“Por onde andam meus pés”? Dia 10.

Hoje a foto é quase uma desculpa para mostrar a nova decoração da parede do meu quarto de estudos.
Nós estamos fazendo uma boa arrumação na casa para o Ano Novo. Coisas mais estruturais sabe?
Aparafusamos o vaso sanitário no chão. Aparafusamos mais ou menos… Na verdade quem fez o trabalho foram meu marido e a família dele.
O vaso já tinha quebrado há quase um mês. Nós tentamos até chamar o cara que estava trabalhando na obra aqui do lado, num apartamento vizinho, para resolver aqui a situação.
Beleza. Pedimos o telefone do homem para a dona do apartamento, começamos a ligar e nada. Fomos lá falar com a mulher para confirmar o número e ela falou que era para tentar ligar só de madrugada! Que doideira, cara. Mas, ok. Passamos a ligar lá para depois de meia noite. E não deu jeito. Não conseguimos falar com o cara nem vimos mais ele aqui na obra.
A alternativa foi meter a mão na massa.
Eu e meu marido estamos pensando em sair do país. Aposto que você também está, certo? Bom, a probabilidade era alta de você dizer sim. Tem muito gente pensando nisso. Porque eu mudei de assunto assim bruscamente? Então, estávamos pensando em sair do país e, no exterior, queríamos realmente mudar de vida. Tentar outra profissão, viver uma vida simples e pacata. Nesse sentido, eu considerei fazer um curso de mestre de obras. Acho que eu ia gostar, sendo bem paga, de trabalhar construindo coisas. Meio como aquela música “Cidadão” do Zé Ramalho. Só que sem a parte triste… Vê-los fazendo esses trabalhos braçais me fez pensar nessas coisas… Enfim, assunto para que eu me estenda em outro texto.
Quanto ao vaso, já não era sem tempo de concertar.
Estávamos fazendo xixi no bidê e o número dois na rua na maioria das vezes porque estava um perigo sentar naquele vaso.
Consertamos a descarga também. Todo mundo sabe que a desgraça vem em pares. Então, pouco depois que o vaso quebrou, a descarga deu pau também.
Além disso, mudamos alguns móveis de lugar. Ficou bem melhor do que estava antes. Estou feliz com a mudança e a nova decoração. Subi e desci da cadeira o dia todo para colar esse papel contact na parede. Isso mesmo! Papel contact. Aquele que a gente usava para encapar cadernos do CA até a quarta série.
Meu pé penou muito. Mas lembra o que eu disse? São as costas que estão doendo e não os pés. Eles quase nunca reclamam.
E foram meus pés e mãos que me levaram a terminar o dia apreciando ainda mais este apartamento. As costas estão doendo porque eu não devo saber me mexer direito, não é?! Eu devo fazer tudo colocando peso na coluna, porque isso é incompreensível. Nem peso eu peguei. Mas, enfim…
Depois da perda, há poucos meses, do primeiro apartamento onde morei com meu marido, tenho sentido a necessidade de investir mais nesse aqui.
Os maiores problemas do meu apartamento atual são o barulho e a poluição.
Em relação ao barulho eu já tomei a decisão de trocar as janelas por aquelas a prova de som. Resolução para o ano de 2018.
Tem 19 pistas de carro que passam bem aqui embaixo da janela do meu apartamento. 19. Tem noção? É muito barulho e muita poluição.
Pois bem, para o barulho, a tal janela especial. Ela é feita de um vidro bem grosso, da largura de um tijolo.
A poluição já é mais complicada de combater. Eu decidi adquirir um purificador de ar. Além disso, estou escolhendo plantas para o apartamento que parecem ajudar a combater a poluição. Vi uma reportagem na internet com as cinco plantas que a NASA recomenda para tal propósito. Não resisti. Muito maneiro isso de: “Eu adquiri as plantas que a NASA recomenda”! Me sinto importante. Já comprei três delas e estou procurando as outras duas. Vou deixar o link da reportagem para vocês.

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151127_plantas_poluicao_mdb

Como é da BBC, eu acreditei.
Eu havia planejado fazer esta série dos pés até amanhã. Para fazer um balanço de por onde eu andei nos últimos dias do ano. O interessante é ver que, apesar do clima do fim de ano, da quebra da rotina, das obrigações diferenciadas desse período, a vida não muda tanto assim. Eu continuo trilhando os mesmo caminhos de sempre.
O bom foi que este foi um exercício de Mindfulness. (Não sabe o que é? Depois eu explico melhor!). Me fez prestar mais atenção a estes mesmo caminhos de sempre. Bom, mas o balanço completo eu faço amanhã.
Por hoje eu vou terminar de arrumar a casa, pois ainda tem umas coisinhas fora do lugar.

“Por onde andam meus pés”? Dia 9.

Mais um dia, mais amigos.

Hoje fomos almoçar fora e comprar plantas na CADEG – o Mercado Municipal do Rio de Janeiro. Sabe aquele centro turístico que você visita quando vai à São Paulo que tem muita comida boa? Então, aqui no rio também tem (pena que a comida é tão cara. Se não fosse assim, eu iria mais vezes).

Para comprar plantas o mercado é muito bom e muito barato.

Os assuntos do dia foram preconceito linguístico e uma prova filosófica da existência de Deus supostamente baseada em premissas comprovadas pela Física. Pois é. Meus amigos são todos muito inteligentes, esses de hoje são os que adoram falar sobre assuntos acadêmicos o tempo todo.

A questão do preconceito linguístico apareceu quando estávamos falando sobre correção de provas. Alguns de nós são professores e temos a missão de “testar” o conhecimento dos alunos. Estávamos comentando o fato alarmante de que alguns alunos entram na faculdade sem ter o mínimo domínio da língua escrita. Algumas coisas que os alunos escrevem nas provas são indecifráveis. A questão é: pedir que os alunos utilizem a norma culta da língua resolve esse tipo de problema? Ou será que estaríamos apenas cometendo preconceito linguístico sem colaborar em nada para o desenvolvimento acadêmico, e intelectual de uma maneira mais ampla, dos nossos alunos? Resumindo: a norma culta da língua não garante o 10 que depende do domínio da matéria e da clareza e coesão da expressão escrita do aluno.

No fundo, no fundo, enquanto estamos tendo essas discussões, eu fico pensando: “Meu Deus! Como a gente cresceu! Meus amigos agora são professores universitários! Eu mesma comecei a dar aulas em uma instituição de pós-graduação. Eu me seguro para não comentar estas coisas o tempo todo porque as pessoas simplesmente dizem: “E daí, menina? É isso mesmo”. Daí que eu acho que eu sou muito deslumbrada com a vida e acho todas as coisas maravilhosas e impressionantes. De vez em quando eu tenho crises de riso, baixinho quando estou sozinha, pensando no fato de ter conhecido e me casado com o meu marido, de ser filha da minha mãe, neta da minha avó, de ter escolhido a profissão que escolhi. Tudo isso tinha tudo para dar errado. Se eu tivesse virado à direita no lugar de virar à esquerda em alguma das esquinas da vida… Tudo poderia ter sido diferente.

Isso nos leva ao segundo tópico da discussão de hoje, a prova da existência de Deus. Também resumidamente: Para que houvesse a possibilidade de existir vida no nosso universo do jeito que existe – veja bem, para existir a possiblidade de existir vida, como meu amigo frisou, não a vida em si, mas a mera possibilidade dela – todas as constantes da física só poderiam variar dentro de um intervalo muito pequeno dentro de uma infinidade de possibilidades. Só um design inteligente poderia ter feito com que tudo acontecesse precisamente desta maneira. Essa é a ideia. O problema com este argumento é que ele não é o mais simples possível. O mais simples possível é acreditar no acaso. O mero acaso.

Veja bem, o Deus que a filosofia pretende provar não é o Deus da religião. Ele não é um Deus onipotente, onisciente, onipresente e amoroso. A prova filosófica só consegue falar de uma força, consciente e dotada de vontade, que escolheu criar um universo com a possibilidade de que existisse vida nele. E ponto final.

Como eu disse, o acaso é a explicação mais simples. Mas eu entendo. Eu não falei com vocês do meu marido? Da minha mãe? De todas as coisas que aconteceram na minha vida? Pensar que tudo isso vem do mero acaso é pouco romântico e angustiante.

Imagine os votos de casamento desse universo perfeitamente racional:

 

“Fulano, é até difícil para mim dizer que fico feliz em ter te conhecido e escolhido me casar com você, porque eu tenho certeza de que se o acaso tivesse colocado outra pessoa no meu caminho as chances de eu me apaixonar por essa outra seriam, teoricamente, as mesmas. Mas foi você que apareceu, então… Ok. Ficaremos juntos, de hoje em diante, até que o acaso nos separe da mesma maneira aleatória que nos uniu”.

 

Nada Disney, não é? (Sem contar com o fato de que nesse universo perfeitamente racional é bastante possível que não existisse casamento).

Como doutoranda em filosofia devo dizer que amo discutir temas etéreos e tão fundamentais quanto Deus e a origem do universo, a essência do ser humano e os fundamentos do comportamento ético, mas, sinceramente, essas discussões só têm significado na minha vida, porque posso dividi-las com esses pezinhos encharcados.  

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