Mude sua maneira de ver a vida ou mude a própria vida. 

Quando eu vou trabalhar na Barra da Tijuca, ou em qualquer outro lugar longe da minha casa, existem algumas opções de trajeto para mim, utilizando transporte público. Todas elas são extremamente agradáveis.
A monotonia é apenas aparente, é para aqueles que não sabem apreciar o mundo. Na verdade a vida, tanto dentro quanto fora da minha cabeça, é extremamente rica.
Basta parar e prestar atenção à natureza ao redor, quando você está subindo de ônibus o Alto da Boa Vista, que você vai ter uma impressão diferente em cada viagem.
Indo de metrô, aproveite para ler um bom livro, seja o livro físico seja um e-book. Nem preciso falar, não é? Quem lê vive mil vidas em uma. Outra opção muito interessante é ouvir música. Músicas animadas, emocionantes…. Diferentes tipos de música, para cada ocasião, cada estado de espírito… Elas vão enriquecer a sua viagem além de proporcionar fortes emoções.
Quando você consegue sentar e está muito cansado (se você não estiver paranóico com a violência da cidade), você também pode investir naquele cochilo. Compre aquele colar para apoiar o pescoço para melhorar a qualidade dessas sonecas. Aí sim elas terão potencial para serem verdadeiramente revigorantes!
Se você passa esse tempo dirigindo, a esperança para você não está perdida. O investimento pesado em música e audiobooks vão salvar sua vida!
Quem gasta muito tempo em viagens e engarrafamentos na cidade, não pode se dar ao luxo de desperdiçar essas horas valiosas. Você está jogando a sua vida no lixo quando fica lamentando o fato de ter que passar esse tempo no trânsito. Se você achar que nenhuma das opções acima é viável para você, mude de emprego ou de casa. Sofrer, não vale a pena. Faça um favor a si mesmo: mude sua maneira de ver a vida ou mude a própria vida.
Eu me concentrei em falar neste texto especificamente sobre o trânsito, pois é um fator relevante da vida no Rio de Janeiro. Mas a idéia vale para todas as coisas que nos geram insatisfação. Pense nisso.

Mindfulness de um olhar apaixonado. 

Não se trata de um complicado “adeus”, apenas de um “até logo”. E o meu olhar encontrou o seu. Como sempre. Não é novidade isso também. Eu olho nesses olhos um milhão de vezes ao longo do dia e estas pálpebras mais tantas ao longo da noite. Mas ao dizer “bye, bye, baby, vou para o curso e já volto”, se eu demoro um segundo a mais para virar o rosto, eu sinto uma dor aguda. Como uma pressão forte no esterno que ameaça esmagar o coração. Ao mesmo tempo eu sei que meu rosto se ilumina como se brilhasse ao sol. E, no lugar de me encolher, eu estufo o peito e abro os braços para mais um abraço demorado e é como se alguma música tocasse muito alto, música de boate, que faz a gente vibrar junto, mesmo sem querer. E eu respiro fundo para sentir seu cheiro e na minha imaginação eu vejo pequenas partículas de você entrando pelo meus nariz e fazendo cócegas no pulmão. A vontade que tenho é de prender o ar e nuca mais soltar. Eu me sinto como um balão voando no ar, preso à terra por uma linha invisível que me liga a você. E eu só vou morrer quando esse ar dentro de mim acabar. E eu ainda tenho mais outro três sentidos para completar essa experiência de amor intenso. É aí que eu ouço o som da sua voz dizendo “eu te amo. Volta logo”. Eu aperto mais forte e sinto o corpo todo encaixando. Crac, crac, crac. O som de quando algo vai para o seu devido lugar e o barulho quando se acomoda. Tudo que encaixa com barulho solta depois com mais dificuldade, porque entra na pressão em um espaço perfeito. Não desliza nem solta fácil. Desmontar essa peça de nós dois juntos é difícil. Gera a energia do rompimento no núcleo de uma bomba atômica e eu sou jogada para longe, ainda com o gosto do último beijo na boca.

“Por onde andam meus pés”? Dia 3.

Talvez eu devesse agradecer aos meus pés pelos caminhos que percorro todos os dias. É que os pés são tão fáceis de ignorar… É mais fácil racionalizar e julgar sempre que a cabeça é a grande estrela da vida. A muito custo ela divide o palco com o coração. O estômago às vezes também marca presença, pelo menos o meu, mas os pés…. Mesmo quando andamos muito quem dói são as pernas.
E foi graças ao fato de estar prestando atenção aos meus pés que eu notei hoje, perto de casa, uma jabuticabeira.

Quando eu era mais nova eu gostava muito de andar à esmo pela cidade. Naquelas ocasiões eram verdadeiramente, de maneira inegável, meus pés que guiavam o caminho. Eles confabulavam com o vento e para onde apontavam eu ia. Perdi esse costume e passei a ignorar meus pés.

Eu devia ter percebido a dica quando li “Mulheres que Correm com os Lobos”. Se trata, na verdade, de seguir os próprios pés. Essa é a verdadeira sabedoria.

Acusamos certas histórias, morais e exortações de serem clichés. Pois bem, todas as histórias, as morais e as exortações orientais que atualmente são populares no ocidente tentam nos mostrar que a verdadeira sabedoria não está na cabeça e nós ainda não aprendemos.

A última que ouvi foi de um jovem monge que se preparou por três anos para sua última prova de sabedoria, quando deixaria de ser o aluno para se tornar o mestre. Ele estudou todos os segredos do universo e tinha certeza de que ia se sair magnificamente bem. No caminho para o templo onde realizaria o exame, repassou todo o conteúdo em sua mente. Sabia tudo. Chegou em silêncio, respeitosamente, e ajoelhou-se diante de um tablado. Depois de um instante o mestre que estava a sua espera disse: “Está um belo dia lá fora. Quais são mesmo as cores das flores na entrada do templo”? O jovem monge se deu conta de sua estupidez e partiu para se preparar por mais três anos e repetir o teste.

A moral cliché? “Stop and smell the flowers.” (Pare e cheire as flores). Ou seja, pare e preste atenção à vida ao seu redor. Mais cliché impossível. Mas nós ainda não estamos cheirando as flores.

Talvez se o monge estivesse prestando mais atenção aos próprios pés, ele tivesse passado no teste.