Uma hierarquia para os seus problemas.

A maior parte das pessoas do planeta não estão sofrendo com nenhum tipo de transtorno psicológico. Mas estas pessoas também não estão bem.

Pensando num continuo, sendo -5 o pior estado emocional possível e +5 o melhor estado emocional possível, onde você acha que a maioria das pessoas se encontra?

Você acertou se pensou no 0.

A verdade é que a maioria das pessoas não está mal, mas também não está bem. Estão ali andando em cima da corda bamba. Uma hora acham que estão com um pezinho na depressão e/ou na ansiedade, outra hora estão sentindo um leve sentimento de prazer e felicidade.

Um amigo meu me ensinou uma técnica maravilhosa há alguns meses para “limpar o ar” nos momentos em que nós começamos a nos sentir um pouquinho mais para baixo. É uma técnica bem simples e poderosa.

 

Em primeiro lugar faça uma lista dos seus problemas e de afazeres atrasados.

Agora, ordene os itens da lista em uma hierarquia, do maior e mais complicado, mais difícil de ser executado até o mais simples, o menor, mais tranquilo e rápido de se resolver.

Pense, para cada um dos itens, se você já enfrentou problemas iguais ou similares no passado. O que você fez que ajudou a resolver o problema que você pode repetir agora?

Por fim, “mãos à obra”! Comece a executar a sua lista, partindo do problema mais simples e irrelevante.

 

Isso mesmo. Comece pelo problema mais simples e irrelevante da sua lista.

Quando nós pensamos nos nossos problemas, queremos atacar logo o problema mais monstruoso, mais difícil, aquele que incomoda mais e que é mais difícil de resolver. O que acontece é que a chance de termos dificuldades na resolução desse problemão são grandes por uma série de questões que veremos adiante. A consequência é o desânimo, o acúmulo de problemas e a sensação de que não seremos capazes de dar conta deles.

Imagine que você é o super-herói de um desenho animado. A luta do herói nunca acontece diretamente com o grande vilão da história. Se fosse assim, o desenho só teria um episódio. O herói passa por uma série de inimigos, cada vez mais poderosos, adquirindo mais força e sabedoria e se preparando para enfrentar o chefão mais adiante. Esses são os problemas que você já enfrentou.

É importante sempre ter em mente como nós resolvemos nossos problemas no passado e o que aprendemos nestas ocasiões. O que podemos aproveitar e o que podemos melhorar em nossa resolução de problemas?

Além disso, quando o grande chefão aparece, ele sempre vem acompanhado dos seus capangas. Estes capangas são inimigos facilmente derrotáveis, mas que, se forem ignorados pelo herói, podem ser mortais. Esta é a imagem da sua lista atual de problemas: um ou dois problemas maiores e os seus capangas.

O herói precisa derrotar os capangas antes de atacar o chefão.

Com os seus problemas acontece a mesma coisa. Normalmente nós temos um grande problema – o chefão – e vários outros pequenos problemas – os capangas – que são facilmente derrotáveis, mas que, quando ignorados se somam ao chefão e dificultam muito a nossa luta.

Elimine os capangas em primeiro lugar. Elimine esses problemas pequenos que ficam ali sugando sua energia, te exaurindo mentalmente e drenando seu senso de autoeficácia.

Quando nós resolvemos esses problemas que estão lá no final da nossa hierarquia, nós adquirimos confiança e nos fortalecemos. No final, a chance de conseguirmos resolver então os maiores de nossos problemas, já será muito maior.

Mutirão do Sintoma.

Qual é a dificuldade que seus amigos estão vivenciando? E você? O que tem te incomodado ultimamente? Será que vocês podem se ajudar de alguma maneira?

Outro dia, na casa de um amigo, surgiu a brilhante ideia do Mutirão do Sintoma.

A ideia é reunir um grupo de amigos que vão se apoiar mutuamente na resolução imediata de algum problema.

Todo mundo tem aquele e-mail que está evitando mandar, ou precisa enviar currículos e fazer cadastros em sites de procura de emprego. Talvez você esteja precisando fazer alguma ligação que vem adiando. Pode ser uma pequena mágoa que você guardou de um amigo que você precisa desabafar, mas está sem coragem para fazer isso.

Estes são pequenos problemas do dia a dia, a princípio de fácil resolução, que colaboram para tirar a nossa paz. São “pequenas poeirinhas” que podem ser varridas para fora da sua vida, te dando mais tranquilidade e uma visão mais clara dos problemas mais complicados com os quais você está lidando.

O chato desses problemas-poeira é que eles embaçam a visão, tornam a nossa vida mais confusa e bagunçada, de modo que ficamos sem saber por onde começar a resolver nossos problemas mais complexos.

Reúna os amigos em um dia tranquilo, prepare comida e bebida. Quando estiverem reunidos, façam um brainstorm dos problemas simples do dia a dia que vocês estão tendo dificuldade para resolver sozinhos (cada um isolado na sua própria casa) e se apoiem para que vocês possam resolver esses problemas ali mesmo, conjuntamente. Redijam o e-mail pendente juntos, façam as ligações pendentes na presença dos amigos para que eles possam te abraçar assim que você desligar o telefone. Enfim, o que der para vocês resolverem juntos resolvam!

Tire as coisas simples do caminho. E conte com os amigos para isso.