Mindfulness de um olhar apaixonado. 

Não se trata de um complicado “adeus”, apenas de um “até logo”. E o meu olhar encontrou o seu. Como sempre. Não é novidade isso também. Eu olho nesses olhos um milhão de vezes ao longo do dia e estas pálpebras mais tantas ao longo da noite. Mas ao dizer “bye, bye, baby, vou para o curso e já volto”, se eu demoro um segundo a mais para virar o rosto, eu sinto uma dor aguda. Como uma pressão forte no esterno que ameaça esmagar o coração. Ao mesmo tempo eu sei que meu rosto se ilumina como se brilhasse ao sol. E, no lugar de me encolher, eu estufo o peito e abro os braços para mais um abraço demorado e é como se alguma música tocasse muito alto, música de boate, que faz a gente vibrar junto, mesmo sem querer. E eu respiro fundo para sentir seu cheiro e na minha imaginação eu vejo pequenas partículas de você entrando pelo meus nariz e fazendo cócegas no pulmão. A vontade que tenho é de prender o ar e nuca mais soltar. Eu me sinto como um balão voando no ar, preso à terra por uma linha invisível que me liga a você. E eu só vou morrer quando esse ar dentro de mim acabar. E eu ainda tenho mais outro três sentidos para completar essa experiência de amor intenso. É aí que eu ouço o som da sua voz dizendo “eu te amo. Volta logo”. Eu aperto mais forte e sinto o corpo todo encaixando. Crac, crac, crac. O som de quando algo vai para o seu devido lugar e o barulho quando se acomoda. Tudo que encaixa com barulho solta depois com mais dificuldade, porque entra na pressão em um espaço perfeito. Não desliza nem solta fácil. Desmontar essa peça de nós dois juntos é difícil. Gera a energia do rompimento no núcleo de uma bomba atômica e eu sou jogada para longe, ainda com o gosto do último beijo na boca.

Poeira do espaço sideral.

Não importa quando acaba. Quando começa.
Ou o quanto dura.

De vez em quando eu sou tomado por este arroubo de desesperança,
Por essa angústia.

Mas eu acredito no sentido. Que existe um sentido. De verdade.
Um sentido humano.
Absolutamente humano.
Tão real, que no fundo é a única coisa que existe de fato e que verdadeiramente importa.

E o mais importante mesmo é estar vivendo isso tudo agora, aqui, com você.
Eu te amo. Muito.
Não importa quando, nem onde, nem como, nem porque ou até quando ou desde quando; importa que seja intensa, apaixonada, forte e profundamente.

“O seu dia começa aqui”.

Eu não fui geneticamente constituída para acordar cedo, como eu já falei para vocês.

Mas eu tenho tido que acordar bastante cedo nas ultimas semanas e eu não vejo isso mudando nos próximos meses. Vou estar ainda mais atarefada do que nas últimas semanas, com muitas atividades logo cedo.

Eu tenho sentido ao longo do dia aquele cansaço que eu não me lembro de sentir desde os tempos de faculdade.

Durante os tortuosos anos da escola e o início da faculdade, eu era obrigada a acordar cedo todos os dias. Eu vivia com uma funda olheira e um cansaço constante. Do meio da faculdade e diante, já fica bem mais fácil fazer o seu horário de modo que você não pegue matérias no período da manhã e os meus estágios em clínica e pesquisa também eram em horários favoráveis ao meu ritmo biológico.

Quando comecei a trabalhar em consultório particular e fazer o mestrado, meus horários continuaram sendo ajustados ao meu ritmo biológico. Eu tinha que acordar cedo uma ou duas vezes na semana, o trabalho e o estudo ficavam para os turnos da tarde e da noite.

Ultimamente, novas atividade profissionais têm me feito acordar cedo mais umas três vezes na semana. Este novo projeto vai durar ainda pelo menos três meses, portanto, tem muita barra para aguentar ainda (com o meu esforço para que isso renda bons frutos, claro).

Mas, enfim, estas são as minhas escolhas no momento.

O que tem me incomodado é que eu tenho tido que pegar o metro quando saio para trabalhar cedo. E o metro teve a horripilante ideia de colocar a frase O SEU DIA COMEÇA AQUI, assim mesmo, em letras garrafais nas estações. E eu fico muito irritada quando eu vejo essa frase. Não, Metrô Rio, o meu dia não começa aí, quando eu pego o metro para trabalhar.

O meu dia começa na minha casa quando o meu despertador toca pela primeira vez e eu, ainda zumbizando de tanto sono, aperto o botão da soneca no celular. Três ou sete minutos depois, soa o despertador do meu marido. Ele gosta de números quebrados e ímpares, então, enquanto eu ponho o meu despertador para 07h, ele põe o dele para 07h03 ou 07h07. Nesse momento eu já estou um pouco mais desperta. Quando o soa novamente o meu alarme, eu, geralmente, levanto da cama.

Então, dependendo do meu humor e do quão cansada eu estou, eu coloco uma série “aconchegante” para passar na TV (tipo Friends), ou eu coloco música para tocar. Nos dias em que eu estou mais cansada, música para dar um up, nos dias em que estou mais mal-humorada, uma série costuma me deixar mais felizinha (só uma curiosidade: o meu corretor quer que eu corrija “felizinha” por “feiazinha”. Onde esse mundo vai parar, meu deus?!), traz boas sensações.

Eu deixo o café passando enquanto tomo banho. Às vezes meu marido levanta para me ajudar com essas coisas. Ele prepara o café da manhã, separa algumas coisas que eu tenho que levar caso eu tenha esquecido de guarda-las na bolsa que deixo pronta da véspera, me dá uma opinião quanto à roupa.

Comemos falando sobre como vai ser o dia.

Últimos retoque e verificações e eu estou pronta para sair.

Eu moro a meio caminho entre duas estações de metrô. Ou eu ando 20 minutos até uma delas, ou pego um ônibus até a outra. 20 minutos de caminhada para pensar na vida, quando eu saio cedo e não estou de salto, essa costuma ser a minha opção; ou a aventura que é andar de ônibus no Rio de Janeiro, quase sempre, uma aventura.

Aí, enfim, eu chego até o metrô.

A gente não pode menosprezar nenhum momento das nossas vidas. Mesmo na correria da manhã, eu passo ótimos momentos e isso me dá energia e felicidade para passar o dia. Se o metrô me convence de que o meu dia começa ali, naquela lata de sardinha com o trabalho como a próxima parada, por mais que eu goste do meu trabalho, eu piro.

Só o que me falta é eles começarem a colocar esses letreiros, que atualmente são tipo cartazes, por painéis tecnológicos que, às quatro horas da tarde vão mudar para SEU DIA TERMINA AQUI.

Depois de ontem.

Eu sempre vivenciei intensas oscilações do humor. É um traço bipolar (não estou falando do transtorno psicológico, apenas de uma característica pessoal) que eu tenho. Eu experimento uma forte empolgação e uma intensa felicidade, daí acontece alguma coisa (como aquele incidente ontem no metro, sobre o qual você pode ler aqui) que me joga para baixo. Muito para baixo. Eu entro numa bad terrível.

Já notei esse funcionamento há alguns anos.

Eu acho que depois do episódio de ontem, eu corri o sério risco de entrar nesse estado mais deprimido.

Mas isso não aconteceu. Quando eu terminei de postar ontem no blog o texto e conversar com meu marido, eu já estava recuperada.

O processo de pensamento foi aquele descrito no texto. No lugar de focar no fato de que eu havia abaixado a cabeça e desviado, procurei explicações e formas alternativas de olhar para o que aconteceu. Além disso, conversei com uma pessoa de fora (meu marido) que me ouviu e não jogou lenha na fogueira (sim, porque tem gente que te vê irritada e alimenta seu ódio. Essa pessoa não quer te ver bem). Para completar, eu relatei o acontecido em um texto, o que foi catártico para mim.

Essa foi a tríade do equilíbrio do meu humor: pensar em explicações alternativas no lugar de focar no que me aborreceu, conversar com uma pessoa querida que se importa comigo e realizar uma atividade prazerosa para aliviar a tensão.

Bom, fica a dica. Vale a pena tentar da próxima vez que você sair dos eixos!Patrulha da escada do metrô. 

O que fazemos para não sofrer (e o que, de fato, deveríamos fazer).

O caminho do autoconhecimento é, em certa medida, uma passagem do egocentrismo para a aceitação do outro e do altruísmo.
No amor isso acontece quando abrimos mão da pessoa idealizada que sempre desejamos e nos empenhamos em construir uma boa convivência com a pessoa real que nós amamos.
Nós, mulheres, que crescemos com a imagem do príncipe encantado, evoluímos quando aceitamos o companheiro real por quem acabamos nos apaixonando. Isso não quer dizer que temos que aceitar que sejamos maltratadas ou violentadas por nossos companheiros, de maneira nenhuma.
Mas isso significa sim que vamos entendendo que amar alguém e viver feliz com essa pessoa é bastante diferente da fantasia que tínhamos quando crianças.
Quando resistimos a essa mudança do egocentrismo para a aceitação e compreensão do outro, achamos triste ter que abrir mão das nossas expectativas. Achamos que abrindo mão delas, estamos abrindo mão de algo realmente importante.
Na verdade, abrir mão da expectativa e lidar com as pessoas reais que estão ao nosso redor é a coisa mais saudável e sábia que podemos fazer. Quando abrimos mão das nossas expectativas em relação a pessoa amada, podemos começar a realmente conhecer essa outra pessoa. E é aí que se encontra qualquer possibilidade de mudança e evolução real no relacionamento.
Muitas vezes quando falamos em mudança, queremos apenas que o outro mude, enxergamos apenas a mudança pela qual o outro precisa passar, mas não há comunicação real entre as partes (novamente, não estou falando de casos que envolvem violência doméstica, nesses casos a violência deve acabar antes de qualquer outra discussão, pois a violência impede o diálogo e a compreensão entre os parceiros).
Quando abandonamos a expectativa e deixamos de estar centrados unicamente no nosso próprio ego, o outro consegue penetrar na nossa carne e nos fazer perceber nossas ações através de seus olhos. E nós, por outro lado, conseguimos ter empatia, uma compreensão muito mais profunda do outro. Ao contrário de nos descaracterizarmos nesse movimento, nos tornamos mais ainda o que verdadeiramente somos. Muitas vezes, inclusive, não enxergamos nossos próprios defeitos por estarmos sempre preocupados em apontar defeitos e falhas no outro. A visão que o outro tem de nós expande nossos horizontes.
Claro que nem sempre o outro está correto a nosso respeito, mas temos que saber ouvir e refletir sobre o que o outro pensa de nós, procurar enxergar nosso comportamento do jeito que o outro enxerga, para que possamos evoluir cada vez mais.
E se percebemos que o outro não está na mesma sintonia, provavelmente o relacionamento não terá uma vida muito longa, pois logo a discrepância entre os parceiros estará muito evidente. Uma pessoa estando muito mais evoluído em sua jornada existencial do que a outra. Quando essa discrepância existe, o relacionamento começa a nos fazer mal.
Quando somos egocêntricos, abrir mão de certos desejos é um sofrimento tremendo. Quando somos egocêntricos e o outro não faz o que queremos, nós esperneamos e gritamos até conseguir o queremos. Quando abandonamos esse lugar do egocentrismo, somos capazes de aceitar que o outro também tem desejos e limitações. Que as coisas não são sempre do jeito que nós queremos que elas sejam e nós não nos sentimos frustrados por isso. Se também, por outro lado, formos frustrados em nossos desejos e expectativas (porque ninguém é de ferro) saberemos lidar melhor com esse sentimento de frustração, entendendo que não se trata do fim do mundo. Procuraremos compreender o que levou o outro a agir (ou não agir) da maneira que esperávamos, saberemos se estávamos pedindo demais do outro naquele momento e, a parir daí, vamos tentar encontrar um terreno em comum que seja viável para os dois.
As pessoas que ainda estão agarradas ao seu ego e às suas expectativas acham triste ter que abandoná-las. Para algumas pessoas isso representa um sofrimento terrível. Elas perseguem alguém que seja o eco de seus desejos e idealizações achando que não encontrar essa pessoa significa não encontrar o amor verdadeiro. Essas pessoas estarão sempre infelizes em seus relacionamentos.
Só que não é triste abandonar idealizações e o apego absurdo ao próprio eu. Pelo contrário. É lindo e libertador e nos gera muito menos sofrimento.
Não crie novas idealizações, contudo. Isso não significa que você nunca mais vai sofrer. Os sentimentos negativos são parte essencial da vida. Mas você certamente vai sofrer menos e vai ser muito mais feliz. Vai ter relações amorosas mais profundas e significativas e vai ter um grande crescimento pessoal.
Temos que lutar, então, para nos livrarmos do mecanismo de defesa contra o sofrimento que muitas pessoas colocam em prática: fortalecer o egocentrismo e as expectativas, buscando um “amor verdadeiro” que seja o eco das próprias necessidades.
Muitas pessoas acreditam que têm que encontrar esse ser mágico para não sofrer nos relacionamentos amorosos. E elas não percebem que é justamente essa busca que as fazem sofrer muito mais do que sofreriam se abandonassem esse procedimento. Nesse sentido, é uma loucura o que fazemos para não sofrer, pois isso acaba nos fazendo sofrer mais.
Então, o que fazemos para sofrer menos? Abrimos mão das nossas convicções imaturas de que temos que achar um príncipe encantado em um cavalo branco que lê a nossa mente e não tem vontade própria, dando espaço para pessoas reais e relacionamentos reais, que são imensamente ricos e felizes mesmo com todos os seus defeitos.
(Eu escrevi o texto da perspectiva feminina, mas exatamente a mesma coisa vale para os homens. Eles também são muitas vezes egocêntricos e cheios de expectativas e idealizações a respeito das mulheres com quem se relacionam).

E, como o ser humano é muito complexo e não existe uma receita de bolo para todo mundo, temos que ressaltar que por outro lado, existem aquelas pessoas que aceitam qualquer coisa. 

Esse texto focou naquelas pessoas para as quais a balança pende para o egocentrismo e a idealização do outro. Mas existem aquelas pessoas para as quais a balança pende para o desprendimento de si mesmo e para a subjugação à vontade do outro. 

O caminho do meio é sempre o melhor.

Ser completamente desapegado também pode gerar muito sofrimento. O ponto é sempre encontrar um equilíbrio entre os companheiros. 

A vaca mandou o boi pastar.

Havia na terra do meu avô, lá para os lados do rio Tatuamunha, em Alagoas, um boi e uma vaca que eram casados.

Viviam os dois muito bem, até que o boi fez amizade com um outro boi que se mudou para a região.

Desde que essa amizade começou, a vaca não via mais o boi em casa. Ele estava sempre de papo por cima da cerca com o vizinho. Foi aí que a vaca percebeu que seu marido, que antes ela acreditava ser mudo, uma vez que nunca havia pronunciado palavra sequer, sabia falar e muito bem. Pôs-se a vaca a escutar a conversa dos dois e se encantou com os assuntos de seu cônjuge bovino.

Certa vez, ela se arrumou e esperou o companheiro com um belo prato de feno e uma noite inteira de delícias e conversas planejadas.

Quando o marido chegou em casa e sentou à mesa para comer, ela puxou assunto. Havia pesquisado intensamente sobre os temas de interesse do marido: sabia o nome de todos os touros vencedores dos últimos campeonatos de BFC – bovino’s fighting club –, os últimos modelos de carro de boi e tantos outros que interessavam os bovídeos machos daqueles dias. Mas o boi foi monossilábico em suas repostas. Só voltou a tagarelar no dia seguinte com seu amigo.

A esposa fez outras tentativas frustradas de iniciar conversas com o companheiro.

Certo dia, estando muito triste com o que ela sentia ser uma intensa indiferença do marido em relação a ela, foi até a beira do rio e começou a chorar amargamente. Sentia-se desprezada, desinteressante. Se ele falava tanto com o amigo, porque não conversava com ela?

A certa altura, ouviu uma voz rouca e grave saindo do rio a sua frente:

– Boa tarde, senhora. Por que choras? Qual o motivo de tanta tristeza?

– Ah! É meu marido que não gosta de conversar comigo – disse a vaca levantando os olhos e vendo um belo peixe-boi com sua pele cinza cintilando à luz do sol dentro da água fresca.

– Não fique assim. Pare de chorar. De hoje em diante prometo que venho conversar com você todos os dias.

E assim foi. Todos os dias, enquanto o boi ia conversar com seus amigos, a vaca ia até a beira do rio conversar com o peixe-boi.

Certo dia, a vaca e o peixe-boi estavam tão engajados na conversa que ela não voltou para casa a tempo de fazer o jantar antes do boi chegar. Naquele dia, ele ficou com a pulga atrás da orelha incomodando-o a noite inteira. A pulga, que já habitava atrás da orelha do bovino há muitos anos e, muito sábia e perspicaz, já entendia perfeitamente o que estava acontecendo, falou para o boi:

– Você tem que dar mais atenção à vaca. Não percebe que ela vem tentando se aproximar e você a ignorou todas as vezes que ela quis conversar?

– Deixa disso, pulga! Você não sabe o que fala! Ela gosta de conversar sobre assuntos de vaca: que cor tem a grana mais macia, qual é o melhor momento para pastar, o cuidado dos bezerros etc. Eu não sei nem me interesso por nada disso.

– Veja bem, boi, ela está se afastando.

– Calado! A única coisa que me importa é que ela tem atrasado com o jantar! Eu vou dar um pito nela!

– Pois faz muito mal!

O boi foi tolerante com os descuidos da vaca nos afazeres da casa por mais alguns dias, durantes os quais foi acumulando uma raiva crescente. Até que ele estourou e começou a gritar com a vaca, dizendo que esposa dele não ia ficar saracoteando por aí enquanto o marido passava fome. Ela não via que aquilo era um absurdo? Que ele não toleraria tal comportamento e que os outros animais já começavam a falar?

A vaca escutou tudo sem esboçar reação. Quando o boi parou de tagarelar ela levantou-se e disse:

– É uma pena que quando você finalmente resolveu conversar comigo, tenha sido para falar um monte de besteiras. Pois saiba que esta foi a nossa primeira e última conversa.

Naquela noite, ela juntou todas as suas coisas e foi embora. Quando ela estava saindo pela porta, o boi esbravejou:

– Você não pode ir! Quem vai fazer a janta?

– Não me interessa! Vá pastar com seus amigos.

– Volte! – o boi continuou gritando desesperadamente, sem acreditar que sua esposa partiria realmente.

Depois disso, ninguém nunca mais viu a vaca.

Algumas aves, que sobrevoavam a fazendo do meu avô em suas migrações de verão, dizem tê-la visto, alguns quilômetros rio acima, morando numa bela cabana junto d’água e conversando com um galante peixe-boi.   

 

 

***Texto escrito em coautoria com Juliana Santos.

 

Bodas de Algodão 

Hoje eu estou muito feliz!
Estou comemorando uma data muito especial: o meu aniversário de dois anos de casamento.
Vamos comemorar fazendo as coisas que mais gostamos de fazer nesse mundo: comer nossa comida favorita e ver séries na TV.
Eu voltei para casa do trabalho sorrindo sozinha na rua já antecipando a noite.
No total, eu e meu marido estamos juntos há seis anos.
É bastante tempo.
E o bom é que com o passar dos anos eu fico mais feliz com o meu relacionamento.
A sabedoria do senso comum diz que deveria ser ao contrário: que o relacionamento deveria ir se desgastando e os companheiros passando apenas a suportar um ao outro e ficar juntos por conta do que teve de bom no passado, dos filhos, dos impedimentos financeiros da separação, acomodação e por aí vai.
Isso acontece quando você se casa com uma pessoa babaca.
Eu não acredito em alma gêmea, mas eu acreito em pessoas babacas; não fique casada com uma.
Procure alguém que vale a pena amar e você será muito feliz.
Como alguém que se sente cada dia mais apaixonada eu te aconselho: não se contente com alguém que não vale a pena! Você está perdendo o quanto é bom amar verdadeiramente quem está do seu lado. O amor, quando cuidado, cresce. Se o seu está diminuindo, não é mais amor.

O primeiro e mais importante segredo dos relacionamentos bem-sucedidos.

Tem muito conteúdo produzido por aí a respeito de como ter um relacionamento de sucesso.
E, de fato, tem muito dica boa.
Mas o que eu venho reparando é que todo texto inicia com uma ressalva: não existe receita de bolo. Cada casal vai ter que descobrir como encontrar o seu próprio caminho para a felicidade.
Eu concordo com essa ressalva até certo ponto…
Acredito que existe uma dica universal e necessária.

Você só vão conseguir ter um relacionamento bem-sucedido com alguém que vale a pena amar.

É isso aí mesmo que você leu. Tem gente que vale a pena amar e gente que não vale a pena amar. Para ter um relacionamento de sucesso você tem que estar necessariamente com alguém que vale a pena amar.

Como saber se você está com uma dessas pessoas? Tenho que admitir que aí as coisas são um pouco mais nebulosas, mas, ainda assim, é possível traçar algumas balizas bem claras e indiscutíveis.

1- Se a pessoa com quem você está te bater ou ameaçar te bater, ela não vale a pena. Você faz bem em abandoná-la agora.

2- Se o seu “amor” já te xingou ou humilhou a sós ou na frente de outras pessoas: abandone-o. Não vale a pena.

3- Se você está sempre errada nas discussões e acaba sempre pedindo desculpas e prometendo que vai mudar, adivinha?! Não vale a pena.

4- Se seu parceiro “te proíbe” de fazer coisas, termine com ele. Não vale a pena.

5- Se ele te faz se sentir inadequada, se faz você sentir como se ele estivesse fazendo um favor em “te amar”: não vale a pena.

6- Se as coisas que ele faz ou tem (estudo, trabalho, amigos ou família, objetos, planos de vida etc.) são mais importantes do que os suas, termine. Não vale a pena.

7- Se ele acha que é sua obrigação cuidar dele e fazê-lo feliz: abandone-o. Nenhuma pessoa no mundo além de nós mesmos é responsável pela nossa própria felicidade. Vocês tem que ser felizes juntos.

Bom, esses são alguns sinais de que você está com uma pessoa que não vale a pena amar. Se você estiver com uma pessoa dessas, você pode seguir todas as dicas do mundo que não vai adiantar nada, você não vai ter um relacionamento de sucesso. Você vai estar sempre presa em um relacionamento abusivo, no qual vai estar tentando satisfazer as necessidades do outro enquanto você mesma nunca vai estar satisfeita, pois vai se sentir massacrada e injustiça. O seu companheiro também nunca vai estar feliz, porque nunca vai conseguir te dominar completamente. Alguma coisa sempre escapa ao controle do outro (nem que sejam os seus pensamentos, que ele vai tentar controlar, mas vai saber no fundo no fundo que nunca vai conseguir).

Casamento 

“O casamento é uma prisão. É uma instituição de merda. E, quando duas pessoas sabendo disso resolvem ainda assim se casar, o casamento é a coisa mais romântica do mundo”.

Foi esse o espírito do meu casamento.

Eu cresci assistindo Disney e não consegui fugir totalmente da fantasia do casamento com o príncipe encantado.

Então, quando percebi que amava meu namorado perdidamente; quando eu me dei conta do quão foda ele era; de que eu me sentia uma pessoa melhor quando nós estávamos juntos; e de que eu não precisava guardar nenhum segredo dele (isso é importante para mim), eu o pedi em casamento.

Mas não foi tão simples assim. Eu não acreditava no casamento (o que me deixava confusa) e ele também não. Mas, como eu falei: Disney.

Quando eu o pedi em casamento, portanto, foi como um desabafo. No meio de uma briga ele exclamou: Então fala o que é que você quer!
– Eu quero me casar com com você!
– Nossa, sério?
– Sim. Você falou para eu dizer que eu quero. É isso que eu quero!
-Tá bom, então.

Foi assim que começou nossa história de sucesso com o casamento. Algumas pessoas que torceram a cara dizendo que não é a mulher que tem que pedir ou que o pedido não foi nada romântico já se divorciaram.
Nós estamos aqui, quase dois anos de casados, seis de relacionamento, ainda em plena lua de mel!