Fotograma do Prólogo do filme “O Anticristo”

Uma mulher olha para um homem que a deseja.

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Eles fazem amor.

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O casal não se preocupa com nada ao seu redor.

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Um ursinho flutua carregado por um balão.

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As páginas de um livro voam com o vento, os bonecos ficam parados.

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O ursinho olha pela janela.

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O casal ignora a tudo e a todos.

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A criança se encanta com os flocos de neve.

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A criança não tem noção do que faz.

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O sexo acaba com o orgasmo da mulher e, no mesmo instante, a criança cai da janela.

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Prólogo do filme “O Anticristo”.

Uma criança caía da janela no momento em que sua mãe atingia o orgasmo. O menino estava encantado com a neve lá fora. Ele subiu no parapeito e sacudiu as mãozinhas no ar agitando os flocos. Confundia-os com brinquedos.

O menino havia passado pelo quarto dos pais a caminho da janela. Ele olhou a figura emaranhada que se contorcia em cima da cama. O mesmo olhar sereno que olhava para ursinhos de pelúcia que flutuavam pelo quarto. Os pais, que já estavam prestes a gozar, não ouviam nada, nem mesmo crianças vagando pela casa.

O menino deveria estar no berço. Mas a barulheira que os pais ignoravam o acordou e instigou; o som da água do chuveiro, da máquina de lavar roupas, o barulho de garrafas sendo derrubadas e líquidos derramados.

O casal havia colocado o bebê para dormir e a roupa suja na máquina de lavar. Homem e mulher foram tomar banho e acabaram trocando olhares apaixonados.

As gotas de água do chuveiro, todo o líquido derramado e a neve que entrou pela janela não chagaram a constituir o volume de uma só das lágrimas da mulher.