O hábito de escrever diariamente. 

Quando decidi escrever diariamente no blog, um dos meus principais objetivos era criar o hábito da escrita.
O que eu queria com esse novo hábito, era conseguir ter a disciplina necessária para escrever um livro.
A princípio fiquei com medo do blog dominar toda a minha dedicação à escrita. Ou seja, eu temia que todo o tempo do qual eu dispunha para escrever seria necessário para produzir o material do blog.
E no início foi assim mesmo que aconteceu.
Tudo que eu escrevia no primeiro mês era para o blog. Não sobrava tempo para escrever nem no meu diário.
Mas esta situação já está começando a mudar.
Logo no segundo mês eu já estava escrevendo mais do que venho publicando diariamente.
Algumas vezes, atualmente, eu começo a escrever um texto e penso: este texto não é do blog, ele vai para o meu livro. Ou: este tema eu vou guardar e trabalhar um pouco mais.
Muito importante observar que eu era aquela pessoa que não estava tendo tempo para nada antes de começar o blog.
Eu vinha me virando em mil pra dar conta do meu trabalho no consultório, as aulas que eu dou de psicologia para a área da saúde, o doutorado e uma pós-graduação em TCC – terapia cognitivo-comportamenal.
Então, eu estava vendo a escrita escapar novamente pelo meio dos dedos no meio desse turbilhão de responsabilidades e compromissos.
Tomar a decisão de transformar a escrita em hábito foi, portanto, fundamental.
O hábito, de fato, tem um poder impressionante.
É difícil de criá-lo e de gerar adaptações na sua rotina, mas quando você decide se comprometer com algo que te faz bem a coisa funciona.
O segredo?
Tomada de decisão, planejamento, implementação e manutenção do novo hábito (e, os ingredientes mais importantes na minha opinião: tolerância consigo mesmo para aceitar suas dificuldades e limitações, uma boa dose de confiança, que você pode conquistar aos poucos, e apoio das pessoas que te amam).
Não afirmo que já passei da fase de ter crises com a escrita. Provavelmente muitas mais virão. Mas eu estarei preparada para enfrentá-las!
E aguardem meu livro!

15 perguntas para lidar com situações difíceis.

Tenho me interessado muito por escrita terapêutica.

Escrever pode ser um ato curador, além de ser algo muito prazeroso. Devo falar ainda muitas vezes sobre isso no futuro, pois tem sido um dos meus mais queridos temas de estudo.

Já falei aqui sobre journal therapy. O que eu quero compartilhar com vocês hoje são algumas perguntas, que funcionam como guias para a escrita de si, com o objetivo de trabalhar eventos traumáticos.

É importante, ressaltar, claro, que a escrita de si não substitui acompanhamento psicológico ou medicação. Trata-se apenas de uma forma alternativa de buscar autoconhecimento e alívio do sofrimento.

 

Procure um lugar calmo para se sentar com um caderno. Certifique-se de que você terá um tempo razoável para pensar e escrever sobre as suas experiências.

Se nada disso for possível, ou se você for interrompido, não fique alarmada! Apenas retorne à atividade em uma hora melhor.

 

Pense e escreva sobre as suas experiências passadas a partir das seguintes perguntas:

 

1-      Quem é você atualmente?

2-      Qual é a sua história favorita da infância?

3-      O que você aprendeu de bom com ela?

4-      Esses aprendizados positivos ainda te acompanham?

5-      Alguma coisa no seu passado já te causou dor ou sofrimento? Fale sobre essa experiência.

6-      O que você teve que aprender ou fazer para lidar com este sofrimento?

7-      O que você aprendeu e os comportamentos que você desenvolveu foram positivos ou negativos?

8-      Você ainda emprega estas estratégias em momentos adversos do presente?

9-      Estas estratégias ainda são úteis para você?

10-    O que é curador para você depois do sofrimento?

11-    Se a pessoa que você mais ama neste mundo passasse pela mesma situação que você passou, o que você diria a ela?

12-    Qual é a sua maior força depois de ter passado pelo sofrimento que você passou?

13-    Como o sofrimento que você experimentou contribuiu para o seu propósito de vida?

14-    Quem é você enquanto um ser humano completo e saudável, com experiências negativas e positivas em seu passado?

15-    Se você tivesse que resumir em uma frase a lição mais importante que você tem a deixar para o mundo e para aqueles que você ama, qual seria esta frase? Invente ou se aproprie de alguma citação que passe a mensagem que você gostaria de passar.

 

Sintam-se à vontade para compartilhar histórias comigo. Qualquer dia eu mesma posto as minhas respostas.

 

Dança! E valores. 

Minha primeira apresentação de dança do ventre depois de muito tempo aconteceu hoje de noite.

Eu cheguei no teatro atrasada.

Pois é. Tinha um monte de coisas para fazer durante o dia e eu não queria (nem podia muuuuito também) abrir mão de nenhuma delas… Aí fui me enrolando… Senti que estava fazendo tudo meio que pela metade.

O ponto é que eu estava pegando o ônibus na hora em que deveria estar chegando no local da apresentação. Dinheiro para uber não tinha, então, fazer o que? Tinha que esperar o trânsito colaborar (porque o motorista a gente sabe que mete o pé).

Tô no ônibus, um calor da porra, brigando com o meu marido.

Trágico.

A gente cai nessas armadilhas, não é mesmo? De se estressar com coisas que não têm solução.

Eu sei que esse tipo de sensação é infrutífera e prejudicial. Mas fala comigo isso na hora que eu estou estressada! Sério. Fala memso.

Eu tenho feito o esforço super consciente de, quando alguém me fala que eu estou estressada, tentar me acalmar. Ou quando eu mesma percebo que estou repetindo o mesmo padrão, tento segurar a onda. E tenho conseguido bons resultados. Então, quando eu estiver estressada, me fala, que eu vou tentar me controlar.

Como fazer isso? A parte difícil não é ter consciência de que se estressar não faz bem e que devemos tentar nos manter calmos mesmo na adversidade. Isso todo muito sabe. O difícil é saber como fazer isso. E digo mais! É difícil encontrar motivação para colocar em prática aquela respiraçãozinha anti-estresse que a galera aprende por aí.

Qual é o segredo então? O que funciona para mim é pensar nos meus valores.

Quando você sabe o que é importante para você, tudo que cruza seu caminho aparece através da perspectiva dos seus valores.

O que são valores? Valores são características das pessoas que fundamentam o modo como elas interagem consigo mesmas, com os outros e com o mundo.

Quando a sua vida ou as suas atitudes não estão aliadas com os seus valores você sofre e sente que alguma coisa está errada com a sua vida.

Se uma pessoa tem como valor central a liberdade, é possível que ela fique muito mal em um emprego que exige que ela fique dez horas do seu dia dentro de um escritório sem ver a luz do sol.

Há pessoas que se submetem às maiores atrocidades para evitar o divórcio por terem o valor família como central.

Nem sempre é óbvio para nós quais são os nossos valores. Por isso, segue uma dica:

Se imagine no alto de um prédio bem bem bem alto que há dez metro de distância de outro tão alto quanto. Você está no telhado de um desses prédios e há uma ponte de madeira que leva ao telhado do prédio ao lado. Está vetando muito. O que faria com que você atravessasse a ponte?

Esse exercício pode te dar uma dica de quais são os seus valores.

Bom, dois dos meus principais valores são: amor e prazer.

Tendo isso em vista, tem cabimento brigar com meu marido e me estressar a caminho de uma apresentação de dança (que me dá muito prazer)?

Não!

Ao me dar conta disso eu comecei a tentar ficar clama. Hoje foi fácil. Mas sobre esse processo de como eu faço para ficar mais calma em situações estressantes eu falo em outro momento.

O mais importante é que eu cheguei a atrasada, mas deu tudo certo no fim das contas. Quando eu parei de me estressar pude recalcular o tempo que eu teria e me programar para fazer o que precisava nesse tempo.

E quer saber? Se não tivesse dado certo estaria tudo bem também. Eu apenas  teria que me desculpar com as minhas colegas e dançar em outra oportunidade!

Conheça a Journal Therapy.

Journal Therapy – que significa literalmente “terapia do diário” – é uma técnica de escrita de si que possui fins terapêuticos. Está passando da hora dela ser mais conhecida e divulgada no Brasil.

Ontem eu comentei sobre a escrita no diário como algo muito positivo, mas é interessante saber que existem diversas formas diferentes de escrever no seu diário.

Normalmente, a escrita que colocamos em prática é uma escrita livre que não possui grandes pretensões. Contudo, o diário pode ser um grande aliado no caminho para a cura e o autoconhecimento.

Na journal therapy o foco não está na descrição de eventos externos, ou no mero registro dos fatos cotidianos. É essencial que a escrita tenha um propósito, que ela seja orientada para um fim e que o ponto central da escrita sejam os pensamentos, sentimentos, reações e percepções do autor, ou seja, as experiências internas do autor de um modo geral estão no centro da journal therapy.

Existem inúmeras técnicas de journal therapy:

 

1-      Método das cartas não enviadas.

Eu já utilizei este método com um paciente no consultório. Meu objetivo. Era uma pessoa que guardava muitas mágoas, ao mesmo tempo em que se sentia desconectado do mundo e distante das outras pessoas.

Em um primeiro momento, pedi que ele fizesse uma lista de todas as pessoas que ele conhece. Todas mesmo. Mesmo que ele não soubesse o nome delas (poderia estar escrito na lista “o homem que passa toda manhã debaixo da minha janela andando de bicicleta). Essa técnica por si mesma tem um nome, trata-se do “caderno dos seres”. É um caderno no qual você lista exaustivamente todas as pessoas que você tem ou já teve contato e depois analisa a ordem na qual as pessoas apareceram. Mas o meu objetivo não era trabalhar com o caderno dos seres, então, depois que o paciente fez a lista, eu pedi que ele escrevesse uma carta para cada uma das dez primeiras pessoas que apareceram na lista. Passamos um tempo trabalhando nas cartas, até porque inicialmente ele não sabia o que escrever. Mas no fim das contas foi um bom exercício. O resultado foi que ele começou a ter mais ideias a respeito do que poderia conversar com as pessoas, além dele ter compreendido melhor o que sentia por cada uma daquelas pessoas. Mas o poder da escrita das cartas não enviadas não termina por aí. Essa técnica pode ser usada para outros objetivos. Como, por exemplo, para ajudar pessoas passando pelo luto. Escrever cartas para pessoas que já faleceram é uma maneira muito boa e reconfortante de lidar com o sentimento de perda e com as histórias que sentimos inacabadas.

 

2-      Diálogo.

Escrever diálogos é ótimo para pessoas como eu, que possuem dificuldade em serem assertivas. É muito útil construir diálogos (o que eu faço mentalmente e na escrita com muita frequência), com o objetivo de realizar uma reflexão sobre a forma como falamos e nos colocamos perante outras pessoas. Se quiserem uma dica, imagine, para uma situação qualquer que você queria trabalhar, três tipos de diálogos – um no qual o seu posicionamento seja assertivo, um com um posicionamento agressivo e um com um exemplo de passividade.

 

3-      Classificação das áreas da vida por cores.

Este é o diário que eu uso com mais frequência. Eu tenho um caderno com três cores diferentes e, em cada uma das cores eu escrevo sobre uma área da minha vida. Isso me ajuda a separas as coisas que, às vezes, eu misturo indevidamente. Por outro lado, podem aparecer também conexões entre diferentes áreas da minha vida que eu não estava enxergando. Essa técnica também é a que me ajuda mais com a minha organização (juntamente com a técnica de fazer listas), pois ela me permite entender melhor, visualizar melhor, todas as coisas que estão acontecendo na minha vida e o que cada uma das áreas está exigindo de mim.

 

4-      Listas.

Essa é uma técnica muita subutilizada. Fazemos apenas listas de compras e afazeres, mas existem muitas listas interessantes que podemos construir. Algumas sugestões: listas de coisas difíceis que aconteceram comigo; lista de todos os desafios que eu já encarei; lista de todas as coisas que eu aprendi quando tinha treze anos (juro que eu já fiz essa! E foi já quando eu tinha vinte e poucos anos! Foi bem legal, esse tipo de coisa me ensina a respeitar e entender melhor as crianças e os adolescentes); lista de todas as coisas que eu já tive medo de fazer; e por aí vai. Escolha uma um tema para a sua lista e redescubra a sua vida!

 

5      Escrita cronometrada.

Essa ideia de usar um cronômetro é ótima para um trilhão de coisas, inclusive para a escrita terapêutica. Ela pode ser usada, por exemplo, para quando você está com dificuldade de escrever sobre algum tema. Não se condene a ficar olhando eternamente para uma folha em branco. Isso é uma tortura. Quando estiver com dificuldade em algum tema coloque um tempo para escrever sobre ele. Três minutos por dia. Não pense, só escreva.

 

Como eu disse: muitas técnicas. Conforme eu for selecionando coisas legais, vou colocando aqui para vocês!