Sobre livros de colorir para adultos (e meu ex-preconceito contra eles).

A gente é muito preconceituoso de um modo geral.

Alguns desses preconceitos são responsáveis pelas mortes de milhões de pessoas ao redor do mundo.

Outros desses preconceitos nos impedem de experimentar muitas sensações positivas em nossas vidas.

É desse segundo tipo que eu quero falar hoje (mencionei o primeiro, porque trata-se de algo que sempre, sempre, sempre temos que reforçar).

 

Há uns meses eu comecei a colorir mandalas. E estou amando. E lembro que eu não comecei antes porque algumas pessoas comentaram comigo que achavam essa nova onda de livros para colorir para adultos estúpida. Eu internalizei essa crença e ela me travou por oanos.

Eu não estou dizendo que a solução para todas as pessoas é sair colorindo mandalas. Mas que é possível que seja bom para você, mas que você pode estar deixando de se beneficiar desse exercício pelo seu próprio preconceito ou pelo das outras pessoas.

No curso que eu estou fazendo (100 Days of Art Journal Therapy), disseram que colorir dentro de padrões pré-determinados nos ajuda nesse movimento, muito necessário para uma vida boa, de ser criativo dentro da rigidez do dia a dia. É verdade. Pelo menos no momento em que você está colorindo, você usa a sua criatividade para fazer algo singular, dentro do mesmo padrão que milhares de outras pessoas também estão colorindo. Isso faz sentido para mim como uma metáfora da qual precisamos nos apoderar e expandir para mais aspectos da nossa realidade.

Ainda que a sua praia não seja a de colorir mandalas, se pergunte: O que eu estou deixando de fazer por conta do julgamento das outras pessoas? Quais preconceitos eu tenho e como posso combatê-los?

Sobre o amor, o sofrimento e a esponja do mar. 

Ontem eu estava em um bar, na Lapa, discutindo relacionamentos amorosos.
Aí um amigo me perguntou como eu achava que deveriam ser os relacionamentos. Sofrer de amor é normal e necessário? Ou daria para viver sem sofrer de amor?
Eu disse: “Bom, acho que a utopia seria o amor livre universal. Muito amor, zero sofrimento”. Passamos as próximas quatro horas falando sobre isso.
Eu, partidária da idéia de que numa sociedade utópica isso seria possível. Ele afirmando que sofrer (por ciúmes e pelo término do relacionamento com a pessoa amada) é o indício do quanto a pessoa significa para nós. Indício do fato de que elas são insubstituíveis. Eu afirmando que, na minha utopia, mesmo se um relacionamento acabasse, você estaria enredado numa rede de amor tão grande e intensa, que não haveria sofrimento. O único sentimento possível seria felicidade. Você ficaria feliz por aquela pessoa que se afastou de você ter ido dar e receber amor de outras pessoas.
Ele achou esse mundo que eu descrevi frio, individualista, cheio de pessoas descartáveis.
Eu ficava pasma.
Como frio? No nosso mundo a gente sofre pela perda do amor de uma pessoa porque o amor é escasso. A gente vive uma intensa fome de amor. Cada pessoa que a gente perde atualmente significa uma ameaça de solidão e de solteirisse, de relacionamentos vazios para o resto da vida.
Num mundo com muito, muito, muito mais amor, as pessoas que se vão, teriam para sempre um lugar especial em nosso coração, claro, mas não sofreríamos justamente por saber que ela estava apenas indo ser feliz amando outras pessoas. Não seria uma perda, um término. O amor não seria um período de relacionamento marcado pelo tempo que ele dura. O amor entre todas as pessoas seria eterno e profundo.
A resistência dele em relação à minha utopia (ou seja, não é algo para se colocar em prática amanhã, nem daqui a vinte anos sequer, é meramente um sonho, um olhar sobre um futuro alternativo distante) me fez lembrar de um exercício de imaginação que eu fiz há umas semanas.
Nesse exercício eu era instruída a pensar no meu salário dos sonhos, o dinheiro que eu gostaria de ter na minha conta todo fim de mês. Depois que eu idealizava a quantia, a pessoa que estava orientando a visualização dizia: “Agora que você já pensou no seu salário ideal, pense em um número mais alto do que esse que você imaginou”. Eu pensei comigo mesma: “Não! Mais alto ainda?! Gente, eu não consigo nem imaginar isso”. Precisei me esforcçar muito para seguir a orientação. E ainda assim, não dava nem para ficar milionária com os números que eu imaginei.
Depois, pensando no exercício, eu fiquei boba. Era uma exercício de imaginação! Eu poderia me imaginado ganhando dois bilhões de euros por semana. Mas eu estou tão presa à minha realidade, que mesmo na imaginação, é difícil me libertar.
Me pareceu que meu amigo estava sofrendo do mesmo sintoma.
A gente fica tão preso ao fato de que sofremos e muito ao longo de nossa vida amorosa, que fazemos essa extrapolação, e pensamos que é absolutamente necessário sofrer quando se ama uma pessoa. Não conseguimos conceber o amor sem sofrimento.
Isso é muito triste.
Eu prefiro dar asas à imaginação e pensar no melhor cenário possível. Tornarei esse um exercício constante em minha vida.
No fim das contas, minha mãe já me alertava para isso desde que eu era pequena.
Ela me contava a história da esponja e da estrela do mar, que era mais ou menos assim:
A esponja, que morava lá no fundo do mar, via a estrela do mar e pensava como deveria ser boa a vida da estrela do mar. Certo dia, Deus se voltou para a esponja do mar e disse: “Esponja, hoje é o seu dia. Você pode escolher qualquer ser no universo inteiro no qual você queria se transformar, que eu vou realizar seu desejo. Você pode escolher ser uma planta rara no deserto, um pássaro e voar livre junto com os quatro ventos do mundo ou ainda ser qualquer um dos astros do céu…” A esponja interrompeu o Senhor e falou: “Ok, ok, Deus. Eu já sei o que eu quero! Eu quero ser aquela estrada do mar ali”! E Deus transformou a esponja na estrela do mar.
Essa história mostra justamente como nossos desejos e sonhos são limitadas pelo que está bem diante do nosso nariz.
Esse não é aquele papo de que é só mentalizar que a coisa vai cair no seu colo. Eu nem estou falando realizações ou metas. Estou meramente falando de libertar a imaginação para pensar em coisas melhores e mais positivas. Só isso já causa um impacto maravilhoso em nossa vida.

“Por onde andam meus pés”? Dia 7.

Bem assim, um pé dentro e um fora de casa. Simbólico do modo como eu passei meu dia.
Esse clima de fim de ano…
Eu tenho um amigo que disse que começa a sentir os ares mudando no início de dezembro. Eu só sinto isso agora, entre o Natal e o Ano Novo. Ainda bem. Porque eu acho esse clima um saco.
Por um lado a empolgação com o ano que começa, por outro a vontade de ficar de bobeira o dia todo, um pé no ano novo e um no ano velho.
Parece que fica tudo em suspenso. Como quando você espera o fim de semana acabar para começar uma dieta na segunda feira.
Eu tenho pensado nas minhas metas para o ano que vem.
Já tenho alguns planos esboçados, alguns desejos. Nada ainda muito decisivo.
Estabelecer metas não é algo leviano. Quando estabelecemos metas sem responsabilidade e determinação, acabamos não conseguindo cumprí-las e ficamos desmotivados.
Ao estabelecer metas devemos ter cuidado para manter o equilíbrio em nossa vida e para não irmos contra os nossos valores.
Não podemos estabelecer metas sem um período de reflexão antes, mas depois de estabelecida a meta, temos que estar com os dois pés dentro.

Então imagine o seguinte: imagine que você está em um campo minado. Há um caminho marcado nesse campo por onde dizem que é seguro atravessar. Mas, quem sabe? Você não tem certeza dessa informação. O que faria você atravessar esse campo?

Normalmente esse tipo de experimento mostra as áreas da sua vida que você mais valoriza. E dá muito certo estabelecer metas para essas áreas da vida.
O problema é que geralmente adotamos metas externas, sociais, e acabamos frustrados e se força de vontade para continuar buscando a sua realização.
Você por acaso viu do outro lado do campo minado você mesma, saradona, em roupa de banho? Não? Talvez emagrecer seja para você uma meta socialmente imposta. Confie em mim. Torne-se uma pessoa mais satisfeita com a sua vida e o seu corpo em primeiro lugar. E depois emagrecer vai ser mais fácil SE isso ainda for uma questão para você.
Assuma o compromisso de perseguir as suas próprias metas no ano que vem e seja mais feliz em 2018! Os dois pés dentro!