Confissão (primeira versão).

Ontem eu publiquei o texto “Confissão” em sua versão mais recente.

Esse texto, contudo, já havia saído em um pequeno livro de contos que eu publiquei independentemente no ano passado.

Acontece que entre o texto publicado e a versão que eu postei ontem no blog existem algumas diferenças. Eu fiz um trabalho de voltar ao texto e trabalha-lo um pouco mais. Um texto nunca está pronto e acabado. Chega um momento em que o autor decide parar de mexer nele, mas é isso. Não quer dizer que o texto chegou à perfeição. Isso existe? Enfim…

Hoje o que vou fazer é postar a primeira versão desse mesmo texto, para que vocês possam avaliar: se melhorou… se piorou… Além de poderem acompanhar um pouquinho do meu processo de escrita.

Como foi para mim este processo? É um ato de coragem mexer em um texto “pronto” e publicado. E, acima de tudo, um ótimo exercício. Mas eu confesso que tenho sentimentos ambivalentes ainda em relação a esta prática ainda que a considere boa do ponto de vista racional. Algumas vezes eu acho que mexo e o texto piora. (Tipo mexer na merda e fazer ela feder mais do que antes). A minha autoestima vai para o fundo do poço quando isso acontece. Outras vezes, eu mexo no texto e acho que ele melhora muito. Aí o meu ego infla e eu assumo empreendimentos loucos como postar um texto por dia no blog (mas depois eu desabafo sobre isso).

Não mexo em todos os textos, mas naqueles que eu ainda não decidi declarar como encerrados e, como já disse, acho que o processo vale a pena sim, apesar dos pesares! Mesmo que, em algumas vezes, a gente precise meter vários ctrl Z e desfazer todas as alterações.

Acho que isso vale para tudo na vida. A gente tem que tentar mexer para melhorar mesmo. Se não der certo, esquece e parte para outra!

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Confissão (primeira versão).

Apesar de nascida e criada no Rio de Janeiro eu, assim como muitos outros cariocas, não conheço alguns dos pontos turísticos mais importantes da cidade.

Fui recentemente ao Pão de Açúcar e ao Cristo Redentor. Na verdade, ao Cristo eu cheguei a ir duas vezes no último mês. Na primeira ocorreu um imprevisto; o dia estava extremamente nublado. Não se podia ver nem a cabeça do Senhor, nem a cidade abaixo. Estávamos, aparentemente, entre duas camadas de nuvens. O pico do morro estava acima das nuvens, de modo que tínhamos a impressão de que se nós nos jogássemos lá de cima nada terrível aconteceria. Apenas cairíamos nas nuvens macias logo abaixo. Na minha opinião a textura das nuvens parecia densa e consistente, apesar de macia, como a de um elástico. Por outro lado, as nuvens acima de nós pareciam mais frágeis e delicadas. Esfumaçantes.

Quando fomos ao Cristo pela segunda vez o dia estava totalmente claro. Não havia uma nuvem do céu. Eu, sinceramente, preferi a primeira visita. Mas nada disso vem ao caso.

A visita sobre a qual lhe escrevo é a visita que fiz à Catedral no centro da cidade. Resolvi ter a experiência completa. Iria no domingo pela manhã, doaria dinheiro na hora do ofertório, apertaria a mão das pessoas ao meu redor na hora da Paz de Cristo, comungaria etc.

Pois bem, cheguei à igreja atrasada. Cheguei tarde mesmo e ainda fiquei por algum tempo observando os turistas do lado de fora. Os turistas reais. Vindos de outros países. Tiravam fotos e sorriam e falavam alto. Achei aquilo tudo um pouco desrespeitoso e acredito que tenha entrado na igreja mais católica do que cheguei ao local.

A catedral não me pareceu tão bonita assim por dentro. Aquela estrutura não combina com a de uma igreja. Sempre imaginei igrejas turísticas como grandes catedrais góticas de estilo europeu. Para quem espera esse tipo de coisa, a Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro é uma grande decepção. Pouco patriótico, eu sei, mas, ainda assim, o sentimento foi inevitável. Para ser justa, devo dizer que a catedral tem seus méritos. Para começar ela tem um formato coneidal, isso era novidade. Em seu interior vemos quatro grandes vitrais que se estendem quase desde o chão da catedral até o teto, lá eles se encontram formando uma cruz. Já ouvi dizer, não lembro quando nem quem disse, que cada um dos vitrais representa uma das características da igreja. O vitral que se encontra bem à frente de quem entra pela porta principal simboliza a unidade da igreja. Das figuras que parecem no vitral, eu consegui distinguir a Bíblia e o Cálice da Salvação. O vitral que fica às nossas costas representa as pessoas que são chamadas a compor o rebanho do Senhor. Simboliza a catolicidade da igreja. Há alguns homens pintados nela, apesar desse vitral supostamente indicar a universalidade da igreja. À esquerda de quem entra, estende-se o vitral que representa a santissidade da igreja e os dons do Espírito Santo. Nele fui capaz de distinguir as figuras de maria e José. Por fim, a direita, o vitral que simboliza o fato da igreja ser apostólica. A imagem de São Pedro aparece nesse vitral.

Se me permite uma análise que está certamente fora de minhas capacidades, eu digo que o simbolismo mais interessante de todos era não o dos vitrais em si, mas o que surge da união dos vitrais trabalhados e as paredes de concreto bruto da catedral. A junção do humano, imperfeito, ranhoso com o divino cristalino e colorido.

Os bancos, por sua vez, eram arrumados para formar um semicírculo ao redor do altar, postados um ao lado do outro e em fileiras até o fundo. Sentei-me no último banco da última fila. Passado pouco tempo comecei a reparar que havia uma criança inquieta perambulando ao meu redor. Logo veio a mãe e o repreendeu, arrastando-o de volta a um banco mais adiante. Ri sozinha. Crianças são estranhas demais. Logo me preocupei, contudo. Será que era alguma coisa comigo que a fazia rir? Ajeitei o cabelo, passei a mão pelas roupas. Nada de errado. Comecei a olhar em volta procurando o motivo da diversão. Reparei quase com o sobressalto que havia uma figura encolhida em cima do banco logo ao lado do meu. Ao vê-la, senti seu cheiro. Como eu não havia reparado antes? Embaçado, encardido e esfarrapado, estava lá adormecido, um mendigo. Me refiz do susto virei-me para o altar e voltei a cantar.

Logo fui interrompida novamente. Novo susto. Um barulho surdo ao meu lado virou violentamente minha cabeça para o lado, o banco com o mendigo havia sido arrastado por três homens. Todos os barulhos a minha volta se tornaram ensurdecedores.

 

Um coração para amar, pra

Perdoar e sentir

 

            Soa a voz dos homens pela primeira vez.

– Levanta, cara. Você tem que sair.

 

Um coração pra sonhar, inquieto e

            sempre a bater

 

            – Vamos, cara!

E cochicharam entre si.

 

Ansioso por entender as coisas

            que tu disseste

 

            Puxaram o braço do homem pobre.

E eu não entendia o que estava acontecendo. Não sei se eu cantava ainda.

 

            Eis o que eu venho te dar – continuava a música –

Eis o que eu ponho no altar – e que não vale de nada, pensei – Toma, Senhor que ele é teu

            Meu coração não é meu

 

O mandigo puxou o braço de volta e grunhiu.

 

Quero que o meu coração seja tão

            cheio de paz

 

Ergueram o mendigo que agora não reagiu.

 

Que não se sinta capaz de sentir

ódio ou rancor

 

            Olhei enquanto carregavam o homem pelos fundos da igreja até uma das portas laterais, acima dela se estendia o vitral com a imagem de São Pedro.

Eles voltaram cantando.

 

Quero que a minha oração possa me

            amadurecer

 

E eu também voltei a cantar.

 

Leve-me a compreender as

            consequência do amor

 

Me levantei num salto e cruzei com os três no meu caminho em direção à porta lateral.

Saí por ela sentindo medo. Imaginando que haviam lançado o mendigo escada abaixo. Mas ele estava logo ao lado da porta, braços e pernas abertos. Eu não vi os homens colocando-o lá, mas tenho a impressão de que, na posição que foi colocado, ele ficou. Além do mendigo do lado de fora da igreja haviam algumas crianças correndo, alguns adultos falando ao celular e vendedores ambulantes. Sentei-me na escada e senti uma raiva incandescente emanando da indignação que senti. Não só havia expulsado um mendigo que para estar morto só faltava esfriar de tão quieto que estava, como eu também não havia sido capaz de mover um dedo para ajudá-lo! Pensei em ir lá pedir ao mendigo que entrasse comigo de novo na igreja e se deitasse novamente no banco onde estava.

Me aproximei dele e o cumprimentei. Ele não me respondeu. Expliquei o meu plano com animação e o grande significado que aquela atitude teria. Seria um símbolo de resistência e de luta contra a opressão! Falei que poderíamos gritar se aqueles homens viessem novamente e que eu não o abandonaria. Acrescentei que se isso acontecesse, o padre provavelmente seria obrigado a interromper a missa e que nós apareceríamos até nos jornais da TV. Ele não emitiu nenhum som. Nem se moveu. Uma mulher se aproximou enquanto eu pensava como reformular meu discurso a ponto de motivá-lo. Ela colocou um terço na testa dele, uma nota de cinco reais em sua mão aberta e um pacote de biscoito aberto do lado de sua boca. E ele não se moveu.

Me afastei e fiquei sem ação até depois do fim da missa. Até que a certa altura bateu um vento um pouco mais forte, provavelmente de dentro da igreja que agora já não tinha mais tantas pessoas que o opunham resistência, e a nota de cindo reais voou das mãos do mendigo. Como estava, ele ficou. Parado, displicente, um indigente perfeitamente indiferente às condições da existência, ou assim eu presumi.

Levantei-me para ir embora ainda indignada com os falsos ideais. Entrei novamente na igreja, precisava ir ao banheiro antes de ir embora. Vi uma mulher num canto mais adiante assim que voltei para dentro da igreja. Ela colocava dinheiro em uma caixa de oferenda. O banheiro era na mesma direção. Quando passei perto da caixinha reparei que a ponta de uma nota de dez reais estava para o lado de fora. Me aproximei decidida, apesar de apavorada.

A indignação pulsava em ondas dentro de mim agora misturada com adrenalina. Puxei a nota de dez reais e enfie-a no bolso. Me virei e saí com passos largos pela porta da frente. Parei num bar ali perto, comprei uma cerveja e um maço de cigarros e voltei para casa satisfeita.

 

CONFISSÃO

Toda sexta-feira de madrugada, depois de uma noite de bebedeira aos pés dos Arcos da Lapa, eu tinha pesadelos com a Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro. Ela descia sobre mim como um imenso disco voador. Eu sonhei com isso tantas vezes que acabei ficando curiosa, achei que era um sinal, e resolvi visitar o monumento.

Tendo sido criada em família católica devota e atuante eu sabia como aproveitar uma visita dessas. Resolvi ter a experiência completa. Iria no domingo pela manhã, doaria dinheiro na hora do ofertório, apertaria a mão das pessoas ao meu redor na hora da Paz de Cristo, comungaria etc. Conheço bem a missa, os fiéis, o funcionamento da igreja, apesar de não ser lá tão católica. Batismo e primeira comunhão, sim, mas fé verdadeira, não.

Fiquei um pouco receosa no dia programado para a visita, pois os pesadelos eram sempre apavorantes. Relutei em sair de casa e acabei chegando atrasada à igreja. A missa já havia começado.

A Catedral não é bonita por dentro. Aquela estrutura não combina com a de uma igreja. Disco voador sim, com certeza; mas casa de Deus nem tanto. Eu sempre imagino igrejas em geral e, em especial, igrejas turísticas como grandes catedrais góticas de estilo europeu. Para quem espera esse tipo de coisa, a Catedral do Rio de Janeiro é uma grande decepção. Pouco patriótico, eu sei, mas, ainda assim, o sentimento foi inevitável. A decepção me causou uma secura na boca – perda de tempo ir ali – e uma careta de desagrado.

Para ser justa, devo dizer que a catedral tem seus méritos. Para começar, o óbvio, ela tem o formato de um cone, justamente a qualidade que me atraiu desde o início. Além disso, em seu interior existem quatro grandes vitrais que se estendem quase desde o chão até o teto. A Catedral é muita alta. E o teto, no local onde os vitrais se encontram formando o desenho de uma cruz, é vazado, de modo que a claridade do céu penetra por ali. A luz do dia mais ensolarado não seria suficiente para iluminar a igreja. Nenhuma luz é suficiente para iluminá-la. A catedral está sempre parcialmente na penumbra. Os vitrais são magníficos, gigantescos, multicoloridos, cheios de figuras feitas para inspirar admiração e os mais altos sentimentos. Mas se deslizarmos os olhos um pouquinho para o lado ficamos cara a cara com uma parede de concreto bruto, frio, repetitivo, um acinzentado que não tem mais fim. A junção do humano, imperfeito, ranhoso com o divino cristalino e colorido.

Já havia pessoas estranhando o tempo que fiquei parada na entrada da igreja tentando entender seu interior.

Os bancos eram arrumados de modo a formar um semicírculo ao redor do altar, postados um ao lado do outro e em fileiras até o fundo. A missa estava cheia, mas ainda havia alguns bancos vazios. Sentei-me na última fileira, perto de uma das saídas laterais. Ouvi o padre proferir algumas palavras antes que todos os fiéis começassem a cantar. O canto de tanta gente junto dava arrepios. Se alguém me perguntasse como é ter fé, eu diria que era sentir a reverberação de tantas vozes na pele. Eu sentia uma mistura de assombro com euforia.

Me balançando de um lado para o outro junto com a canção esbarrei em algo e reparei com sobressalto que havia uma pessoa encolhida em cima do banco logo ao meu lado. Senti seu cheiro. Eu não havia reparado antes. Embaçado, encardido e esfarrapado, estava lá adormecido, um mendigo. Para me refazer do susto virei para o altar e voltei a cantar.

Fui interrompida novamente. Novo susto. Um barulho surdo. Virei subitamente a cabeça para o lado. O mendigo havia sido puxado para fora do banco com violência. Três homens ergueram o corpo magro que resistia. Eu não entendia o que estava acontecendo. Meu corpo começou a latejar e todos os sons a minha volta se tornaram ensurdecedores.

 

Um coração para amar, pra

Perdoar e sentir

 

            Soa a voz dos homens pela primeira vez.

– Vamos, cara. Você tem que sair.

 

Um coração pra sonhar, inquieto e

            sempre a bater

 

            – Vamos, cara!

E cochicharam entre si.

 

Ansioso por entender as coisas

            que tu disseste

 

            Começaram a arrastar o homem.

Minha boca se mexia, mas eu não cantava.

 

            Eis o que eu venho te dar – continuava a música –

Eis o que eu ponho no altar – e que não vale de nada, pensei – Toma, Senhor que ele é teu

            Meu coração não é meu

 

O mandigo fincou os pés no chão e ainda resistiu.

 

Quero que o meu coração seja tão

            cheio de paz

 

Ergueram-no e ele agora não reagiu.

 

Que não se sinta capaz de sentir

ódio ou rancor

 

            Olhei enquanto ele era carregado pelos fundos da igreja até a saída, acima dela, um dos imensos vitrais coloridos, abaixo, o frio e desumano concreto.

Os três homens voltaram cantando.

 

Quero que a minha oração possa me

            amadurecer

 

O horror me fechou os lábios.

 

Leve-me a compreender as

            consequência do amor

 

Nos meus pesadelos a nave abduzia, mas esta nave espacial, enviada por Deus expulsa.

Levantei-me num salto e cruzei com os três no meu caminho em direção à saída para onde levaram o mendigo. Ele estava de pé logo ao lado da porta, braços e pernas abertos, a cabeça pendia para um lado, seminu, indecentes costelas aparecendo.

Além do mendigo havia crianças correndo, alguns adultos falando ao celular, vendedores ambulantes. Senti uma raiva incandescente emanando da minha indignação. Meus braços e pernas começaram a tremer. Não só haviam expulsado um mendigo que para estar morto só faltava esfriar de tão quieto que estava, como eu também não fui capaz de mover um dedo para ajudá-lo. Queria ir lá pedir ao mendigo que entrasse comigo de novo na igreja e se deitasse novamente no banco onde estava.

Me aproximei dele com passos firmes. Ele não me olhou. Expliquei o meu plano com animação e o grande significado que aquela atitude teria. Seria um símbolo de resistência e de luta contra a opressão. Falei que poderíamos gritar se aqueles homens viessem novamente e que eu não o abandonaria. Acrescentei que se isso acontecesse, o padre provavelmente seria obrigado a interromper a missa e que nós apareceríamos até nos jornais da televisão. Ele não emitiu nenhum som. Nem se moveu. Minha cabeça começou a rodar. Enquanto eu pensava uma série de absurdos para arrancar uma reação potente daquele homem, uma mulher chegou. Ela aproximou um terço da testa dele como quem dá a bênção. Em uma de suas mãos abertas ela colocou uma moeda e na outra o resto de um pacote de biscoito. Como estava ele ficou. Catatônico.

Ele parado, eu imobilizada.

A missa acabou. Os fiéis começaram a sair. Eu me distraí com o movimento por um instante e o mendigo desapareceu. Meu Deus! Esqueci a bolsa dentro da igreja! Voltei correndo até o lugar onde eu estava sentada. Nada. Comecei a andar em círculos procurando e nada da bolsa. Chorei de raiva. Muita raiva.

Desisti de procurar pela bolsa e comecei a caminhar em direção à saída. Passei perto da caixinha de oferendas. Reparei que a ponta de uma nota de dez reais estava para o lado de fora. Me aproximei.

A indignação pulsava em ondas dentro de mim agora misturada com adrenalina. Puxei a nota e coloquei no bolso. Fugi correndo pelas escadas que davam para a rua. Parei num bar ali perto, comprei uma cerveja e um maço de cigarros. Sentei na calçada, fumei, bebi, olhei a cidade e as pessoas que passavam.

 

 

Voyeur

Hoje é dia de um post muito especial. Post escrito pelo meu amado marido. Delicie-se! 

***

Estava lá mais uma vez, o suor escorrendo pelo pescoço; mais um dia quente. Mesmo depois de tantos anos, não conseguia abandonar aquela sensação de primeira vez. O coração batendo mais forte, a boca seca, as mãos inquietas… a euforia. O sentimento estranho de querer ir embora e querer continuar ali ao mesmo tempo, como que se não se sentisse assim, nem valia a pena fazer.
Antes achava aquilo íntimo demais, perigoso demais; mas já se sentia atraído pela coisa e depois que começou, simplesmente não parou mais. Não era como se estivesse fazendo algo errado. Se as pessoas não o quisessem ali observando, escutando, simplesmente não apareceriam para continuar fazendo aquilo, não é verdade?
Passou um tempo, a pessoa que ali estava terminou o que tinha ido fazer e saiu. Estava ansioso pela próxima. Era sempre a mesma coisa. Chegavam com vergonha, meio acanhados, mas era só esperar um pouco e já se soltavam.
O próximo indivíduo entrou, murmurou alguma coisa e ele respondeu:

– Diga, meu filho, quais são os seus pecados?