Poesia de Facebook. 

Meia noite eu começo a escrever o texto.
Primeiro dia depois de um ano que eu virei meia noite sem escrever. Eu ainda não dormi, portanto, para mim, não acabou o dia, mas eu virei as 24h sem escrever, sem publicar.
O mundo não caiu. Nada de catastrófico aconteceu.
Preciso de um tempo para digerir esse meu novo processo. Entender qual é o próximo passo na escrita.
Por isso hoje vou publicar uma bobagem leve para relaxar!

Quero compartilhar o que eu considerei uma ótimo poesia que veio de uma brincadeira do Facebook. Você digita “Eu sou” e depois deixa a sugestão do seu celular terminar a frase para você. O meu ficou assim:

“Eu sou o único e exclusivo propósito
de que o ser humano é um bicho muito sociável
mesmo que você esteja no zap
com alguma pessoa querida amiga”.

Coloque a caneta no papel e deixe a magia acontecer. 

Eu não posso negar que escrever me faz extremamente feliz. Escrever qualquer coisa. Colocar idéias no papel. Tidos os tipos de idéias; sonhos, mistérios, tesouros, unicórnios, tristezas e alegrias. Ou mesmo simples palavras. Palavras puras que fazem uma dança nova na nossa cabeça cada vez que as lemos. Palavras pequenas ou compridas, bonitas ou feias, dicionarizadas ou não. Toda palavra escrita me faz sorrir.
Quando eu começo a pensar em alguma coisa, não passa muito tempo, eu já estou com a caneta no papel, pois até pensar, eu penso escrevendo e falando alto.
Uma escrita espontânea, livre de qualquer tipo de preocupação. Desinibida e sem rodeios. Ultimamente não tão secreta quanto na época da adolescência quando eu escrevia em códigos na últimas páginas do caderno, pois muito disso vem sendo compartilhado aqui no Blog, mas tão significativa e profunda quanto. Uma escrita que me dá um frio na barriga maior do que andar em montanha-russa. 
É impressionante o fato de uma atividade tão simples dar tanto prazer. Eu fico boba. Assim como a leitura, a escrita é uma atividade que eu recomendo para todo mundo. Não importa o que você vai escrever, apenas coloque a caneta no papel e deixe a magia acontecer.

Sobre a reta final e agradecimentos. 

Quanto mais eu me aproximo do tricentésimo sexagésimo quinto texto, quanto mais perto do um ano de publicações diárias eu chego, mais eu sinto que tenho a dizer e a escrever. Novas idéias, novos projetos.
Eu ainda tenho muitas pessoas especiais a agradecer pelo apoio e carinho ao longo do projeto.
Hoje eu gostaria de mencionar essas pessoas.
Primeiro ao meu fantástico marido. Neste exato momento eu estou aqui em pé na porta da cozinha escrevendo enquanto ele termina o preparo do jantar. Sem esse apoio, ajuda e compreensão muitos destes textos não teriam sido possíveis.
Minha mãe, que leu TODOS os textos que eu escrevi. Revisou, comentou, sugeriu temas e, principalmente, me encorajou desde o início.
Minha sogra também acompanhou tudo muito de perto, sempre lendo e comentando. Muito obrigada pela dedicação. Todos os comentários foram muito importantes para mim.
Meus amigos queridos que sempre me animam quando a coisa aperta e que sempre oferecem apoio e incentivo. Alguns amigos em especial, Natalia, Rodrigo e Juliana participaram mais afundo nessa aventura. A gente ainda vai produzir literatura junto!
Minha Coach de escrita, Eliana, também foi muto importante nesse processo. Me mostrou a importância do comprometimento com a escrita e abriu meus horizontes. Me apontou numa direção que foi muito frutífera para mim. Sei que estamos afastadas, mas sinto que ainda temos mais histórias para viver.
Obrigada também a todos os que acompanham o trabalho. Muitas vezes, para mim, vocês são números nas estatísticas do blog, mas eu nunca nunca nunca esqueço que cada numerozinho é um leitor e eu quero que você saiba que você faz parte da minha vida. Você está presente a cada momento do meu processo. É uma relação intensa para mim. Eu tenho conversas e mais conversas imaginárias com você, leitor, nas quais me emociono, agradeço elogio, choro com as críticas e defendo minhas idéias. Sem você esse trabalho teria muito menos sentido e seria bem menos divertido e desafiador.
Eu sei que este texto está com cara de despedida, mas não é disso que se trata. No entanto, este é sim o encerramento de um ciclo.
Estamos na reta final desta temporada (espero que não de uma temporada como as de Lost – que começa bem e termina chata e sem sentido e sim de uma série boa como Breaking Bad), mas estamos longe do fim da série.

O que dizem as pessoas inteligentes que sabem ganhar dinheiro? Ou: eu deveria sempre querer ganhar dinheiro?

 

Graças a Deus eu tenho sim fontes de renda. Trabalho bastante. É importante que digamos isso antes de começar. Eu não estou passando fome e tenho casa. Posso até ligar o ar condicionado quando está calor sem grandes preocupações.

Bom, agora vamos ao ponto. Estava refletindo ainda agora, enquanto lavava a louça do almoço que ainda estava na pia sobre o que deveria escrever. “Sobre o quanto odeio lavar louça”, pensei. Ou sobre como é legal fazer mindfulness lavando louça. Esse é um tema que está em alta no momento e às vezes eu realmente medito lavando louça. Ajuda a lidar com a raiva. “Não”… Eu deveria escrever sobre essas imagens na minha cabeça. (Para que você entenda de que imagens estou falando: estava tocando aquela música na qual a mulher fala que amou o cara por mil anos e que vai amar por mais mil. Ele diz em uma parte da música que vai morrer todo dia esperando por ele, ou, pelo menos, é isso que eu entendo. Aí eu comecei a imaginar como seria isso de maneira meio mórbida. Eu vou morrer, meu marido vai morrer, e eu tenho certeza de que no momento de nossa morte eu vou achar que não tivemos tempo suficiente para aproveitarmos a vida juntos. Então, imagina se eu encontrasse uma lâmpada mágica e o gênio me desse a seguinte opção. “Olivia, eu posso te dar mil anos para viver com seu marido”. Meu rosto ia se iluminar de alegria, mas o gênio rapidamente complementaria. “No entanto, você teria que esperar outros mil anos antes que isso pudesse acontecer e durante esses primeiros mil anos, você teria que viver vendo a vida sendo tirada de você todos os dias. Você não seria capaz de aproveitar absolutamente nada. Você viveria apenas para morrer todos os dias enquanto espera para se reencontrar com seu amado”. Eu imagino que a primeira coisa que eu perguntaria era onde o meu amor ficaria durante esse tempo todo. O gênio diria “Dormindo. Em um lugar onde você jamais conseguiria encontra-lo. No fim dos mil anos separados eu te levaria até ele, você poderia despertá-lo com um beijo e aí sim vocês teriam mais mil anos para serem felizes juntos”. Vocês aceitariam? Eu tenho certeza de que eu aceitaria. Seria uma espécie de Mil e Uma Noites às avessas. Eu passaria então os próximos mil anos tentando achar meu amor para acordá-lo logo, porque sou teimosa e estaria em muito sofrimento e com muitas saudades. Será que eu o encontraria? Será que seríamos punidos se eu o acordasse antes do tempo? Será que eu ficaria louca com a espera? Suportaria morrer todo dia? Será que iria doer?).

Eu imagino muitas histórias. Constantemente. E apesar de atualmente conseguir escrever todos os dias, não me sinto capaz de escrevê-las. Em termos de competência mesmo e de perseverança. Talvez um dia eu consiga. Não estou me lamentando. Só avaliando o estado atual das coisas. Não sinta pena. Esse é o primeiro passo para a mudança.

Bom, mas aí eu me perguntei: “Será que a galera que lê o blog ia gostar disso? Aí entram as coisas que as pessoas inteligentes dizem. Todos os cursos e dicas para aqueles que querem ser escritores falam que você tem que encontrar o seu público se quiser fazer sucesso e ganhar dinheiro. Um dos requisitos para isso é escrever com uma temática clara. Assim é que seus leitores te encontram e se tornam fiéis a você.

A questão é que tem sido tão bom para mim apenas escrever e tem tanta coisa ainda que eu quero escrever, coisas que giram em torno dos mais diferentes temas que você pode imaginar, que eu estou começando a achar que eu não quero mais ganhar dinheiro com isso ou ficar conhecida e famosa se, para isso, for necessário sacrificar tantas aspirações. Mas, não se esqueça, como eu disse no início do texto, eu já ganho dinheiro. Trabalho como psicóloga em consultório particular e dou aulas de psicologia. Se eu realmente precisasse viver da escrita seriam outros quinhentos.

Portanto, a ideia não é ganhar dinheiro, mas fazer algo que eu gosto e que me faz feliz para cacete. Esse comentário se refere apenas ao dinheiro e não aos leitores. Ainda tenho esse lado da alma de artista que sofre para colocar algo para fora, mas que gosta quando as pessoas apreciam o trabalho e quer que ele seja visto. Mas se algum dia eu iniciar aqui no blog uma saga de aventura louca ou um conto erótico, não se espante. A ideia é essa mesmo.

Seismesversário.

Hoje é dia de comemoração!
Hoje fazem seis meses que eu venho publicando diariamente no Blog.
Sim, estou muito feliz.
Atualmente uso a experiência de sucesso do meu comprometimento com o Blog como um exemplo a ser seguido em outras áreas da minha vida.
Foi muito bom começar com algo que eu gosto. A minha motivação e a felicidade que essa experiência me proporciona é enorme. É mais fácil não falhar dadas essas condições.
Se eu tivesse começado com uma meta de ir à academia, ou de realizar uma mudança maior na alimentação (como eu já fiz no passado), eu acho que eu não teria sido tão bem sucedida (como eu disse, eu já havia tentado antes).
Mas a maneira como lidei com o Blog aumentou o meu senso de auto-eficácia, ou seja a minha confiança em mim mesma, na minha capacidade de fazer as coisas que eu me proponho a fazer.
Depois do blog eu já mexi na alimentação (para torná-la mais saudável) e comecei a retomar a atividade física (com as aulas de dança que eu amo).
Eu tinha essa idéia de que fazer um planejamento e seguir esse planejamento era algo negativo, limitante, rígido, pouco produtivo e pouco criativo.
Como eu estava enganada!
O planejamento é o caminho que te leva a alcançar o que você de fato deseja para a sua vida. Quem desenha o plano é você. Ele tem que ter a sua cara mesmo, mas sem ele a gente não realiza o que se propõe.
Portanto, tenho certeza de que foi o fato de eu ter feito um planejamento, de eu ter tido clareza do que eu queria com o Blog e de como eu iria fazer isso, que me fez ter passado por esses primeiros seis meses tendo publicado todo dia, trabalhado muito e dado conta do doutorado também.
Um brinde aos seis meses que faltam para completar o meu projeto inicial de escrever todo dia por um ano!
Obrigada a todos que vêm acompanhando o trabalho!

Depois de ontem.

Eu sempre vivenciei intensas oscilações do humor. É um traço bipolar (não estou falando do transtorno psicológico, apenas de uma característica pessoal) que eu tenho. Eu experimento uma forte empolgação e uma intensa felicidade, daí acontece alguma coisa (como aquele incidente ontem no metro, sobre o qual você pode ler aqui) que me joga para baixo. Muito para baixo. Eu entro numa bad terrível.

Já notei esse funcionamento há alguns anos.

Eu acho que depois do episódio de ontem, eu corri o sério risco de entrar nesse estado mais deprimido.

Mas isso não aconteceu. Quando eu terminei de postar ontem no blog o texto e conversar com meu marido, eu já estava recuperada.

O processo de pensamento foi aquele descrito no texto. No lugar de focar no fato de que eu havia abaixado a cabeça e desviado, procurei explicações e formas alternativas de olhar para o que aconteceu. Além disso, conversei com uma pessoa de fora (meu marido) que me ouviu e não jogou lenha na fogueira (sim, porque tem gente que te vê irritada e alimenta seu ódio. Essa pessoa não quer te ver bem). Para completar, eu relatei o acontecido em um texto, o que foi catártico para mim.

Essa foi a tríade do equilíbrio do meu humor: pensar em explicações alternativas no lugar de focar no que me aborreceu, conversar com uma pessoa querida que se importa comigo e realizar uma atividade prazerosa para aliviar a tensão.

Bom, fica a dica. Vale a pena tentar da próxima vez que você sair dos eixos!Patrulha da escada do metrô. 

Alquimia da Palavra. 2° Edição. 

Hoje aconteceu a segunda edição da oficina Alquimia da Palavra que ministro com a minha parceira na escrita, Natalia.
A oficina aconteceu na Casa D’Esquina, no Grajaú. A casa é super aconchegante e, quando saímos da nossa oficina, estava rolando uma feira maravilhosa com várias coisas lindas e deliciosas. Já fui para casa almoçada!
Eu me surpreendi com a diferença entre esta segunda edição e a primeira. A idéia era trazer o mesmo conteúdo, mas apesar de termos conseguido passar o que havíamos programada, a oficina foi totalmente particularizada, atendendo ao interesse dos participantes. Na verdade, o evento foi uma grande troca de conhecimentos e experiências.
O equilíbrio entre a prática e a teoria foi mantido.
Hoje fizemos exercícios com Blackout Poetry. Ficou show de bola! Confira!

A misteriosa geração de autores e editoras que só sabem fazer sempre as mesmas críticas aos novos escritores.

São duas as principais críticas aos novos escritores – ou, como dizem os críticos, aos aspirantes a escritores – que me chegaram aos ouvidos: escrever em blogs ou no facebook não faz de ninguém um escritor e que a nova geração de escritores não gosta de ler.

Parece uma sina: o ser humano é eternamente preocupado com o que o colega do lado está fazendo.

Antes de entrar nessa discussão é até bom salientar que eu não cheguei a conhecer este espécime que é o escritor que não gosta de ler. Todos os escritores que eu conheci gostavam e muito de ler. Para ser precisa, os escritores que eu conheci, achavam que não tinham lido o suficiente ainda e não se sentiam autorizados e se autoproclamarem escritores.

Bom, em primeiro lugar, a galera que está por aí escrevendo em blogs e no facebook – sim, eu inclusive – estão quebrando barreiras de vergonha e autocrítica e compartilhando os sentimentos que nos ensinaram a esconder ou negar, que nos disseram que eram errados ou vergonhosos. Isso é muito libertador e unificador também. Isso não faz de ninguém um escritor? Quem tem a fórmula que faz de alguém um escritor? Não estou falando de prática ou técnica, estou falando dessa sensação de que se você não escrever vai explodir, vai ser infeliz para sempre ou murchar até morrer. Da onde vem essa sensação? Muitas vezes, como eu já disse antes, seria até menos sofrido se livrar desse tipo de desejo.

Você pode me dizer: “Tem gente que quer ser escritor por modinha”. Muito mais fácil que essa galera que já é famosa se torne escritor por modinha, do que o cara que rala 40 horas semanais para se sustentar e, no tempo que sobra, escreve por que não pode escolher outra coisa senão escrever.

Na realidade o que tem de sobra é o contrário: gente que escreve para caralho, mas se sente incapaz e desestimulado – não estou falando de mim, quem me dera. Eu estou perseguindo o sonho, mas já esbarrei com muita gente que foi engolido pelo desânimo pelo meio do caminho que, inclusive, escrevia muito melhor do que muita gente sendo publicada por aí.

Há uma escassez de leitores, é verdade. Precisamos todos ler mais, é verdade. Mas no lugar de ficarem ressentidas com o povo, as editoras, especialmente as grandes editoras, deveriam investir muito, muito, muito mais na divulgação da leitura e nos vários, vários e vários novos e bons escritores que estão por aí.

Interessante também o fato de que essa crítica eu sempre ouço de escritores – os consagrados em alguma medida ou os próprios “aspirantes” – ou através de canais ligados a editoras.

Dizem que está difícil achar gente boa para publicar.

A vida do escritor é bastante complicada. Quando você se torna psicólogo, por exemplo, você recebe desde o início, ainda que pouco, e vai praticando e melhorando ao longo do tempo. Vem da sua profissão o seu sustento.

Quando você quer ser escritor não é assim que as coisas funcionam. É um trabalho raramente reconhecido pelo qual você não é remunerado e que demanda bastante.

Mas o que eles querem é que o meio literário seja elitista. Que vigorem as panelinhas intelectuais. Eles querem nos dizer o que ler, quem pode escrever, o que escrever e quem são os escritores de verdade.

O que é reconfortante é que a literatura sempre encontrou um jeito de se marginalizar e vai continuar encontrando enquanto existirem rebeldes que vão ouvir que escrevem mal e vão mandar um foda-se e vão continuar escrevendo ainda que para o público invisível que mora dentro da nossa cabeça.

Enfim, estou com muita raiva agora.  Estou insatisfeita com este texto e não sei se cheguei ao ponto que queria. Mas, como forma de protesto, vou publicá-lo mesmo assim.

O hábito de escrever diariamente. 

Quando decidi escrever diariamente no blog, um dos meus principais objetivos era criar o hábito da escrita.
O que eu queria com esse novo hábito, era conseguir ter a disciplina necessária para escrever um livro.
A princípio fiquei com medo do blog dominar toda a minha dedicação à escrita. Ou seja, eu temia que todo o tempo do qual eu dispunha para escrever seria necessário para produzir o material do blog.
E no início foi assim mesmo que aconteceu.
Tudo que eu escrevia no primeiro mês era para o blog. Não sobrava tempo para escrever nem no meu diário.
Mas esta situação já está começando a mudar.
Logo no segundo mês eu já estava escrevendo mais do que venho publicando diariamente.
Algumas vezes, atualmente, eu começo a escrever um texto e penso: este texto não é do blog, ele vai para o meu livro. Ou: este tema eu vou guardar e trabalhar um pouco mais.
Muito importante observar que eu era aquela pessoa que não estava tendo tempo para nada antes de começar o blog.
Eu vinha me virando em mil pra dar conta do meu trabalho no consultório, as aulas que eu dou de psicologia para a área da saúde, o doutorado e uma pós-graduação em TCC – terapia cognitivo-comportamenal.
Então, eu estava vendo a escrita escapar novamente pelo meio dos dedos no meio desse turbilhão de responsabilidades e compromissos.
Tomar a decisão de transformar a escrita em hábito foi, portanto, fundamental.
O hábito, de fato, tem um poder impressionante.
É difícil de criá-lo e de gerar adaptações na sua rotina, mas quando você decide se comprometer com algo que te faz bem a coisa funciona.
O segredo?
Tomada de decisão, planejamento, implementação e manutenção do novo hábito (e, os ingredientes mais importantes na minha opinião: tolerância consigo mesmo para aceitar suas dificuldades e limitações, uma boa dose de confiança, que você pode conquistar aos poucos, e apoio das pessoas que te amam).
Não afirmo que já passei da fase de ter crises com a escrita. Provavelmente muitas mais virão. Mas eu estarei preparada para enfrentá-las!
E aguardem meu livro!

Sobre a desistência.

 

Desistir é a coisa mais prática que eu poderia fazer neste momento.

Prática. Note que eu não disse fácil.

Às vezes parece que desistir das coisas é a saída mais fácil. Eu não sei como essa ideia nasceu e se solidificou no imaginário popular. As pessoas tendem a dizer que desistir das coisas é fácil. De chamar as pessoas que desistem de fracas. Mas isso não é nem de longe uma verdade absoluta.

Essa ideia perniciosa mantém pessoas que já deveriam ter se separados há muito tempo em péssimas relações interpessoais, pois elas acham que desistir não é a saída. Desistir de fazer uma relação fracassada funcionar é, muitas vezes a melhor saída. Pode impedir que uma mulher apanhe de seu marido algumas vezes.

Desistir de uma graduação que não está te fazendo bem e que não é o que você deseja para o seu futuro para seguir outro rumo pode ser uma decisão muito saudável.

Pode ser que desistir, de fato, não seja uma opção viável em muitas situações (“Como eu vou alimentar meus filhos se eu me separar do meu marido?” ou “Eu não tenho dinheiro para pagar uma nova faculdade”), mas isso não quer dizer que desistir não seria a melhor saída em algumas situações.

Por outro lado, desistir pode sim ser muito ruim. Quando você desiste de perseguir um sonho porque você se sente incapaz de realizá-lo, quando você desiste de lutar pela sociedade que na qual você acredita por falta de esperança de que as coisas vão mudar, quando você desiste de si mesmo porque se acha uma merda.

É esse sentimento de impotência e de falta de confiança em nós mesmos e nas pessoas que temos que conseguir mudar. E não a desistência em si. Temos que continuar desistindo das coisas que nos fazem mal.

Quando desistimos das coisas que amamos, das coisas que nos são caras, o ato de desistir não causa alívio, causa dor. Causa muita dor.

Desistir de coisas que são realmente importantes para você deixa uma sensação de amargo no peito. É um peso enorme carregar a sensação de que você desistiu de uma coisa que era importante para você.

Você, contudo, não é um fracassado, ou fraco, por causa disso, você só nunca foi ensinado a confiar e acreditar em si mesmo. Quase nenhum de nós foi.

Portanto, se você vier me dizer que desistir é fácil; discordo. Mas quanto a ser prático… essa é a maior verdade.

Estou eu aqui, escrevendo, sábado à noite. Nada me impede de simplesmente não escrever.

Certamente seria muito mais prático do que ficar aqui sentada pensando no que escrever, me perguntando se alguém vai ler, me perguntando se as pessoas vão gostar, me perguntando se vão odiar, o que vão pensar de mim, será que isso pode afetar minha carreira profissional etc.

Mas será mesmo que isso é verdade? Será que é mais prático desistir?

Se eu não estivesse escrevendo eu estaria me perguntando que tipo de texto eu poderia estar escrevendo, que universos e personagens eu poderia ter criado, que tipo de escritora eu poderia ter sido.

Talvez essas inquietações e frustrações estivessem diminuindo muito mais a minha qualidade de vida e atrapalhando a execução das minhas tarefas cotidianas. Quando eu estou me sentindo deprimida e frustrada eu não funciono muito bem.

Eu já fiz isso de não escrever por muito tempo (como eu bem já contei para vocês aqui). Agora tenho a impressão de que não posso fazer outra coisa que não escrever. Mesmo quando eu não sei o que dizer, mesmo quando eu estou sem paciência, mesmo quando me dizem que escrever em blog não ajuda ninguém a se tornar um escritor (principalmente se você quiser ser “louvado na academia”).

A vida sem esses grandes propósitos de se tornar alguém admirável seria muito mais agradável e menos estressante.

Alguém que não desiste, alguém que consegue fazer tudo na vida funcionar, estudos, trabalho, família, amigos, yoga, salada, exercícios, lazer, cultura, vida emocional. Foda-se! Essa pessoa não existe.

E está tudo bem com o fato de ela não existir. Essa é a pessoa ideal de uma ideologia de merda. O jovem-adulto, geração saúde, bem-sucedido e inteligente no sentido tradicional e emocional. E, não se esqueça, o ponto fundamental é que você tem que livremente escolher ser todas essas coisas. Você precisa se conscientizar da importância de ser assim. É aí que começa o seu sucesso.

Nesse universo desistir é sinal de derrota.

Qual é a sua desculpa? Se lembra desse slogan?

Parece que “ser alguém na vida” e “ser notado” são os únicos propósitos contemporâneos. Os órgãos de fomento devem pensar assim para nos obrigar a colocar nossos nomes em tantos artigos.

Eu quero que a escrita ocupe outro lugar na minha vida.

Escrevo porque quero escrever e escolho fazer isso no lugar de fazer outra coisa. Essa é uma escolha que eu tenho tido que fazer todos os dias. Às vezes me pergunto no que isso vai dar, quando eu vou parar, em um ano? Dois? Às vezes eu relaxo e sigo o fluxo dos meus desejos.

Essa tem sido uma sensação cada vez mais recorrente para mim. Com o trabalho… Com o doutorado… Com as minhas pendências emocionais.

Resumindo, as únicas coisas que você precisa saber são as seguintes: você tem que desenvolver confiança em si mesmo (essa é, sem dúvida, a lição mais importante); você pode e deve desistir do que estiver te fazendo mal; e não tem problema nenhum no fato de você ser um jovem-adulto, geração saúde, bem-sucedido e inteligente no sentido tradicional e emocional, contanto que você saiba que o seu coleguinha do lado não está errado se ele não fizer essa mesma opção, porque você não é o dono da verdade, você apenas possui certos valores, que não são eternos nem imutáveis, dos quais nem todas as pessoas compartilham.