Ainda sobre a ansiedade. 

Falei ontem sobre a crise de ansiedade que eu tive na terça, dia primeiro de maio.
Pois é.
Sabe o que aconteceu ontem quando eu estava terminando de escrever o texto do blog? A pilha do teclado do meu computador começou a falhar, de modo que a letra “e” e a letra “c” Não estavam funcionando. Sabe como eu terminei de escrever? Dando control c/control v nessas letras. Deu um trabalho do cão. E muitas vezes isso acontece mesmo. A gente está se recuperando da crise e já vem uma outra coisa para jogar a gente para baixo. Sabe quando você está pensando: “Caralho! E mais isso agora! Que merda! Eu já não aguento mais”. Aí vem a vida e diz: “Que isso…! Toma mais essa aqui, oh! Tá vendo como você aguenta!” Foi bem isso. E a verdade é que a gente aguenta mesmo, tem que aguentar, então é melhor mesmo não se estressar para começo de conversa. Aquele trabalho que eu tinha que fazer (um artigo que eu vou entregar amanhã)? Não deu para terminar ontem porque não dava para digitar. Hoje eu trabalhei o dia todo (no consultório). De dez da manhã até dez da noite. O que sobra? Mais uma noite sem dormir.
Conversei com alguns amigos hoje nos intervalos que eu tive. Isso sempre ajuda. Compartilhar.
De resto o que a gente pode fazer? Eu tenho lidado muito melhor com os momentos de ansiedade. Ontem eu falei de algumas estratégias, mas ao logo do dia de hoje eu fiquei pensando… Tem uma coisa muito importante que eu não mencionei no texto de. A minha vida e as coisas que eu estou fazendo têm muito sentido para mim. Eu só estou fazendo coisas que eu amo fazer, que me empolgam. Isso é fundamental. Porque se ficar estressada e ansiosa já é ruim, imagina ficar estressada e ansiosa fazendo coisas que você odeia! Nossa! Terrível! Claro que toda atividade tem partes chatas e desagradáveis, mas se isso fizer sentido na sua vida, vai ser mais tranquilo de lidar. Por exemplo, buscando atividades que me trouxessem bem-estar e felicidade, eu comecei a fazer curso de desenho. Sabe qual é a passo inicial dessa nova aprendizagem? Desenhar garrafas, cadeiras, copos, xícaras… Porra, eu quero desenhar dragões!!! Mas para chegar lá, tem treze meses de curso básico antes. Eu não sei se eu vou ficar interessada em desenho para sempre, mas, por enquanto, se eu quero desenhar os tais dragões, eu tenho que aprender a desenhar e, para isso, tenho que começar pelos objetos inanimados desinteressantes. É isso. Essa parte é chata, mas, por enquanto, faz sentido para mim.
Essa questão do sentido é essencial para a vida como um todo, na verdade, mas no caso do enfrentamento das situações difíceis ela é fundamental.

Uma crise de ansiedade.

Nesse feriado eu tive uma crise de ansiedade. Tinha muita coisa para fazer e eu entrei numa bad achando que não ia dar conta.
Momentos como esse me atrapalham de vez em quando. A todos nós, na verdade.
Mas a crise de ansiedade em si não importa muito no fim das contas. O ponto principal é a maneira como você lida com ela, as estratégias que você possui para enfrentar sua ansiedade.
Eu estava no computador trabalhando quando aconteceu, na terça a noite, mas, de fato, eu já estava me sentindo mal desde segunda. Comecei a sacudir a perna fortemente, minha respiração ficou acelerada, parecia que meu sangue estava correndo rápido e com muita força nas veias, eu sentia o corpo todo palpitar e o coração bater forte demais, um leve formigamento nas extremidades. Além disso, minha visão começou a ficar embaçada. Se eu já não estivesse bem familiarizada com os sintomas da ansiedade e não tivesse consciência de que o momento tenso que eu estava vivendo poderia muito bem causar uma crise dessas, eu certamente iria para o hospital.
Ok. Mas eu sei de todas essas coisas. Que sentir ansiedade é normal… Que determinadas situações geram ansiedade… Que ansiedade dá e passa… Claro que sentir essas coisas é muito ruim.
É aqui que a situação complica.
Muitas pessoas, quando têm crises de ansiedade, colocam estratégias disfuncionais em prática para lidar com esse sofrimento.
Algumas pessoas mergulham em preocupações intermináveis. Elas se preocupam acreditando que, desse modo, estão fazendo todo possível para lidar com uma determinada situação da melhor maneira possível. Se eu tenho um trabalho para entregar, eu vou me preocupar com ele dia e noite, enquanto eu estiver lavando louça, jantando com meu namorado, assistindo tv com a minha família, antes de ir dormir… Asssim eu penso, penso e penso na tarefa, penso tanto que vou minimizar as chances de algo dar errado quando eu finalmente sentar para fazer a tarefa. Mas eu não consigo sentar direito para fazer a tarefa. Eu já pensei tanto nele, que já estou com raiva dela, ou construí expectativas muito altas e agora estou com medo de não alcançar meus próprios padrões, ou então eu simplesmente sento para fazer o trabalho, mas subitamente outra preocupação invade a minha cabeça e tira o meu foco.
Na psicologia, isso se chama transtorno de ansiedade generalizada.
No momento da crise aparecem esses sintomas físicos que eu mencionei no início. Então, desde segunda eu estava me preocupando, terça veio a crise.
Eu já perdi as estribeiras duas vezes. Congelei na rua, em plena crise, sem conseguir sair do lugar. Da primeira vez minha mãe foi me buscar, da segunda, meu marido. Acontece.
Depois disso eu precisei parar para pensar em como lidar com essas situações no futuro. Nenhum caminho melhor para começar uma investigação acerca de nós mesmos que não no nosso passado. Comecei a pensar em tudo que eu gostava de fazer, que me acalmava, quando eu era pequena. Eu pergunto isso para os meus paciente e às vezes eles riem pensando que eram só bobagens que eles jamais fariam hoje em dia: brincar de bonecas, por exemplo. Mas, se nós tivemos uma infância relativamente tranquila e saudável, esse foi o momento em que nós precisamos de mais proteção e também o momento em que efetivamente nos sentimos mais protegidos. Por isso as estratégias da infância são, na verdade, muito eficientes. Não precisa ser só dessa época, contudo, pode ser qualquer coisa que te acalmou no passado.
Para mim: da infância, a lembrança que eu resgatei foi uma suposta memória do jardim de infância na qual eu estava fazendo bolinhas de papel crepon colando para formar um desenho. Da adolescência, dançar bem loucamente ao som de música alta. Da idade adulta, conversar.
Então, o que eu fiz na terça à noite? Bolinhas de papel crepom, dancei Nirvana pra caramba e conversei horas com meu marido. Isso foi suficiente para me trazer perspectiva e tranquilidade.
O trabalho? É para sexta e ainda não está pronto, mas eu tenho certeza de que eu vou fazer o melhor possível e que, s algo der errado, não vai ser o fim do mundo. Certamente do jeito que eu estava terça, eu ia fazer tudo cagado e ainda ia sofrer horrores durante o processo.

Colaboração. 

Hoje, pirigava eu dormir direto.
Cheguei muito cansada do trabalho, comi, deitei e apaguei depois.
Se não é pelo meu marido me acordar falando que eu precisava levantar para escrever no Blog, eu teria dormido até amanhã.
Quantas vezes no consultório eu não ouço dos pacientes autorecriminações, menosprezos de uma determinada conquista, tudo porque eles não obtiveram aquele resultado “sem a ajuda de ninguém”.
Tem aquela reflexão que diz que a gente nasce sozinho e morre sozinho. Essa frase passa a idéia que o ser humano é um ser que jamais consegue escapar do fato doloroso de sua solidão existencial. Sabe aquele filme que passou no cinema, Três Outdors Para Um Crime? Então, tem uma fala genial nesse filme. Um homem escreve para sua esposa que ele não nasceu sozinho, pois a mãe dele estava lá quando ele nasceu (e, convenhamos, nossa mãe está SEMPRE presente quando a gente nasce) e agora, no fim da vida, ele também não estava sozinho, pois a esposa estava lá com ele (assim também acontece com todos nós, chegamos ao fim da vida acompanhados pelas pessoas que conquistamos ao longo de nossa caminhada). A conclusão é que aquela frase inicial (e muitos dos meus pacientes) estão completamente equivocados. Ninguém faz nada nesse mundo sozinho. Ainda bem! Ter a ajuda de uma outra pessoa não é demérito nenhum.
Se não fosse pelo meu marido, eu já teria ficado alguns dias sem escrever no Blog. Ainda bem que ele está presente na minha vida, colaborando com meus sonhos e projetos e me incentivando sempre! Aproveito para agradecer aos queridos amigos, é claro, que já participaram ativa e intensamente da elaboração de vários textos e de incontáveis momentos importantes da minha vida. Agradeço a vocês que estão lendo também, pois vocês são uma alegria feliz e inesperada nessa jornada. Quando eu comecei a postar, eu imaginei que, no máximo, minha mãe e meu marido leriam os textos e que isso já ia ser lucro, mas vocês vieram e deram ainda mais sentido a esse projeto!
Agora, se me dão licença, vou aproveitar que meu marido veio aqui verificar se eu voltei a dormir ou se eu estou escrevendo mesmo e vou encerrando por aqui para aproveitar o fim de noite pré-feriado para fazermos alguma coisa boa juntos! Beijos!

Creme ou doce de leite?

Tive uma discussão séria com meu marido hoje.
Eu fui ao mercado de noite para comprar as coisas da janta e ele me pediu para comprar dois mini-sonhos para ele de sobremesa. Um de doce de leite, o sabor do outro eu poderia escolher para surpreendê-lo.
Eu comprei um de doce de leite e outro de creme.
Quando ele viu o sabor do segundo exclamou: creme?! Quem gosta de creme?! Começou a discussão. Eu respondi que creme era o melhor sabor do mundo! E ele ficou insistindo que não, que o de doce de leite era melhor e que ninguém gostava do de creme.
Mas que absurdo!
Lembrei da época em que éramos pequenos lá em Jardim América. O padeiro passava na Rua 16 pela manhã e no fim da tarde. Quando ele vinha de noite, todas as crianças se juntavam ao redor, porque ele dava os doces que haviam sobrado de graça para nós. Era uma festa! Segundo o meu marido, todos brigavam pelo sonho de doce de leite. Eu já não tenho tanta certeza de que era assim não. Eu me lembro de ter que disputar sempre pelo sonhos de creme. Nós comíamos tudo ali na rua mesmo, sentados nos portões das casas, com as últimas luzes no horizonte, trocando selinhos por mais um pedaço do sonho do colega, falando sobre as preocupações que nos assolavam na época, rindo também, entre um assunto sério e outro. Era tudo doce. Os sonhos, os beijos, os risos, os choros. Mas antes que eu me deixe levar mais ainda pela poesia dos fins de tarde do bairro da minha avó, vamos voltar à questão.
Meu marido sugeriu por fim, para que pudéssemos sanar essa dúvida de uma vez por todas, que eu fizesse uma enquete: qual sabor de sonho vocês preferem: creme ou doce de leite?

O motô do amô.

Hoje, meu marido me contando um causo muito interessante. Ele fez sinal para um ônibus e, ao subir, falou com o motorista: “Boa tarde! Esse ônibus aqui vai para o Cosme Velho?”. O motorista (homem) respondeu: “Sim, amor”.
Esse mundo tem salvação no fim das contas!

Você quer que eu escreva sobre o quê? 

Quanto mais eu escrevo, mais idéias de textos eu tenho.
No início eu fiquei muito preocupada, achando que antes do primeiro mês de pastagens no Blog acabar, eu já não teria mais o que dizer. Mas não é muito bem por aí. Quanto mais a gente exercita a criatividade, mais ela comparece.
O problema tem sido o tempo para desenvolver textos e temas mais complexos. Há uns três meses eu entrei em um período de muito trabalho e tem sobrado pouco tempo para mim. Ainda estou tentando me adaptar a esse ano a rotina. Assim que eu regularizar os meus horários, vou colocar algumas idéias em prática. Tem algumas coisas cozinhando aqui na minha cabeça. 
E… Pensando em projetos futuros, posso compartilhar uma coisa louca aqui que eu fiquei pensando com você? Então, sabe esses youtubers e bloguerios cheios de seguidores que fazem enquetes para saber que tipo de vídeos ou textos o público quer? Então, se você quiser fazer alguma sugestão, fique à vontade que eu vou fazer de tudo para entregar!
Um adendo: eu já falei com o meu marido sobre algo desse tipo. Tem uma escritora que eu adoro, ela se chamava Anaïs Nin. Ela escrevia contos eróticos sob encomenda! Eu falei com ele: “Ah! Se eu pudesse viver disso! Alguém me pagar para eu escrever literatura sob encomenda!”. Que coisa, não?!
Mas enfim, no caso do blog ou de um canal no youtube, o que acontece é que a pessoa começa produzindo material sobre um determinado tipo de conteúdo e depois o público vai solicitando e/ou selecionando os conteúdos a partir das enquetes, das sugestões diretas ou dos likes. Se a gente quer se expressar tem que se expressar a partir do que a gente sente, claro, mas também é muito legal interagir com as pessoas que estão acompanhando o trabalho.
Por que não trazer isso para cá também?
Quer que eu escreva ou comente algum tema? Me fala nos comentários a qualquer momento!

Comemorações/bebemorações…

Comemorações são geralmente isso aí mesmo: ocasiões em que saímos ou nos reunimos com outras pessoas para comer como forma de festejar um acontecimento. Exceções comuns hoje em dia são as bebemorações: sair para beber como forma de festejar um acontecimento.

Quando eu saio com meus amigos para comemorar algo, geralmente são bebemorações, com a família, comemorações.
Parece que falta criatividade para celebrar as coisas. O problema não é nem comer ou beber, mas sim fazer só isso. 

Por isso foi tão bom ontem ter saído para comemorar um aniversário precedido por um boliche.

Comemorações marcantes e alternativas para mim foram: fazer uma viagem curta, de final de semana; ir ao Kart e depois ir comer (como foi com o boliche); ir à um parque de diversões com os amigos já depois de velhos; fazer uma noite de jogos com petiscos em casa (isso a gente faz sempre aqui em casa, uma vez por mês, praticamente, para juntar os amigos e também em comemorações); fazer um piquenique (o último aniversário comemorado com piquenique que eu fui, foi o da minha professora de poledance e teve direito até ao pole!!!); churrasco com piscina (já estamos começando a focar na comida de novo, está percebendo); bom, essas são as principais variações das quais consigo me lembrar agora.

Teve também, é claro, meu casamento e a lua de mel. Comemorações inesquecíveis!

Tirando isso, é sentar para comer ou beber até dizer chega mesmo. E não tem nada de errado com isso, é bom salientar, mas seria muito bom realmente variar um pouco mais nas comemorações.

Nossa, inclusive sentar para comer ou beber também já firma coisas que me renderam histórias muito loucas. Lembro-me especificamente de duas agora. A primeira foi com comida na casa da minha avó. É assim que comemoramos muitos aniversários na família. Nos reunimos todos na casa da minha avó e comemos o dia inteiro. De vez em quando eu saía depois do almoço para rever os amigos lá do bairro onde ela mora, em Jardim América, um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro. Neste dia especificamente, eu havia comido muito e estava muito quente e eu sai depois do almoço (alerta: a história é nojenta e bizarra). Pois bem, comi, comi, comi e fui andar no sol. Não demorou muito para que eu começasse a passar muito mal. Quando cheguei no portão da casa da minha amiga, não segurei mais e comecei a vomitar no bueiro. Ela ouviu lá de dentro da casa dela e veio ver o que estava acontecendo e eu derrepente ouvi a voz dela “Amiga, o que que está acontecendo”? Bom, fiquei lá na calçada com ela a tarde todo enjoada, vomitando de vez em quando e bochechando com a água da mangueira.  

A segunda história, bom, eu estava na faculdade quando recebi uma bolsa do Instituto Goethe para estudar na Alemanha. Sai da aula e comecei a beber cerveja com os amigos. Devia ser tipo dez ou onze da manhã. De noite eu já estava bêbada, com vontade de continuar bebemorando, contudo, mas o dar do campus que vendia cerveja já estava fechando, era uma terça feira se não me engano. Fui então procurar uma garrafa de vinho nos bares atrás da faculdade. A minha intenção era comprar o vinho e ir beber na praia Vermelha. Quando eu pulo uma mureta para chegar ao bar e grito perguntando ao garçom pelo vinho, eu ouço a voz de um paciente (isso mesmo, um paciente) “Doutora, está procurando vinho, estamos comemorando alguma coisa”? Caralho, eu congelei. Hoje em dia lembro daquele ditado: Merdas Acontecem. 

Maio é o mês do meu aniversário. Vamos ver se penso algo diferente até lá!

Outras violências.

Ainda no pescoço! Direto no pescoço. Era sempre onde você me atacava. Mas agora tem gente para ver e essas pessoas, essas testemunhas não vão permitir que você me convença, como você fazia quando éramos só você e eu, de que os enforcamentos, os chutes nas costas, os roxos no braço, não eram sinais de violência e agressão física. Você fez muito bem mesmo. Nunca me deu um tapa na cara e por isso conseguiu me fazer acreditar por muito tempo que eu não sofria de violência doméstica. Você se recusou a acreditar. Lá no fundo, eu sempre desconfiei. Você fingia que não existia essa minha desconfiança. Como é para você? Saber que, no fim das contas, você foi traído? Que eu te enganei e te enganei bonito? Que eu aprendi a jogar tão bem o seu jogo que eu pude me mover por entre o pântano que você criou ao meu redor e escapar e esconder um amante bem debaixo do seu nariz? Eu aposto que você se sente completamente estúpido agora. Como é para você saber que eu sou mais inteligente? Que eu tenho mais desejo? Que eu estou mais viva do que você? E, quando por tristeza eu minguava, você adorava. Adorava que eu fosse preguiçosa, adorava que eu estivesse semidesfalecida, jogada na cama enquanto você cuidava da sua vida. Você adorava ter que cuidar de mim, tão fraca, para poder reclamar depois, me punir e se sentir superior. Mas mesmo com a sua presença nociva, seus comentários devastadores, mesmo com o meu mal-estar e seu narcisismo, eu consigo ver agora que você era fraco desde o início. Tão fraco. Fraco, sozinho e amedrontado. A única força que você tinha mesmo era a força bruta dos membros masculinos. Nas pernas e nos braços, no caso, em outros departamentos você tinha a maciez de um marshmallow.

Como eu coloco em prática o minimalismo. 

Na época em que essa filosofia do minimalismo chegou aos meus ouvidas, a idéia já estava famosinha e mal falada.
Desde o início eu ouvi dizer que o minimalismo é uma filosofia de rico, que pode se dar ao luxo de não fazer nada da vida e ficar dez anos viajando pelo mundo.
Se você for pensar no documentário do Netflix sobre o tema, eu concordo. Mas a idéia em si não é ruim. Temos que admitir.
Cara, eu tenho tanto papel em casa, mas tanto papel. Talvez se eu reciclasse esse papel todo eu teria dinheiro para ficar dez anos viajando (wow! Quem me dera. Se bobear não dá nem o valor de uma resma nova de papel resseciclado :P). Bom, é papel suficiente para bagunçar a minha casa toda semana. Papel de anotações, contas, notinhas de compras, dos meus textos e rascunhos, artigos da faculdade, livros do colégio, cadernos e mais livros. Isso tudo só na categoria dos papéis! Nem me pergunte sobre potes e meias e, pior ainda, tampas de potes perdidas e pés de meia solitários. Enfim, é muito entulho. E, por algum motivo, eu sou pegada a uma boa parte desse entulho. Por que? Nossa! Por que, meu deus?! São coisas que eu nem sei que eu tenho e que eu nunca mais vou usar na minha vida. (Pena de jogar tampa de pote fora é o cúmulo! Quando eu me peguei pensando: e se o pote aparecer? Ah! A que ponto chegamos! O que não falta na casa da gente é pote! E, convenhamos? O pote não vai reaparecer. Nunca!).
Às vezes, eu até penso que eu quero guardar uma determinada coisa como lembrança… E aí fica lá aquela lembrança que eu vejo uma vez a cada dez anos e tenho cinco minutos de felicidade olhando para ela. Sabe o que eu comecei a fazer? Tirar fotos dessas lembranças e jogá-las fora depois. 10.000 fotos em um HD ocupam menos espaço do que 10.000 convites de aniversário de crianças fofas, ou 10.000 ingressos de cinema. Assim, eu guardo uma ou outra coisa verdadeiramente muito especial (um convite do meu casamento, por exemplo) e registro as outras memórias de forma mais produtiva, versátil e acessível. Mais acessível sim, porque se você tem um convite especial, você pode até emoldurá-lo (como eu estou pensando em fazer com o convite do casamento), se você tem vinte…. Eles vão ter que ficar guardados na gaveta mesmo…
Então, não vamos dispensar a filosofia do minimalismo assim logo de cara sem nem tentar pensar em como essas idéias poderiam ser úteis em nossa vida. Sem radicalismos ela pode ser muito viável e interessante.
Eu tenho feito assim: A cada rodada de limpeza e arrumação profunda da casa eu me desfaço de mais coisas do que me desfaria normalmente, mas sem exageros e eu minimizei muito a minha aquisição de novas bugigangas (tudo que compramos sem necessidade), também sem ser a ferro e fogo. De vez em quando me permito…. Bem menos do que antigamente, contudo. Isso é bom para a harmonia da casa e para o bolso… Fica a dica.

Rotina: um mal necessário. 

Rotina é uma coisa engraçada… Ruim com ela, pior sem ela.
A minha “rotina” é muito louca. Com o consultório e as aulas, cada dia estou em um lugar diferente. Nos dias em que acordo com mais sono eu fico desnorteada, do tipo: “que dia é hoje? Para onde eu tenho que ir? Hoje é Tijuca, Vila Isabel, Botafogo, Ipanema, Barra? Consultório ou aula?” maior loucura. Fora o medo de ter esquecido de anotar algum compromisso na agenda e acabar esquecendo de cumprir alguma obrigação.
Às vezes eu fico sonhando com um emprego de escritório, todo dia, de nove às seis… Tradicionalzão… Sabe? Eu sei que seria uma merda. Eu ia começar a me sentir sufocada em menos de um mês. Prefiro a minha bagunça mesmo no fim das contas, o que não quer dizer que essa ausência de rotina seja completamente positiva. Eu ando bastante, estou sempre na rua vendo gente e tomando cafés diferentes. Por outro lado, eu gasto muito tempo me deslocando de um lado para o outro e fica difícil fazer programações de médio e longo prazo.
A gente precisa mesmo na vida de uma certa estrutura e organização. Acho que por isso mesmo eu prezo e busco sempre ter atividades extras em horários fixos, ter metas diárias. Tudo isso ajuda a criar uma rotina mínima que é muito boa para a saúde mental.

Ainda bem que não somos mais crianças. Os psicólogos do desenvolvimento vêm dizendo que a rotina é essencial para o bom desenvolvimento da criança. Dá para entender o porquê. Sua ausência afeta até os adultos, imagina o que não faz com os pequenos!

Meu marido acha que esse é uma fase que estamos vivendo. Essa vida de doutorando que trabalha de maneira autônoma. Quem sabe? O importante é que a gente tem que arranjar um jeito de não sofrer ou de sofrer menos com isso enquanto não dá para mudar. E criar, nas brechas que existem, os pilares dessa vida louca.