Estava hoje no ponto com meu namorado praguejando contra o ônibus que não passava nunca. Uma menina perguntou se também estávamos esperando o ônibus tal, nós respondemos afirmativamente e mencionamos que já estávamos no ponto há quase dez minutos. Meu namorado perguntou para onde ela estava indo. Para a universidade. Assim como eu e meu namorado, que continuou puxando assunto com ela. Acaba que a menina já tinha ido para Cuba turistar. Ela começou a contar o que era mito e o que era verdade sobre a vida em Cuba, mas já era tarde demais para mim. Eu estava perdida da conversa. Já mergulhara em uma profunda e familiar angústia. Eu comecei a me sentir extremamente desconfortável e, agora que eu já tenho a prática adquirida com anos de sofrimento, consigo identificar prontamente o sentimento de ciúmes tomando conta de mim.
Na minha cabeça meu namorado já estava de pau duro e ela lambia os beiços para ele. Imaginei-a usando um baton vermelho bem brilhoso que não ia sair quando ela o chupasse.
Quando eu sinto ciúmes, começo a vasculhar o corpo da outra mulher para me sentir no controle do que meu namorado está vendo. Imaginei que ele devia estar se perguntando se a garota usava calcinha debaixo do short ou não, pois o short lhe marcava bem o meio da bunda. Acho que ele preferiria acreditar que não. Olhei para ele e vi que esfregava uma mão na outra. Ele deve estar se imaginando esfregando a buceta dela, óbvio. No mundo ideal da cabeça dele, ele provavelmente se aproximaria dela, que fala agora alguma coisa sobre os livros didáticos cubanos e comenta que eles não possuem imagens. Nem mesmo os livros de história. Eu tento me desvencilhar do sentimento mutilador para entender o motivo de tanta aridez nos livros infantis, mas quando percebo o modo como ele olha para a garota e comparo com aqueles olhares de soslaio que ele direcionava a mim desde que se iniciara a conversa com a outra eu fui relançada à imaginação. Pois bem, ele dá o primeiro passo em direção a ela. A aproximação a princípio não é total, de modo que as superfícies de seus corpos apenas roçam uma na outra. Antes de beija-lo, ela tira a camisa e expõe seios firmes e fartos. Ele enfia uma mão na própria calça para puxar o pau para fora, já ereto, largo, comprido, rosado, roliço; a outra mão agarra o peito direito da menina. Antes de beijar-lhe a boca, beija-lhe o peito esquerdo. Nesta cena os peitos da meninas estão puxados em direções opostas. Um mamilo aponta na minha direção. O outro só Deus sabe para onde no interior do meu namorado ele apontava. Meu namorado se afasta para tirar o short da menina. Sem calcinha. Meu namorado é delicado e ela desfruta de cada um dos passos das preliminares apesar da urgência do tesão. Ele desliza junto com o short dela até o chão. Beija sua barriga, seu púbis, a lateral da coxa, a parte de cima do pé. Ela levanta uma das pernas e a apoia no assento. Nessa hora eu já nos imagino dentro do ônibus. Os peitos da menina sacodem livremente a cada solavanco em sintonia harmoniosa com o movimento relativamente restrito do pênis ereto, que também balança no ar, antes de se iniciar a penetração, que virá logo em seguida. Aqui já nos encaminhamos para o final da trepada. Há movimentos de repetição, que alternam rapidez, lentidão e algumas penetradas profundas toda vez que o ônibus passava em algum buraco ou quebra-mola. Ela goza, ele goza e a merda é que eu gozo junto.
Quando cheguei em casa fui perguntar ao Google o que estava acontecendo comigo. Estava confusa e desorientada. Ainda bem que o Google tinha um nome para o que eu estava sentindo: zelofilia. Significa a excitação sexual provinda do ciúme.
Acalmei-me imediatamente ao ler a palavra e sua definição. Estranha essa capacidade das palavras de nos confortar e de fazer com que não nos sintamos mais tão sozinhos no mundo. Senti-me abraçada e consolada pela palavra, unida a milhares de zelofilílicos espalhados pelo mundo, senti que minha experiência havia sido importante a ponto de ser categorizada pela ciência sexual. E ainda tem gente que me pergunta por que eu escrevo. Simples: escrevo porque sofro por motivos de ciúme ao passo que gozo pelo mesmo motivo e é só nas palavras que encontro aceitação positiva incondicional.
Que texto foda, menina! Olha, você bem devia ler Os cadernos de Don Rigoberto, um zelófilo (zeolofílico?) daqueles!
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Ótima indicação! Quero ler sim. Eu gostei da descrição que vc fez do livro e estou querendo materiais sobre esse tema!
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