Eu não acredito que Stephen Hawking faleceu. 

É claro que desde hoje cedo estou pensando a respeito de como escrever sobre a morte de Hawking.
A verdade é que não sei da vida dele para além do que é mostrado no filme A Teoria de Tudo e que não sei de seus estudos ou teorias.
Mas certamente eu sempre soube da figura dele. Do físico brilhante que venceu inúmeras barreiras e que, contrariando todas as chances, se tornou mundialmente e eternamente famoso.
No fim das contas ele era a encarnação da vitória da mente humana sobre todas as adversidades. E a existência dele era um conforto e uma fonte de inspiração.
Talvez seja estranha a notícia de sua morte justamente por isso, porque ele é um imortal.
Assim como outras figuras das artes, da filosofia e da ciência, seu nome, sua vida e suas idéias serão comentadas e debatidas vivamente ainda por muito tempo.
E nós estamos acostumados com o fato de que a grande maioria das figuras famosas que veneramos, admiramos, estudamos, está morta.
Mas este gênio imortal, Stephen Hawking, estava vivo e, infelizmente, faleceu hoje. Ele compartilhou do nosso tempo. Eu respirando aqui na minha casa e ele lá na dele. Esse é um sentimento que que a gente não aprecia todo dia.
Ainda mais por esses motivos, sua morte é uma grande tristeza e um tremendo choque.

Mas, vamos aguardar, quem sabe ele realmente quebrou a barreira da viagem no tempo e a gente ainda esbarra com ele de novo no futuro…

Déjà vu.

Nós temos a certeza de que a morte é o fim da nossa vida atual.
Isso não quer dizer que a morte é necessariamente o fim de tudo.
Há aqueles que acreditam na vida eterna, os que acreditam em reencarnação etc. Mas eu ainda não conheci nenhuma religião que diz que você, depois de morrer, pode escolher retomar sua vida do ponto onde parou e seguir como se nada tivesse acontecido (ou seja, escolher ressuscitar) ou, segunda opção, escolher ficar morto mesmo.
Seria assim: você morre e imediatamente se vê diante de um ente sobrenatural que te pergunta: “e aí? Vai ser dessa vez ou não”?
Aí você pensa, pensa… Lembra daquele curso que você não terminou de fazer… Daquela pessoa que está ficando para trás… E aí? Fico ou volto?
E você resolve voltar. Neste momento a sua memória é apagada, logo antes de você ser mandado de volta apenas com o gatilho necessário para não repetir a cagada que aconteceu antes.
Mas esse gap de tempo em que você ficou morto cria uma pequena distorção na realidade, que nós conhecemos como o fenômeno do já visto ou Déjà vu.
E quando a gente morre e volta, rebubina-se a fita um pouco (para que a gente não acabe morto novamente), para o ponto em que você ainda pode mudar o curso dos eventos, não disparando a cadeia de ações e acontecimentos que levaram até a sua morte. Com essa rebubinada, você pega um milissegundinho do que você já viveu e esse fenômeno se faz perceptível para que haja a tal interferência no rumo das suas ações: nesse momento você tem um Déjà vu. Ele geralmente quebra o ritmo dos acontecimentos momentaneamente. É desse gatilho que falamos acima. É aí que você muda o seu rumo.
Eu tive um Déjà vu hoje durante uma aula. No momento, eu estava decidindo se saía mais cedo ou não. Depois do Déjà vu eu pensei nessa teoria (na verdade, eu lembrei, pois era isso que eu pensava sobre o fenômeno na adolescência). Resolvi, então, fazer o contrário do que eu estava inclinada a fazer: fiquei até o final da aula.
Se a minha teoria sobre o Déjà vu estiver correta, eu já havia tomado a decisão de sair mais cedo e uma tragédia já teria acontecido. Eu teria morrido, mas resolvido voltar.
Voltei para o ponto em que eu estava tomando a decisão que acarretaria a tragédia e tomei uma decisão diferente.
Por que, então, se é possível escolher voltar, as pessoas acabam morrendo de modo mais permanente a certa altura de suas vidas? Eu imagino que tenha um número limitado de vezes que uma pessoa pode escolher voltar. E outra possibilidade, pode ser que nesse momento de escolher voltar ou não, a pessoa fique encantada com as maravilhas do outro mundo e resolva ficar pelo lado de lá mesmo. Então, tem essas duas explicações para a saída desta vida.
Tem também o problema do que acontece com a vida das outras pessoas quando se rebubinada o tempo. Bom, eu imagino a existência temporal e espacial como uma grande colcha tecida a mão. Se dá um problema em um pedaço, você desfaz aquele pedaço que deu defeito, você não precisa refazer o serviço inteiro. Na pior das hipóteses, você desfaz a colcha até chegar no pedaço que você quer consertar e depois continua.