, a liberdade da qual desfrutamos não é inteiramente real.

Não é verdade, por exemplo, que são estupradas ou sexualmente abusadas apenas as mulheres que desviam dos padrões machistas de vestimenta ou de comportamento.

Tendo tudo isso em vista, lembre-se sempre: a feminista quer o seu bem, seja você homem ou mulher, ela quer que você seja feliz e livre; o que não pode é você só querer o bem da mulher se ela for do jeitinho que você aprova.

 

Paraíso.

Estou aqui agora. Em um hotel no Paraíso.
Valiosas essas liberdades. De poder resolver viajar, de uma hora para outra, sem ter que pedir ou dar satisfação a ninguém.

Não que eu não tenha avisado amigos e parentes, mas essa certeza da que a vida é sua para fazer absolutamente tudo que você quiser com ela é maravilhosa.

Mas será mesmo que somos tão livres assim?

Claro que pegar um avião e ir para em uma cidade a duas horas de distância é mole. Estou eu aqui, em Paraíso, São Paulo.

Mas eu teria oportunidades plenas de viver exatamente a vida que eu tenho razões para valorizar?

Amartya Sen, um economista e filósofo indiano muito importante pensava a liberdade nesse sentido. Temos realmente oportunidades reais de levar a vida que temos razões para valorizar e, portanto, a vida que escolhemos viver? Sen ganhou o prêmio Nobel de economia em 1998 e suas idéias contribuíram enormemente para a criação do IDH como forma mais apropriada de medir o bem-estar social.

Amartya Sen não acredita, por exemplo, que a renda, a riqueza ou o PIB são informações suficientes para avaliar as vantagens e as desvantagens que as pessoas possuem umas em relação às outras. Essas medidas não dão conta dos múltiplos aspectos da vida de uma pessoa ou da população de um país.

O que realmente importaria, para o filósofo seria a capacidade que cada pessoa possui de viver a vida que valoriza. Se uma pessoa possui menos capacidades (no sentido de oportunidades reais) de viver a vida que valoriza do que outra pessoa, a primeira está em desvantagem em relação a segunda pessoa. 
E você? Tem oportunidades reais de viver plenamente a vida que valoriza? Do que você precisa para transformar os recurso que você tem na boa vida que você deseja? O que está faltando para você?

Quem não quer gozar?

Vou copiar abaixo um extrato da minha monografia sobre a perspectiva feminista de Shulamith Firestone, considerada a mãe do feminismo radical, que publicou no início da década de 1970, o livro A Dialética do Sexo: 

 

O drama da divisão da sexualidade – em masculina e feminina – tem tristes e pesadas consequências para as mulheres. Em primeiro lugar, a autora afirma que

 

“mesmo as mulheres que parecem sexualmente ajustadas, raramente o são, na verdade. Devemos nos lembrar que uma mulher pode ter relações sexuais sem sentir nada; um homem não pode. Embora poucas mulheres, por causa da pressão exercida sobre elas para que se conformem com a sua situação, realmente repudiem seu papel sexual completamente (…), isso não significa que a maioria das mulheres se satisfaça sexualmente nas relações com os homens” (FIRESTONE, 1972, p. 58).

 

            Shulamith está afirmando que a relação sexual tende a ser menos satisfatória, na sociedade atual, para as mulheres. Além do prazer feminino ainda ser mal visto, em alguma medida, os problemas sexuais femininos, segundo a autora, causam muito menos prejuízo social do que os problemas sexuais masculinos. Isso levou, segundo Firestone (1972), muitos autores a concluir que as mulheres em geral sentem menos desejo sexual do que os homens. Mas é o patriarcalismo que repudia e nem de longe incentiva o prazer sexual feminino, enquanto aprova e incentiva o prazer sexual masculino.

 

Ok. Agora faça o seguinte experimento: tente se lembrar de clínicas ou tratamentos voltados para a melhora da saúde sexual.

Para mim, o resultado desse experimento é o seguinte: eu me lembro das propagandas do Boston Medical Group na televisão, que trata de disfunções sexuais masculinas, lembro do Viagra e lembro das revistas femininas ensinando 1000 maneiros de dar mais prazer sexual para o meu companheiro.

Existem, é claro, artigos em revistas femininas falando também como devo fazer para aumentar o meu prazer. Mas… Se você for querer a referência de uma clínica no Rio de Janeiro que trate especificamente das disfunções sexuais femininas… Aí já vai complicando. Remédio então, nem pensar. Nós somos vítimas de remédios que diminuem a libido – principalmente dos anticoncepcionais -, mas para aumentar a libido, não. Só tem o Viagra mesmo.

Sim. O anticoncepcional é maravilhoso e cumpriu importantíssima tarefa na libertação sexual da mulher, mas já dava para ter desenvolvido o masculino, não é mesmo? Ah, espera! Já existe, não é? E não foi liberado porque mesmo… hm… Putz! Lembrei! Causava efeitos parecidos com o anticoncepcional feminino… (http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/11/anticoncepcional-masculino-e-adiado-por-ter-reacoes-semelhantes-ao-feminino.html).

Isso soa estranho para você também ou só para mim?

Enfim…

Remédio não é bem uma boa solução para muito coisa, especialmente no que diz respeito à vida sexual. Só queria pontuar – retomando a questão do Viagra – que o masculino existe e o feminino ainda não existe.

Quando um homem se queixa de sua sexualidade, a sociedade permite que ele compre um comprimido barato na farmácia e/ou faça um tratamento multidisciplinar em alguma clínica para que ele tenha, supostamente, uma vivência sexual normal e satisfatória.

A mulher com queixas sexuais, quando ela pode expressá-las sem ser reprimida pelo machismo do companheiro, da família ou pela vergonha internalizada, precisa mergulhar em uma longa jornada interna de autoconhecimento e de melhoria da sua relação com o próprio corpo, desbravando o seu caminho em direção a uma vida sexual – relação com o corpo que é problemática também por consequência do machismo.

Beleza. Eu sou psicóloga. Sou a favor das longas jornadas internas, mas queremos gozar também. Relaxar e gozar. Sem esquentar a cabeça e sem maiores preocupações e esforços.

Mas os caminhos sociais para o fim dos problemas sexuais femininos ainda são imprecisos e espinhosos. Quando não rechaçados ostensivamente pela sociedade, que ainda trata o prazer sexual feminino como perigoso.

A miséria sexual feminina é extremamente invisibilizada.

Então chega desse blá blá blá de que sexo é bom para a mulher se terminar em conchinha. Conchinha é sensacional. Adoro. Mas o sexo é bom para a mulher quando termina em um intenso orgasmo.

 

 

O Fascismo não é aquilo que te falaram.

Fascismo virou xingamento, e agora, dependendo do gosto, todo mundo é fascista, manifestante contra a Dilma, o governo israelense, o Barack Obama e o Marco Feliciano. Na esquerda, o fascismo é comodamente colocado como extrema-direita, e pra direita, é considerado um primo do marxismo. Todas as correntes levam as próprias teorias políticas a sério, mas as do fascismo são consideradas um estelionato para defender coisas completamente diferentes.

Mas o fascismo tem sim uma série de teóricos, e desenvolveu um programa político coerente, com o objetivo de construir um Estado totalitário, ou seja, que controlasse todas as instituições, da educação aos esportes, dos institutos científicos às igrejas, para criar um homem novo, heroico e combatente (homem, claro, porque o papel para as mulheres era criar os seus filhos, os futuros guerreiros da Nação). O fato do fascismo ter governado também para a burguesia não o torna um simples instrumento dela pra ser usado quando for preciso esmagar uma revolução, como a maioria dos marxistas imagina.

A grande participação de ex-militantes da extrema esquerda nos movimentos fascistas e o discurso revolucionário de muitas organizações fascistas até hoje (que muitas vezes pode ser confundido com o da extrema esquerda) não devem ser vistos simplesmente como uma manobra ideológica, e sim como expressão real de uma rejeição à sociedade atual.

Nos momentos extremos em que os partidos fascistas conseguiram governar sem alianças, na Alemanha entre 1942 e 1945 e na Itália durante a República de Salò, eles tomaram medidas anticapitalistas radicais (planificação econômica, expropriação de parte das grandes empresas etc) que apontavam para uma nova forma de sociedade, que eles consideravam uma forma de socialismo oposta ao marxismo.

O antissemitismo, que é presente em quase todos os movimentos fascistas, por isso, é muito mais do que um simples racismo contra judeus. É uma forma espontânea de anticapitalismo reacionário, identificando os judeus com o capital financeiro (“sem pátria”, “parasita”, “antinatural”), em oposição ao capital “produtivo”, “nacional”. Esse discurso antissemita está presente em partes do movimento socialista desde Proudhon, foi criticado pela socialdemocracia alemã (Bebel disse que “o antissemitismo é o socialismo dos idiotas”) e hoje ainda aparece disfarçadamente em teorias como a do “lobby sionista” que controlaria a política externa americana e a mídia.
Para usar o conceito do Manifesto Comunista, o fascismo foi uma forma de socialismo reacionário. O Estado totalitário, como representante da Nação, regularia as contradições de classes, impedindo que o capitalismo destruísse a solidariedade nacional – exatamente o contrário da visão marxista e sindicalista revolucionária em que a classe trabalhadora radicalizaria as contradições de classes até destruir o Estado nacional.

Mas sim alguns elementos do fascismo se pareciam com os do stalinismo, ele mesmo fruto da contrarrevolução na Rússia nos anos 1930. É essa semelhança, e a deturpação do conteúdo do marxismo, radicalmente democrático e contrário a qualquer ideologia nacionalista (conteúdo que passou a ser defendido por organizações marxistas muito minoritárias), que facilitou a impregnação cada vez maior da extrema esquerda com elementos fascistas. 
Desde a década de 1990, sem bússola por causa do fim da URSS, a ideia de uma aliança “antissistema” seduz cada vez mais organizações e indivíduos identificados com o comunismo – e essa aliança tem sido proposta por elementos fascistas, hoje dando frutos como as campanhas de solidariedade com os separatistas ucranianos, a denúncia da defesa dos direitos individuais como uma manobra do imperialismo americano, o antissemitismo disfarçado de militância pró-Palestina e o apoio a várias ditaduras antiamericanas, como as do Irã e da Síria. Hoje, dificilmente poderia surgir um movimento fascista “clássico” de massas. O maior risco real do retorno de elementos fascistas no mundo de hoje está nessa aliança.

A empatia e os comunistas.

A ação moral já foi muito estudada (na psicologia e na filosofia, por exemplo). O presente texto não é um estudo deste tipo. Apenas um comentário pessoal sobre o assunto.

Podemos pensar a causa da ação moral como sendo a empatia que sentimos pelo sofrimento alheio. A ação moralmente correta, baseada no sentimento de empatia, seria sinônimo de altruísmo. Vemos alguém sofrer e direcionamos a nossa ação para diminuir tal sofrimento. E quando observamos milhões de pessoas sofrendo todos os dias? Quando nos identificamos com seu sofrimento? Que tipo de atitude podemos tomar? Claro que podemos dar esmolas para os pedintes que nos abordam nas ruas, dar as roupas que não nos servem mais. Mas a esquerda não consegue e jamais conseguiria se satisfazer com isso. Vai às ruas, constrói greves e acumula frustrações. É a única maneira possível de dar uma resposta à angústia compartilhada com outros estudantes, trabalhadores, negros, mulheres, homossexuais, bissexuais, travestis, transgêneros e todas as outras pessoas que sofrem algum ou vários tipos de opressão.

A empatia justifica também as atitudes dos homens que lutam pelos direitos das mulheres, brancos que lutam contra o racismo, heterossexuais lutando contra a opressão das “minorias” de gênero.

Enquanto isso, o que a direita está fazendo? A direita está empaticamente lutando pela manutenção dos privilégios dos ricos? Realizando assim um ato de altruísmo? Não podemos dizer que sim. As “lutas” da direita são baseadas no medo da perda dos bens e privilégios que possui. Ou na vontade de acumular mais bens ou privilégios. Falamos aqui de egoísmo e ganância. Essa é a “moral da sociopatia”. Muitas funções sociais exigem esse tipo de falta de empatia: donos de empresa que precisam despedir seus funcionários para manter seus lucros elevados, sem se importar com o sustento desses funcionários e suas famílias; o torturador que precisa obter informações e que se tornou apático diante do sofrimento da vítima; o policial que persegue o “criminoso” sem se importar se ele é culpado ou não, nem com a segurança daqueles que estão ao seu redor; o estuprador de crianças que, incapaz de entender como a criança se sente na hora do abuso sexual, projeta nela seus próprios sentimentos de desejo; o espancador de mulheres, que não consegue enxergar além da sua própria carência e frágil masculinidade.