Cultivando relacionamentos.

Eu já falei para algumas pessoas que elas precisam ampliar e fortalecer seus laços sociais.

Não sou estranha a essas necessidades.

Eu já passei por forte necessidade de fazer novos amigos e cuidar dos laços já existentes.

Algumas pessoas são bastante sociáveis e, facilmente, vivem rodeadas de amigxs. Para outras, certo esforço é necessário para não acabar ficando mais tempo sozinha do que é saudável ficar.

Todo dia é dia de cuidar de relacionamentos; com xs amigxs, com companheirx, com a família, consigo mesmo.

Hoje foi dia de fazer coisas agradáveis com a minha mãe.

Temos a visão fortemente arraigada no senso comum de que os laços de afeto com a família são dados de realidade que não podem ser alterados; mas os laços familiares, assim como os laços de amizade, conjugais ou mesmo o nosso relacionamento com a gente mesmo, todos esses relacionamentos requerem cuidados.

Eu só consegui perceber isso depois que me mudei da casa de minha mãe.

Desde que passei a morar fora de casa, percebi que meu relacionamento com minha mãe precisava ser cultivado. Que os anos de rotina e convivência haviam feito se acumularem muitos momentos de brigas, cuja lembrança ofuscava momentos de atividades prazerosas em conjunto. Portanto, comecei a buscar mais momentos deste último tipo. Hoje passamos o dia replantando e cuidando das plantas do meu jardim (que está maravilhoso por sinal).

Esse tipo de cuidado deve ser dispensado a todos os relacionamentos que são importantes para nós e, por algum mistério (algum funcionamento equivocado da nossa psique), nós tendemos a não dar tanta atenção aos amigxs já conquistados, nossx companheirx, aos familiares que amamos. Deixamos mesmo de cultivar um bom relacionamento com a nossa mente e o nosso corpo. Deixamos de investir nos bons momentos que acabam ofuscados pelos desagrados.

Com companheirx nós só brigamos e já não partilhamos mais nada em comum além do tempo que passamos trancafiados juntos dentro de casa; procuramos xs amigxs quando precisamos desabafar e não nos preocupamos em saber da vida dx amigxs com interesse e profundidade; procuramos os familiares nas datas comemorativas ou quando precisamos de alguma coisa; desgostamos de nossos corpos e não investimos no autoconhecimento e nas atividades que recarregam nossas energias e nos dão prazer.

Com o tempo, essa dinâmica desgasta os relacionamentos.

Não é necessária uma DR para saber o que fazer para cultivar o relacionamento (embora eu não tenha nada contra discutir a relação de vez em quando), basta que você chame a pessoa para um café, para jogar conversa fora, ou que você a chame para fazer alguma atividade pela qual compartilhem interesse mútuo (ou, por que não, conhecer alguma atividade nova a qual a outra pessoa pode te apresentar? Pode ser que você goste. Eu, por exemplo, nunca tinha experimentado qualquer outra atividade artística além da escrita e da dança. Mas acabei me interessando pela pintura, recorte e colagem e muitas outras coisas por conta de algumas amigas que tinham esses interesses).

Se você estiver sem dinheiro, chame a pessoa para dar um pulo na sua casa ou se convide (isso, se convide mesmo) para ir na casa dela. Uma expressão sincera da vontade de estar junto, geralmente, é muito bem recebida.