Qual é o problema de sentir sono?

Quanto sono uma pessoa é capaz de sentir?
Todo dia de manhã, quando eu me levanto, fico repetindo para mim mesma: qual é o problema de sentir sono ao logo do dia?! Não é nada de mais. Mesmo assim, todo dia de noite me sinto um pouco nervosa por não conseguir dormir cedo.
Mas qual é o problema real de ficar com sono ao longo do dia? Na hora que bate aquela onda de sono e você fica com o olho ardendo, a cabeça pesada e você não consegue mantê-la em pé, parece a pior sensação do mundo. Mas se você lavar o rosto, pegar um cafézinho ou beber uma água e fazer um alongamento para acordar, você consegue espantar o pior da sensação de ter sono (mesmo que você tenha que repetir isso algumas vezes).
Mas tem um lado bom nessa história. Deitar de noite quando você está caindo de sono é bom para cacete!
Bom, eu tenho tentado trabalhar a minha mente para ver que sentir sono ao logo do dia é apenas isso: sentir sono e nada mais. Trabalhar nossas crenças e expectativas em relação ao sono é fundamental para melhorar a qualidade dessa área da sua vida. Sentir sono não é uma catástrofe.
Além disso, é claro, eu criei uma rotina para a minha noite. A rotina consiste em: tomar um banho quente, beber alguma coisa (qualquer coisa, mas de preferência uma bebidinha quente), escrever ( geralmente sobre meu dia e o dia seguinte), ler, e assistir vídeos relaxantes no celular até dormir. A rotina está funcionando muito bem. O que eu tenho que trabalhar ainda é o fato de que eu inicio a minha rotina já muito tarde. Seria ideal, para mim, iniciá-la às 23h.
Sempre nessa luta do sono, mas alcançando cada vez melhores resultados. Nem tenho dormido tanto mais, mas tenho sofrido menos com isso.
Para finalizar, a última questão importante quanto à qualidade do sono é: Como acordar de manhã? Eu tenho muuuuita dificuldade com isso. Comecei a abordar o problema como eu sempre faço: lendo, pesquisando sobre o assunto. Cheguei numa idéia que estou querendo testar. A “Regra dos Vinte Segundos”. Se você pensar por mais de vinte segundos sobre uma coisa que você não quer fazer, você tem maiores chances de não conseguir fazer aquela coisa. Isso vale para levantar da cama, sair de casa para ir à academia, sentar para estudar etc. Então, a minha idéia é eliminar o cochilo, aqueles “mais dez minutinhos da manhã”… Vamos ver no que vai dar.

Rotina: um mal necessário. 

Rotina é uma coisa engraçada… Ruim com ela, pior sem ela.
A minha “rotina” é muito louca. Com o consultório e as aulas, cada dia estou em um lugar diferente. Nos dias em que acordo com mais sono eu fico desnorteada, do tipo: “que dia é hoje? Para onde eu tenho que ir? Hoje é Tijuca, Vila Isabel, Botafogo, Ipanema, Barra? Consultório ou aula?” maior loucura. Fora o medo de ter esquecido de anotar algum compromisso na agenda e acabar esquecendo de cumprir alguma obrigação.
Às vezes eu fico sonhando com um emprego de escritório, todo dia, de nove às seis… Tradicionalzão… Sabe? Eu sei que seria uma merda. Eu ia começar a me sentir sufocada em menos de um mês. Prefiro a minha bagunça mesmo no fim das contas, o que não quer dizer que essa ausência de rotina seja completamente positiva. Eu ando bastante, estou sempre na rua vendo gente e tomando cafés diferentes. Por outro lado, eu gasto muito tempo me deslocando de um lado para o outro e fica difícil fazer programações de médio e longo prazo.
A gente precisa mesmo na vida de uma certa estrutura e organização. Acho que por isso mesmo eu prezo e busco sempre ter atividades extras em horários fixos, ter metas diárias. Tudo isso ajuda a criar uma rotina mínima que é muito boa para a saúde mental.

Ainda bem que não somos mais crianças. Os psicólogos do desenvolvimento vêm dizendo que a rotina é essencial para o bom desenvolvimento da criança. Dá para entender o porquê. Sua ausência afeta até os adultos, imagina o que não faz com os pequenos!

Meu marido acha que esse é uma fase que estamos vivendo. Essa vida de doutorando que trabalha de maneira autônoma. Quem sabe? O importante é que a gente tem que arranjar um jeito de não sofrer ou de sofrer menos com isso enquanto não dá para mudar. E criar, nas brechas que existem, os pilares dessa vida louca.

“O seu dia começa aqui”.

Eu não fui geneticamente constituída para acordar cedo, como eu já falei para vocês.

Mas eu tenho tido que acordar bastante cedo nas ultimas semanas e eu não vejo isso mudando nos próximos meses. Vou estar ainda mais atarefada do que nas últimas semanas, com muitas atividades logo cedo.

Eu tenho sentido ao longo do dia aquele cansaço que eu não me lembro de sentir desde os tempos de faculdade.

Durante os tortuosos anos da escola e o início da faculdade, eu era obrigada a acordar cedo todos os dias. Eu vivia com uma funda olheira e um cansaço constante. Do meio da faculdade e diante, já fica bem mais fácil fazer o seu horário de modo que você não pegue matérias no período da manhã e os meus estágios em clínica e pesquisa também eram em horários favoráveis ao meu ritmo biológico.

Quando comecei a trabalhar em consultório particular e fazer o mestrado, meus horários continuaram sendo ajustados ao meu ritmo biológico. Eu tinha que acordar cedo uma ou duas vezes na semana, o trabalho e o estudo ficavam para os turnos da tarde e da noite.

Ultimamente, novas atividade profissionais têm me feito acordar cedo mais umas três vezes na semana. Este novo projeto vai durar ainda pelo menos três meses, portanto, tem muita barra para aguentar ainda (com o meu esforço para que isso renda bons frutos, claro).

Mas, enfim, estas são as minhas escolhas no momento.

O que tem me incomodado é que eu tenho tido que pegar o metro quando saio para trabalhar cedo. E o metro teve a horripilante ideia de colocar a frase O SEU DIA COMEÇA AQUI, assim mesmo, em letras garrafais nas estações. E eu fico muito irritada quando eu vejo essa frase. Não, Metrô Rio, o meu dia não começa aí, quando eu pego o metro para trabalhar.

O meu dia começa na minha casa quando o meu despertador toca pela primeira vez e eu, ainda zumbizando de tanto sono, aperto o botão da soneca no celular. Três ou sete minutos depois, soa o despertador do meu marido. Ele gosta de números quebrados e ímpares, então, enquanto eu ponho o meu despertador para 07h, ele põe o dele para 07h03 ou 07h07. Nesse momento eu já estou um pouco mais desperta. Quando o soa novamente o meu alarme, eu, geralmente, levanto da cama.

Então, dependendo do meu humor e do quão cansada eu estou, eu coloco uma série “aconchegante” para passar na TV (tipo Friends), ou eu coloco música para tocar. Nos dias em que eu estou mais cansada, música para dar um up, nos dias em que estou mais mal-humorada, uma série costuma me deixar mais felizinha (só uma curiosidade: o meu corretor quer que eu corrija “felizinha” por “feiazinha”. Onde esse mundo vai parar, meu deus?!), traz boas sensações.

Eu deixo o café passando enquanto tomo banho. Às vezes meu marido levanta para me ajudar com essas coisas. Ele prepara o café da manhã, separa algumas coisas que eu tenho que levar caso eu tenha esquecido de guarda-las na bolsa que deixo pronta da véspera, me dá uma opinião quanto à roupa.

Comemos falando sobre como vai ser o dia.

Últimos retoque e verificações e eu estou pronta para sair.

Eu moro a meio caminho entre duas estações de metrô. Ou eu ando 20 minutos até uma delas, ou pego um ônibus até a outra. 20 minutos de caminhada para pensar na vida, quando eu saio cedo e não estou de salto, essa costuma ser a minha opção; ou a aventura que é andar de ônibus no Rio de Janeiro, quase sempre, uma aventura.

Aí, enfim, eu chego até o metrô.

A gente não pode menosprezar nenhum momento das nossas vidas. Mesmo na correria da manhã, eu passo ótimos momentos e isso me dá energia e felicidade para passar o dia. Se o metrô me convence de que o meu dia começa ali, naquela lata de sardinha com o trabalho como a próxima parada, por mais que eu goste do meu trabalho, eu piro.

Só o que me falta é eles começarem a colocar esses letreiros, que atualmente são tipo cartazes, por painéis tecnológicos que, às quatro horas da tarde vão mudar para SEU DIA TERMINA AQUI.

Nada feito. Ou a falha do método de virar a noite para acertar o sono. 

Nada feito. No texto de ontem eu disse que iria testar isso de virar a noite acordada para acertar o sono. E nada feito.
O que eu descobri é que, se você fizer uma pesquisa sobre esse método no Google, vai encontrar várias matérias dando dicas de como conseguir virar a noite acordado – para propósitos de estudo ou trabalho – e opiniões controversas a respeito da validade do método para ajustar o clico de sono.
Achei bizarro essa questão das dicas para virar a noite. Na internet tem todo tipo de dica para todo tipo de coisa idiota.
Seria bom se esses textos fossem políticos: se seu trabalho ou estudo estão te exigindo tanto que você está tendo que virar noites para cumprí-las tem algo errado com seu emprego, sua escola ou sua faculdade.
Eu não estou falando que eu tenho problemas para dormir porque minhas obrigações tem me mantido acordada. Eu faço de tudo durante a madrugada: vejo filmes, séries, exercícios, leio, estudo, refeições etc. Eu tenho toda uma vida de madrugada.
Bom, tentei virar a noite para acertar o horário de sono na esperança, mais uma vez, de que esse fosse o ponta pé inicial para que eu pudesse normalizar a minha rotina, ou seja, adequá-la às exigências sociais de viver durante o dia e dormir durante a noite.
O que aconteceu foi que eu passei o dia exausta. Entre oito e dez horas da noite eu estava quase dormindo, mas segurei com medo de dormir cedo demais e acordar de madrugada. Deitei onze da noite e li um pouco (até porque minha meta de ler duas página por dia, pelo menos, já está em curso). Lá para meia noite me deu uma onda de energia. Eu fiquei na cama lendo, e lendo, e só senti que comecei a relaxar de novo em torno de duas da manhã. Fechei o livro e fui dormir pouco tempo depois disso. E, para completar, não consegui levantar cedo hoje. Estava com muito muito muito sono.
Então, método reprovado na minha opinião. Não serve nem para emergências, pois, mesmo virando a noite no dia anterior, eu não consegui ir dormir cedo e muito menos acordar cedo no dia seguinte.
A psicologia tem apontado que o melhor método para regularizar o sono é a criação de hábitos saudáveis na hora de dormir. Estabelecer uma rotina de sono e mantê-la todos os dias.
Por causa do meu ritmo biológico – eu sinto que o que me atrapalha a dormir cedo é mais do que um mal-hábito, ainda há de se reconhecer que certas pessoas têm um ciclo de sono diferente – eu ainda tenho receio de me comprometer com uma meta em relação ao sono. Acho que eu poderia acabar falhando e sofrer muito ainda por cima.
Deitar na cama e não conseguir dormir, ficar rolando de um lado para o outro, é uma experiência traumática para mim.
Muitas horas da adolescência e da vida adulta passadas desse jeito.
Eu me pergunto, de vez em quando, se é uma questão de ansiedade. Essa é a hipótese que as pessoas mais levantam também: “Será que você não está deprimida ou ansiosa?”. Isso porque dizem que as pessoas que sofrem com ansiedade são aquelas que demoram a pegar no sono, as que acordam antes da hora geralmente são as que sofrem com depressão. Junta as duas coisas, a pessoa dorme mal a noite inteira.
E realmente, quando eu estou na rotina de ir para a cama cedo, eu demoro a dormir, eu acordo durante a noite e eu acordo antes da hora.
Lembro-me de certa vez, quando eu era pequena, eu faria um passeio da escola no dia seguinte. Eu não lembro mais qual foi o passeio, mas eu me lembro de ter acordado durante a madrugada, me arrumado e dormido de novo já pronta para ir para a escola. Foi a primeira vez que eu acordei durante a noite e tive problemas para dormir da qual eu me lembro. Naquela ocasião, estava ligada à ansiedade.
Contudo, eu não me considero uma pessoa ansiosa. Quando tem algum prazo chegando ou alguma ocasião importante, eu sinto ansiedade. Então, eu sou uma ansiosa de ocasiões especiais. Nada demais. Quem não é?
Também não tenho me sentido particularmente triste. Eu sou meio pessimista em relação à condição humana (profundo, não é?), mas isso não caracteriza uma depressão.
Sem contar com o fato de que, e esse é o principal argumento na minha opinião, o meu sono fica mais delicioso quando vou dormir seis da manhã. Quando eu deito em torno das seis da manhã, eu pego no sono imediatamente, eu durmo direto e eu acordo com o despertador, super descansada oito horas de sono depois, duas da tarde. Ou seja, meus problemas de sono desaparecem. Se fosse uma depressão ou ansiedade que eu não estou sendo capaz de identificar, não desapareceria com a mudança do meu horário de sono.
Sinceramente o que me causa mais ansiedade e depressão é a necessidade de dormir cedo.
Quando eu começo a pensar que vou ter que acordar cedo no dia seguinte e que não vou conseguir dormir cedo, que vou ficar com sono o dia inteiro… Nossa! Eu fico realmente muito deprimida e ansiosa.