Na força do ódio. 

Reviver memórias dolorosas do passado pode ter pontos negativos e positivos.
Negativos quando você reexperimenta toda a dor e as tristezas do passado.
Positivos, por outro lado, quando você consegue transformar a merda em goiabada e aprender com tudo que você viveu.
Têm experiências que são apenas negativas? Experiências que não carregam lição alguma. Que são apenas catástrofes sem sentido que não deveriam ter acontecido? Eu acredito que sim. Tem coisas que são apenas uma merda mesmo que você não quer que aconteçam nunca mais na sua vida. Mas eu aprendi a olhar até essas experiências de outra forma. Elas deixam a gente com ódio. E não. Eu não acredito que o ódio seja um sentimento exclusivamente negativo.
O ódio faz com que a gente lute pela sobrevivência como nunca antes, fazem a gente querer vencer na vida para esfregar na cara de todo mundo que nos sacaneou que a gente é capaz. Que somos capazes de superar as nossas limitações. Que somos capazes de quebrar estas correntes que nos prendem à autodepreciação, à melancolia.
Quando esse ódio não nos joga para frente, contudo, ele nos destrói. Isso é verdade. A mais pura verdade. Nós temos as armas para acabar com a nossa própria vida. E eu não falo apenas de suicídio (não que seja pouca coisa), mas de uma perspectiva mais ampla, me refiro a comportamentos autodestrutivos e também das más escolhas.
Contra esse ódio que nos corrói nós temos que lutar.
Você não tem que ser feliz e sorridente o tempo inteiro. Também não vou ser super cult e sombria e dizer que a felicidade não existe. Existe sim e é muito boa. Vale a pena perseguir a felicidade. Mas ser feliz o tempo inteiro é doença, polianismo. No entanto, afundar na raiva e na tristeza, quando elas te levam ao aniquilamento não é opção. Suas emoções negativas podem te ajudar a revolucionar a sua vida da maneira que vai te fazer bem. Então, aproveite isso.

Grite sua dor para fora. 

Bota tudo para fora. Agora. Tudo. Despeja. Fique bem.
Não guarda essa merda.
Mesmo se ninguém quiser saber. Não importa. Grita no travesseiro.
Certa vez, eu fui caminhar na Floresta da Tijuca com alguns amigos. Lá, no meio do mato, nós gritamos a plenos pulmões um grito primitivo que estava guardado no fundo da alma. É bom. É muito bom. Você vai se sentir bem depois. Grite sua dor. Coloque ela no mundo. Depois descansa. Relaxa e renasça para a vida que se desdobra lindamente na sua frente levando a um futuro maravilhoso. E não esquece de me chamar. Eu vou tanto para gritar na floresta quanto para comemorar a sua felicidade.

Até mais, domingo. Volte logo! 

Esse domingo vai embora deixando flores pelo caminho, cheiro suave de raios de sol no sofá, a barriga cheia de comidas que só no domingo tem tempo para preparar.
Adeus domingo, até semana que vem. Volte logo trazendo meu descanso, tempo ocioso e uma boa desculpa para não olhar o whatsapp.
Já estou com saudades!

Vale tudo pelo autoconhecimento? 

Ontem eu fui até Friburgo passar o dia com minha mãe.
Foi uma comemoração particular tardia dos nossos aniversários.
Por que tão longe (considerando que eu moro a 3h de distância)? Nós íamos visitar a Casa do Reike para uma consulta de tarot com uma mulher chamada Eliana Polo.
Fomos então jogar o tarot.
Foi a primeira vez que eu passei por essa experiência. E eu gostei bastante.
Aí você me pergunta: Mas, Olivia, você acredita?
Não acho que esse seja o ponto principal da questão. Eu não sei se eu acredito, na verdade, mas eu queria estar ali. Então pouco importa se eu acredito ou não. Eu acho que vale tudo pelo autoconhecimento. E eu gosto muito desse espaço do atendimento terapêutico seja que tipo de atendimento for (percebo isso conforme vou experimentando mais formas diferentes de atendimento terapêutico). O que eu chamo de espaço terapêutico de atendimento? Qualquer encontro entre uma pessoa e um terapeuta em um ambiente seguro. É esse momento que você pode se proporcionar, no qual você encontra uma pessoa que dedica aquele horário dela a você. A te ouvir e te apoiar na resolução das suas questões. É um momento mágico em que você tem acolhimento para falar e trabalhar as suas questões. E, enquanto você está falando, a outra pessoa não está tentando te interromper para te falar da vida dela, para te falar o problema dela. Enfim, o espaço é seu! E esse é um espaço raro na nossa sociedade. Não é a mesma coisa que falar com seu amigo, seu marido, sua mãe.
Claro que cada profissional terapeuta (desde a terapia científica que é a psicologia até as terapias holísticos) vai ter a sua área de atuação específica, sua fronteiras, e isso deve ser respeitado. Se você está com um transtorno psicológico (depressão, ansiedade, pânico, toc, entre outros) procurar o tratamento médico adequado é fundamental, procure o psicólogo e o psiquiatra. Se você não tem questões emocionais patológicas, se você não está em sofrimento emocional e tendo prejuízos na sua vida, a psicologia pode te atender também, mas você não vai se prejudicar se procurar terapias alternativas. Inclusive, nada impede você de fazer o trajeto, memso no caso do tratamento da spatoligias mentais, com o psicólogo e uma terapia holística ao mesmo tempo. Muitos dos meus pacientes fazem o acompanhamento psicológico comigo e fazem também o tratamento espiritual de acordo com suas crenças. E isso faz muito bem a eles. Tudo que te fizer bem, experiente!
E bom, eu ontem fui lá no tarot. E, como eu falei, eu queria estar ali, então tanto faz acreditar ou não, porque o espaço terapêutico tem esse grande potencial de te fazer se sentir melhor.
Mas falando da minha experiência com tarot especificamente como foi? Funciona assim: ela deu uma visão geral da minha vida atual e no próximo ano com as primeiras cartas que ela tirou. Depois nós fomos entrando nas questões específicas que eu queria perguntar. A cada questão que trabalhávamos eu tirava três cartas de uma fileira que ela espalhou na minha frente. Praticamente tudo que ela falou, bateu com a realidade. “Como você que diz que não acredita entende isso, Olivia”? Eu interpretava o que ela falava à luz das situações da minha vida. As coisas que a taromante diz são um pouco vagas e não muito fechadas, a princípio, e eu, a partir do que ela fala, ia completando as informações e dando sentido ao que era falado. Eu queria que as coisas fizessem sentido e isso é ótimo! “Se você quer que faça sentido você não está trapaceando”? Não! É aquela clássica história: a gente tem que querer ser ajudado. Então, parte do esforço é nosso mesmo! De trabalhar e interpretar as informações que nos são dadas e, como eu direi adiante, de fazer as previsões acontecerem. Se a taromante diz que você vai comecer o amor da sua vida, mas você fica trancada em casa, você não vai conhecer ninguém. Até quando Jesus realizava milagres, a pessoa tinha que ir até ele. De para entender a idéia?!
Continuando… Quando você pega o que a taromante diz e preenche ou recheia com informações da sua vida, ela vai podendo te orientar melhor dentro do conhecimento, sabedoria, enfim, dentro da perspectiva e intuição dela. E aí funciona. Você tem ali uma pessoa que quer te ajudar, se você quiser ser ajudado e entender que a responsabilidade da sua vida é sua, e não do terapeuta, aí pode ser bem legal. Ela faz algumas previsões também. Do tipo adivinhação mesmo. Como eu entendo isso? Como elementos motivacionais, principalmente. As previsões são boas, então eu vou me mover para tentar efetivamente concretizá-las na minha vida. Se a previsão for boa e eu ficar deitada no sofá, nada vai acontecer. A previsão é como uma porta aberta, você tem que passar por ela sozinho.
Bom, depois dessa experiência nós comemos uma truta! (E tem umas muito boas na estrada do Rio para Friburgo). Chegamos em casa de noite.
Foi um excelente dia. Dar uma fugida da rotina, fazer um passeio diferente, ir à taromante pela primeira vez. Quantas experiências! Eu vivo me prometendo que eu vou te rmais dias desse tipo na minha vida…

Só mais um desabafo, que eu queria chamar de “Aos queridos professores”, mas me falta coragem, pois eu ainda tenho medo deles. 

Para todos os jovens brilhantes que não tiveram dinheiro par apermanecer na faculdade, aos jovens que se matarem no meio do caminho, aos que foram humilhados em salas de aula pelo mundo inteiro, para todos os alunos que já tiraram zero em alguma avaliação ou que repetiram mesmo sabendo a matéria. Para todos vocês, saibam que não estão sozinhos.
Para todos os professores em quem a carapuça não servir, meu sincero reconhecimento, a vocês eu agradeço pelo trabalho bem feito. No entanto, antes de se escusar da acusação, certifique-se de pensar duas vezes na sua atuação profissional. Eu, certamente, me debato com essas questões quase todos os dias.

O avanço da ciência. Feito de corpos sobrepostos, de sonhos de estudantes destroçados. Os sonhos e os estudantes. E seus corpos também. Seus corpos que se jogam da UERJ, que são assassinados no Fundão, seus corpos que passam fome e frio no alojamento, que sentem saudades de casa e raiva e medo dos orientadores. Um aplauso acadêmico e respeitoso aos metres, pois eles sabem mais do que nós! Parabéns! Pelas lágrimas dos estudantes. Isso vai cair na prova? Eu não sei fazê-los chorar como vocês fazem. Vai ter consulta? Eu posso te ver humilhá-los mais uma vez antes de eu mesma tentar? Mas não. Eu não vou tentar. Não faria isso nem em um milhão de anos. Você já se disse isso alguma vez? Você tinha um coração antes de receber o primeiro salário? Você entraria para o uma organização que você sabe que assassina jovens sonhadores se não como um infiltrado para tentar fazer diferente e vencer o inimigo por dentro? Uma vez lá dentro, eles te pegaram, não foi? E arrancaram esse coração? Foi isso, não foi? É como aquela música fala: todo mundo já foi criança um dia. Até você, professor. Nem eu sei mais se acredito nessas palavras, sabe? Eu acho que você nunca teve coração. Fofo. Fraco. Fraqueza. Estou eu aqui falando em coração quando devíamos discutir os cérebros. Já viu um professor universitário demonstrar fraqueza? É por causa do cérebro dele. Tem que se provar sempre o melhor. Esse é o segredo mais profundo. Eles não são os donos do conhecimento, mas precisam fingir ser. Se não o mundo deles cai. Eles precisam dessa miserável satisfação de fazer ao aluno uma pergunta irônica e de corrigir a resposta: “Aha! EEEEEEEEEEERRRRRAAAAADDDDOOOOO!!!!!!!!!” Da para ver a sua felicidade no canto dos olhos, você saliva e a baba escorre pelo queixo, todos os dentes da boca aparecem, você estufa as narinas exibindo os pelos nasais mal aparados e esfrega as mãos manchadas de vermelho. Essa ciencia eu não quero aprender e a ciência que me importa não foi você quem me ensinou. Você me coagiu a não colar nas provas e a assistir suas aulas. Você me fez abaixar a cabeça com as correções das minhas perguntas “descabidas” e me fez acreditar que eu era burra com suas notas e avaliações. Mas eu pude ver por detrás das suas boas intenções. Das suas humilhações que eram todas para o meu bem. Sabe qual é o nome disso? Abuso moral. Abuso moral não forma ninguém. Todo esse conhecimento, essa riqueza, aí dentro da sua cabeça, mas, por algum motivo, tão difícil de acessar… Eu devo ser muito incompetente mesmo, não é verdade? Você tão bem intencionado. E eu aqui querendo te sacanear. O mau, mal, aluno. Quase sinto pena de você pelas minhas noites mal dormidas, pela minha bolsa de 300 reais, pelo meu ticket refeição e vale transporte inexistentes, pelas humilhações que eu passei, mas espera…. Quem sofre é você ou sou eu? Estou confusa agora. Eu achei que eu é que levava a vida boa… E que você, com seu salário, seu carro, sua casa na Zona Sul, suas duas disciplinas por semestres, seus pós doutorados de seis meses fora do país e suas viagens para congressos internacionais é que estava sofrendo… Mas isso não mais me parece certo. Parece que tem alguma coisa errada nesse coitadismo seu, professor. E você tem a cara de pau de dizer que eu me faço de coitada. Sério? Não liga para dinheiro quen vive de ar e eu não posso me dar a esse luxo ainda. Não se importa com a hora de ir embora da faculdade quem vai de táxi ou de carro para casa. Não se importa com a quantidade de horas de trabalho que, na verdade, trabalha pouco ou quem ganha para isso.
Com todo respeito, mestre, o meu caminho fui eu que fiz APESAR de todas as vezes que você tentou me derrubar. Eu sou inteligente para caralho e não foi por uma palavra que você falou que ficou na minha cabeça, nem por uma questão de prova que você zerou, que eu me senti motivada a estudar. Eu tive tempo de estudar depois de colar e passar na sua prova inútil da sua matéria inútil. E é você quem tem que viver com a infelicidade de saber que a sua matéria inútil, na qual você dá a sua aula inútil e a sua prova inútil, são os pontos altos do respeito e da felicidade que você acha que tem em sua vida inútil.

Coloque uma pitada de felicidade na sua tristeza.

– Eu acho que estou me sentindo melhor.

– Que bom! O que melhorou na sua vida?

– Algumas coisas… O chato é que eu continuo não conseguindo ir malhar três vezes por semana ainda e a alimentação ainda não está do jeito que a nutricionista falou.

– Mas já melhorou alguma coisa, não é? E você já está indo à academia? Da última vez que nos falamos você ainda não tinha se matriculado.

– Sim. Mas você sabe que ainda aconteceu outro problema? Sabe aquele prazo do trabalho que eu falei?

– Sim.

– Já está chegando e eu ainda não consegui entregar nada.

– Mas você não perdeu o prazo ainda?

– Não, mas está perto. Não sei se vai dar tempo.

– Entendo. Mas você disse que as coisas haviam melhorado?

– Sim. Acho que estou melhor ultimamente.

– Me diga o que melhorou!

– Ah, algumas coisas melhoraram. Só essa questão do trabalho que ainda está complicada, sabe? Ainda tem aquele cara me tira do sério. Ele é um saco. E, menina, nem posso te chamar para ir lá em casa. Está tudo uma bagunça!

– Mulher! Você me disse que as coisas melhoraram. Eu te perguntei o que melhorou, mas você me responde com outros problemas! As coisas melhoraram ou não?

– Melhoraram sim!

– Então, cacete, me diz especificamente o que melhorou! Faz esse esforço.

– Hum, ok. Bom, como você falou, eu comecei a frequentar a academia. Faz um mês já. Eu não estou conseguindo ir as três vezes por semana que seriam ideais, mas eu fui uma ou duas vezes por semana nesse tempo. De qualquer modo, começar a fazer academia me animou e eu passei a usar as escadas no trabalho. Menos quando chego atrasada, porque eu ainda não estou dormindo tão bem assim. Mas ok, você quer as coisas boas.

– Isso.

– Eu fui à nutricionista também, não é? Eu estava precisando voltar. E já estou comendo melhor. Perdi um quilo só esse mês, mas já é alguma coisa.

– É verdade. Parabéns!

– Obrigada. Hum… Esse prazo do trabalho, eu ainda não terminei, mas eu já fiz alguma coisa, na verdade eu já tenho em mente o que preciso fazer e, se eu focar nos próximos dias, eu acho que consigo terminar a tempo.

– Você já passou por situações desse tipo antes? Conseguiu cumprir os prazos mesmo depois de procrastinar?

– Sim.

– Então as evidências estão a seu favor.

– Acho que sim. Bom, estou feliz também porque minha família está apoiando a dieta. Meus filhos reclamam, mas sabem que é para o meu bem, então eu tenho feio algumas comidas diferentes para eles, mas eles têm comido comigo coisas saudáveis da dieta. Isso me poupa trabalho.

– Ótimo.

– É verdade. E eu também estou pensando, sei lá, estou querendo viajar ou fazer algum passeio bacana… Não sei bem ainda, mas tenho me sentido mais animada ultimamente.

– Que bom! Parece que tem muita coisa boa acontecendo em sua vida.

-É. Acho que sim.

 

 

Reconhece esse tipo de situação? Para falar das coisas negativas nós temos uma bela memória, criatividade e vigor, mas as coisas positivas precisam ser arrancadas de nós. Dependendo de com quem estivermos falando, essas informações ficarão guardadas dentro de nós e não serão valorizadas. Ou pior, serão esquecidas. Da próxima vez que você for falar da sua vida, esforce-se por pensar e colocar para fora as coisas boas. Não precisa ser feliz como nos comerciais de margarina, mas coloque pelo menos uma pitada de felicidade no meio da sua tristeza.