Escrita terapêutica de ano novo. 

Eu já falei algumas vezes no Blog sobre escrita terapêutica.
Hoje eu gostaria de trazer uma sugestão de exercício de escrita para começar o ano.
Eu sugiro que você construa alguns textos a partir dos motes que eu vou sugerir (claro que você pode trocá-los, fazer modificações ou substituí-los para que sejam mais adequados às suas experiências).
Ao escrever estes textos (que não possuem tamanho determinado, você escreve o quanto julga suficiente para relatar suas experiências, a maneira como se sentiu etc.) você vai elaborar um panorama de como está a sua vida nesse momento.
Esse exercício nos ajuda a não nos esquecermos, a mantermos em perspectiva, os acontecimentos que vêm constituindo nossa vida e influenciando o modo como vivemos. Tanto positiva quanto negativamente.
Separe um tempo para fazer esta reflexão.

Os motes são os seguintes:

*Os melhores momentos do ano de 2017 foram…
*As coisas mais importantes que aconteceram comigo em 2017 me ensinaram que….
*No ano de 2017 eu me senti frustrada por….
*Eu me senti triste por…
*Os momentos mais difíceis do ano foram….
*No ano de 2017, contudo, eu me senti feliz por….
*Os meus principais motivos de alegria e felicidade foram…
*De um modo geral o ano foi…
*Agora em 2018 eu gostaria de….
*Eu espero que 2018 seja um ano de/em que…
*Neste ano eu pretendo…
*A melhor coisa que pode acontecer comigo este ano é…

Boa reflexão e boa escrita!

15 perguntas para lidar com situações difíceis.

Tenho me interessado muito por escrita terapêutica.

Escrever pode ser um ato curador, além de ser algo muito prazeroso. Devo falar ainda muitas vezes sobre isso no futuro, pois tem sido um dos meus mais queridos temas de estudo.

Já falei aqui sobre journal therapy. O que eu quero compartilhar com vocês hoje são algumas perguntas, que funcionam como guias para a escrita de si, com o objetivo de trabalhar eventos traumáticos.

É importante, ressaltar, claro, que a escrita de si não substitui acompanhamento psicológico ou medicação. Trata-se apenas de uma forma alternativa de buscar autoconhecimento e alívio do sofrimento.

 

Procure um lugar calmo para se sentar com um caderno. Certifique-se de que você terá um tempo razoável para pensar e escrever sobre as suas experiências.

Se nada disso for possível, ou se você for interrompido, não fique alarmada! Apenas retorne à atividade em uma hora melhor.

 

Pense e escreva sobre as suas experiências passadas a partir das seguintes perguntas:

 

1-      Quem é você atualmente?

2-      Qual é a sua história favorita da infância?

3-      O que você aprendeu de bom com ela?

4-      Esses aprendizados positivos ainda te acompanham?

5-      Alguma coisa no seu passado já te causou dor ou sofrimento? Fale sobre essa experiência.

6-      O que você teve que aprender ou fazer para lidar com este sofrimento?

7-      O que você aprendeu e os comportamentos que você desenvolveu foram positivos ou negativos?

8-      Você ainda emprega estas estratégias em momentos adversos do presente?

9-      Estas estratégias ainda são úteis para você?

10-    O que é curador para você depois do sofrimento?

11-    Se a pessoa que você mais ama neste mundo passasse pela mesma situação que você passou, o que você diria a ela?

12-    Qual é a sua maior força depois de ter passado pelo sofrimento que você passou?

13-    Como o sofrimento que você experimentou contribuiu para o seu propósito de vida?

14-    Quem é você enquanto um ser humano completo e saudável, com experiências negativas e positivas em seu passado?

15-    Se você tivesse que resumir em uma frase a lição mais importante que você tem a deixar para o mundo e para aqueles que você ama, qual seria esta frase? Invente ou se aproprie de alguma citação que passe a mensagem que você gostaria de passar.

 

Sintam-se à vontade para compartilhar histórias comigo. Qualquer dia eu mesma posto as minhas respostas.

 

Conheça a Journal Therapy.

Journal Therapy – que significa literalmente “terapia do diário” – é uma técnica de escrita de si que possui fins terapêuticos. Está passando da hora dela ser mais conhecida e divulgada no Brasil.

Ontem eu comentei sobre a escrita no diário como algo muito positivo, mas é interessante saber que existem diversas formas diferentes de escrever no seu diário.

Normalmente, a escrita que colocamos em prática é uma escrita livre que não possui grandes pretensões. Contudo, o diário pode ser um grande aliado no caminho para a cura e o autoconhecimento.

Na journal therapy o foco não está na descrição de eventos externos, ou no mero registro dos fatos cotidianos. É essencial que a escrita tenha um propósito, que ela seja orientada para um fim e que o ponto central da escrita sejam os pensamentos, sentimentos, reações e percepções do autor, ou seja, as experiências internas do autor de um modo geral estão no centro da journal therapy.

Existem inúmeras técnicas de journal therapy:

 

1-      Método das cartas não enviadas.

Eu já utilizei este método com um paciente no consultório. Meu objetivo. Era uma pessoa que guardava muitas mágoas, ao mesmo tempo em que se sentia desconectado do mundo e distante das outras pessoas.

Em um primeiro momento, pedi que ele fizesse uma lista de todas as pessoas que ele conhece. Todas mesmo. Mesmo que ele não soubesse o nome delas (poderia estar escrito na lista “o homem que passa toda manhã debaixo da minha janela andando de bicicleta). Essa técnica por si mesma tem um nome, trata-se do “caderno dos seres”. É um caderno no qual você lista exaustivamente todas as pessoas que você tem ou já teve contato e depois analisa a ordem na qual as pessoas apareceram. Mas o meu objetivo não era trabalhar com o caderno dos seres, então, depois que o paciente fez a lista, eu pedi que ele escrevesse uma carta para cada uma das dez primeiras pessoas que apareceram na lista. Passamos um tempo trabalhando nas cartas, até porque inicialmente ele não sabia o que escrever. Mas no fim das contas foi um bom exercício. O resultado foi que ele começou a ter mais ideias a respeito do que poderia conversar com as pessoas, além dele ter compreendido melhor o que sentia por cada uma daquelas pessoas. Mas o poder da escrita das cartas não enviadas não termina por aí. Essa técnica pode ser usada para outros objetivos. Como, por exemplo, para ajudar pessoas passando pelo luto. Escrever cartas para pessoas que já faleceram é uma maneira muito boa e reconfortante de lidar com o sentimento de perda e com as histórias que sentimos inacabadas.

 

2-      Diálogo.

Escrever diálogos é ótimo para pessoas como eu, que possuem dificuldade em serem assertivas. É muito útil construir diálogos (o que eu faço mentalmente e na escrita com muita frequência), com o objetivo de realizar uma reflexão sobre a forma como falamos e nos colocamos perante outras pessoas. Se quiserem uma dica, imagine, para uma situação qualquer que você queria trabalhar, três tipos de diálogos – um no qual o seu posicionamento seja assertivo, um com um posicionamento agressivo e um com um exemplo de passividade.

 

3-      Classificação das áreas da vida por cores.

Este é o diário que eu uso com mais frequência. Eu tenho um caderno com três cores diferentes e, em cada uma das cores eu escrevo sobre uma área da minha vida. Isso me ajuda a separas as coisas que, às vezes, eu misturo indevidamente. Por outro lado, podem aparecer também conexões entre diferentes áreas da minha vida que eu não estava enxergando. Essa técnica também é a que me ajuda mais com a minha organização (juntamente com a técnica de fazer listas), pois ela me permite entender melhor, visualizar melhor, todas as coisas que estão acontecendo na minha vida e o que cada uma das áreas está exigindo de mim.

 

4-      Listas.

Essa é uma técnica muita subutilizada. Fazemos apenas listas de compras e afazeres, mas existem muitas listas interessantes que podemos construir. Algumas sugestões: listas de coisas difíceis que aconteceram comigo; lista de todos os desafios que eu já encarei; lista de todas as coisas que eu aprendi quando tinha treze anos (juro que eu já fiz essa! E foi já quando eu tinha vinte e poucos anos! Foi bem legal, esse tipo de coisa me ensina a respeitar e entender melhor as crianças e os adolescentes); lista de todas as coisas que eu já tive medo de fazer; e por aí vai. Escolha uma um tema para a sua lista e redescubra a sua vida!

 

5      Escrita cronometrada.

Essa ideia de usar um cronômetro é ótima para um trilhão de coisas, inclusive para a escrita terapêutica. Ela pode ser usada, por exemplo, para quando você está com dificuldade de escrever sobre algum tema. Não se condene a ficar olhando eternamente para uma folha em branco. Isso é uma tortura. Quando estiver com dificuldade em algum tema coloque um tempo para escrever sobre ele. Três minutos por dia. Não pense, só escreva.

 

Como eu disse: muitas técnicas. Conforme eu for selecionando coisas legais, vou colocando aqui para vocês!