Aprendendo coisas novas (ou tentando).

Hoje estou digitando com os dedos doloridos, pois fiquei uma hora brincando com o violão (que o corretor havia corrigido corretamente para “brigando” com o violão. Às vezes eu acho que esse corretor automático me conhece melhor do que eu mesma).
Eu não sou completamente estranha a música. Fiz o curso básico do Villa-Lobos, que dura dois anos, e estudei canto por alguns outros tantos anos. Já estudei teclado por um tempo e sou paixonada por flauta doce (com a qual eu me divirto de vez em quando também). Então, eu até consegui ler os acordes do violão sem grandes dificuldades, o problema é que colocar os dedos naquelas posições é impossível! Não digo nem trocar de um acorde para o outro, diga arregaçar os dedos e fazer pressão na corda ainda por cima. Galera que toca violão, como consegue? Eu lembro que o pessoal lá na escola de música, os guitarristas das bandas que eu já toquei e tal ficavam forçando os dedos para separá-los. É isso mesmo? Esse procedimento ajuda?
Bom, enquanto eu me embolava aqui com o violão eu me lembrei de duas amigas.
Uma delas diz que eu sou muito empolgada com as coisas. Por exemplo, eu penso em me mudar da cidade do Rio de Janeiro e na mesma noite já preencho o currículo no site de uma empresa que fica na cidade para onde eu gostaria de ir. Qual é o problema, afinal? Eu apenas preenchi um currículo eu não vendi meu apartamento e assinei um contrato. É com a mesma leveza e despreocupação que eu pego um instrumento no qual eu jamais soube tocar (e mal) mais do que a introdução de Come as You Are para tentar praticar os três acordes iniciais de uma das músicas mais maravilhosas que eu já ouvi na vida (para os curiosos: Between the Bars, do Elliott Smith). Eu faço isso sem grilo e não tem problema nenhum se eu nunca mais tocar no violão.
Aí chegamos a outra amiga. Essa outra amiga me disse que estava com um projeto novo que eu achei genial: de aprender algo novo a cada seis meses. Eu vou até perguntar para ela se ela está acumulando atividades (tipo começa uma aula de dança e depois de seis meses soma um curso de desenho, mais seis meses e ela acrescenta à agenda um terceiro curso) ou se de seis em seis meses ela troca a atividade que está aprendendo. De qualquer maneira, o projeto é maravilhoso. Todos nós devíamos fazer um pouco mais disso. Aprender coisas novas periodicamente. Esse é um ótimo estímulo para estarmos sempre nos aperfeiçoando e mantendo a mente aberta e ativa.
Eu acho que eu vou embarcar nessa também. Eu tenho vários interesses nos quais eu vou começar a investir descompromissadamente. Serão excelentes oportunidades para relaxar, conhecer gente nova e, quem sabe, descobrir novos talentos.

Livin’ on a prayer X It’s my life – ou como um abanda pode ser tão contraditória?

bom-jovi

Bon Jovi já está aí há bastante tempo. Não acompanho a banda e ela está longe de ser minha banda favorita, mas hoje eu ouvi estas duas músicas, uma seguida da outra e fiquei espantada.

A música Livin’ on a prayer é de 1986. A letra traduzida da música é (tirada do site Vagalume. Link: https://www.vagalume.com.br/bon-jovi/livin-on-a-prayer-traducao.html):

 

Vivendo de preces
Era uma vez

Não faz muito tempo

 

Tommy costumava trabalhar no porto

O sindicato está fazendo greve

Ele só tem sua sorte

É difícil, tão difícil

Gina trabalha no restaurante o dia todo

Trabalhando por seu homem, ela traz pra casa o pagamento

Por amor, por amor

 

Ela diz: Temos que nos segurar ao que nós temos

Não faz diferença se conseguiremos ou não

Nós temos um ao outro e isso já é o bastante para o amor

Nós vamos dar uma chance

 

Estamos quase lá

Vivendo de preces

Segure minha mão, nós vamos conseguir, eu prometo

Vivendo de preces

 

Tommy penhorou seu violão

Agora ele está segurando

Quando ele o utilizava para se expressar, é difícil

É muito difícil

Gina sonha em fugir

Quando ela chora de noite, Tommy sussurra

Amor, está tudo bem, um dia

 

Temos que nos segurar ao que nós temos

Não faz diferença se conseguiremos ou não

Nós temos um ao outro e isso já é o bastante para o amor

Nós vamos dar uma chance

 

Estamos quase lá

Vivendo de preces

Segure minha mão, nós vamos conseguir, eu prometo

Vivendo de preces

Vivendo de preces

 

Nós temos que aguentar, preparados ou não

Você vive pela luta quando é tudo o que resta

 

Estamos quase lá

Vivendo de preces

Segure minha mão, nós vamos conseguir, eu prometo

Vivendo de preces

 

Estamos quase lá

Vivendo de preces

Segure minha mão, nós vamos conseguir, eu prometo

Vivendo de preces

 

Tem nessa música uma ideia muito forte de companheirismo. Duas pessoas se agarrando uma à outra, passando por intensas e cruéis dificuldades juntas, lutando para sobreviver e tirando forças do amor e da ideia de estarem juntos. A música nos deixa com esse sentimento de revolta contra a opressão, a miséria e contra essa realidade que vivemos, que nos massacra e nos faz sofrer. As pessoas só querem se amar e ser felizes, mas eles não encontram condições mínimas para viver suas vidas em paz. O refrão representa uma coletividade através do uso do pronome “nós”. Tommy e Gina têm um ao outro e ali naquele “nós” ainda está contida uma juventude indignada que quer se libertar!

Agora vamos à letra de It’s my life (também retirada do site Vagalume. Link: https://www.vagalume.com.br/bon-jovi/its-my-life-traducao.html):

 

É a minha vida
Esta não é uma canção para quem está de coração partido

Não é uma oração silenciosa para os que perderam a fé

Eu não serei apenas um rosto na multidão

Vocês vão ouvir minha voz quando eu gritar bem alto

 

É a minha vida

É agora ou nunca

Eu não vou viver para sempre

Eu só quero viver enquanto estiver vivo

(É a minha vida)

Meu coração é como uma estrada livre

Como Frankie disse

Eu fiz do meu jeito

Eu só quero viver enquanto estiver vivo

É a minha vida

 

Esta é para aqueles que conquistaram seu espaço

Para Tommy e Gina que nunca desistiram

Amanhã será mais difícil não cometer erros

Nem a sorte é afortunada

Tem que fazer suas próprias oportunidades

 

É a minha vida

É agora ou nunca

Eu não vou viver para sempre

Eu só quero viver enquanto estiver vivo

(É a minha vida)

Meu coração é como uma estrada livre

Como Frankie disse

Eu fiz do meu jeito

Eu só quero viver enquanto estiver vivo

Porque é a minha vida

 

É melhor estar alerta quando eles te convocarem

Não se curve, não ceda, querida, não recue

 

É a minha vida

É agora ou nunca

Porque eu não vou viver para sempre

Eu só quero viver enquanto estiver vivo

(É a minha vida)

Meu coração é como uma estrada livre

Como Frankie disse

Eu fiz do meu jeito

Eu só quero viver enquanto estiver vivo

(É a minha vida)

 

É agora ou nunca

Eu não vou viver para sempre

Eu só quero viver enquanto estiver vivo

(É a minha vida)

Meu coração é como uma estrada livre

Como Frankie disse

Eu fiz do meu jeito

Eu só quero viver enquanto estiver vivo

Porque é a minha vida

 

Uma letra vazia, redundante, sem profundidade nenhuma, marcadamente individualista e egocêntrica. O valor aqui é o suposto controle que temos sobre a nossa própria vida independentemente de todas as circunstâncias. Aqui não existem barreiras intransponíveis. Aqui, depende apenas da vontade de Tommy e Gina se libertarem das condições que os aprisionavam e os faziam sofrer, que ameaçavam seu amor. Ouviram, Tommy e Gina? Só depende de vocês.

Nessa letra tem um final feliz implícito. Aquela liberdade pela qual se lutava foi supostamente alcançada.

Nessa segunda letra, a gente não fica com raiva do mundo exterior, a gente olha para o mundo com desprezo, sabendo que podemos, sozinhos, dominá-lo. Tommy e Gina lutavam juntos contra a opressão; o homem do ano 2000 (ano de lançamento de It’s my life) toma as rédeas de sua vida e dobra o mundo perante a sua vontade soberana. Não deve ser à toa que Bom Jovi é um homem, branco, rico, norte-americano, cantando It’s my life na virada do século XXI. Essa música é o símbolo da nossa falta de horizonte.