Coloca no piloto automático.

Criar hábitos e cumprir tarefas exige de nós, em grande medida, que sejamos capazes de nos colocarmos em uma espécie de piloto automático.

Eu sei que atualmente tem todo esse papo de “Não viva sua vida no piloto automático” e isso está certo. Não é para viver desse jeito mesmo.

Veja bem. Quando dizem que devemos parar de viver nossa vida no piloto automático, estão nos dizendo que devemos parar para pensar o que queremos da nossa própria vida. Não devemos nos deixar levar pelos valores e estilos de vida previamente estabelecidos. Devemos encontrar o nosso próprio caminho. Pode ser que o tradicional “se formar na faculdade, casar e ter filhos” sirva para você, pode ser que não. Em segundo lugar, devemos parar e apreciar, saborear, desfrutar a vida. Prestar atenção aos caminhos que percorremos todos os dias (aos nossos pés), à paisagem da cidade e por aí vai. Devemos encher o nosso dia a dia de mais cores, texturas e sabores!

Saia desse piloto automático que te impede de apreciar a vida e que a domina!

Quando eu digo que para cumprir certas tarefas e criar hábitos devemos ligar o piloto automático, eu falo de outro tipo de experiência. Talvez haja um nome melhor do que piloto automático para ela, mas não me ocorre nenhum agora. Eu me refiro à experiência de fazer as coisas sem pensar.

Quando eu preciso acordar cedo, por exemplo, eu sei que se eu ficar pensando muito, vou me atrasar ou faltar ao compromisso. Quantas aulas eu já não matei de manhã por causa disso. Quando tenho que escrever o trabalho final de uma disciplina a mesma coisa. Se eu ficar pensando muito bate o desespero e eu não escrevo nada. Eu também passo geralmente o dia inteiro pensando no que escrever no blog e nenhuma das ideias que eu tenho me parecem boas, quando chega de noite eu tenho que simplesmente escrever e pronto. Quando tenho que levantar para ir para a aula de poledance, se eu começar a pensar que vou ficar cansada depois da aula, com o corpo doendo etc., eu acabo desistindo de ir.

A primeira pessoa que me alertou para isso foi meu marido. Eu ficava reclamando com ele que eu não conseguia me determinar a levantar da cama de manhã e também não conseguia me determinar a fazer algumas outras atividades. E aí ele me disse que o meu problema era que eu pensava muito. Que eu tinha que simplesmente fazer a coisa e ponto final. Eu achei um ótimo conselho. Pouco tempo depois do meu marido me dizer isso, uma psicóloga amiga minha, que trabalha com propósito de vida e metas, me disse a mesma coisa.

Claro que não é tão simples assim simplesmente parar de pensar e fazer as coisas. E as pessoas normalmente não sabem dar instruções muito detalhadas nessas horas, não é verdade? Mas, enfim, eu já tinha o objetivo, só precisava descobrir os meios para alcançá-lo.

Era necessário então que: quando eu me pegasse pensando muito antes de uma atividade, eu tentasse parar de pensar e fazer a atividade.

Comecei a observar as minhas manhãs.

O despertador toca. Eu já sei que eu tenho a soneca programada para daí a dez minutos. Eu começo a fazer contas: “se eu levantar agora eu vou ter X de tempo antes de sair de casa. Com a soneca, vai ser Y. Eu levo 10 minutos para tomar banho, 10 para comer e mais 10 para terminar de me arrumar. Então dá para esperar a soneca”. Aí o despertador toca de novo e eu volto a fazer contas: “bom, eu ainda estou com muito sono. E se eu pular o café da manhã? Afinal, eu nem estou com tanta fome assim. O que eu ia comer no fim das contas? Uma torrada com café e leite? Isso nem é saudável! Se eu ainda fosse comer uma fruta, talvez eu devesse levantar agora, mas já que eu vou comer besteira. Pão. Nem era para estar comendo pão. Ah, mas eu amo pão. Então, se eu pular o café, eu posso ficar mais dez minutos”.

E assim vai, até eu estar dez minutos atrasada para a obrigação.

É uma ladainha mental que eu comecei a perceber que rolava na minha cabeça. Era preciso dar um basta nisso.

A primeira coisa que eu fiz foi mudar a música do despertador para uma música mais agitada que eu goste de cantar. Acordar prestando atenção na música e saindo de dentro da minha cabeça (não ficar mergulhada nos meus pensamentos negativos, focar na música). Em segundo lugar, precisei prestar atenção aos meus pensamentos e comecei a escrever os diálogos internos que eu tinha nessas horas (como eu demonstrei para vocês ali em cima), para que eu pudesse ter maior consciência deles. Na hora que eles aparecem, eu já consigo identificar e dizer para mim mesma: “você está pensando demais de novo! Só para de pensar e faz. Quer ver, oh, fica cantando essa música aqui”. Aí eu começo a cantar uma música na minha cabeça, para parar de pensar, e vou fazer o que tem que ser feito.

Ainda estou no início do processo. E, por conta do meu ritmo biológico, fazer isso pela manhã é mais difícil. Mas, ao longo do dia, já tem funcionado bem!

Se você é como eu e fica enrolando e procrastinado, cara, só para de pensa. São as coisas que a gente pensa que fazem a gente desanimar. “Eu não vou conseguir tirar uma boa nota nesse trabalho”. Pronto. Você vai enrolar até o último minuto para fazê-lo. “Se eu levantar agora vou ficar com sono o dia inteiro”. Pensando assim, você vai levantar atrasado. E por aí vai.

Tente controlar seus pensamentos. Coloca a tarefa no piloto automático (o bom sentido do piloto automático), vai lá e faz o que você tem que fazer.