Pessoas interessantes. 

Elas andam por toda parte.
Essa é a resposta para uma pergunta que li num livro dia desses: “Por onde andam as pessoas interessantes”?
Por toda parte. É a resposta.
“Conversar com uma pessoa é como ler um livro”.
Sim. Todas as pessoas têm uma história interessante. Ou talvez seja apenas por acreditar nisso que eu seja psicóloga e escritora. Sinto uma imensa curiosidade pela vida das outras pessoas. Quero ouví-las, entendê-las, conseguir compreender o que estão sentindo. Nunca ouvi uma história chata. Se você ouvir por tempo suficiente, pérolas começam a brotar dos discursos das pessoas.
Nem sempre estamos dispostos a ouvir, é claro. Eu tenho meus dias nos quais estou tão submersa em meus próprios pensamentos que não tem espaço para mais ninguém dentro da minha cabeça. Mas isso não diz nada das outras pessoas e sim do meu momento.
Então esse papo de que “fulano é realmente interessante, Beltrano, não” (comentário que normalmente expressa um preconceito cultural que você ouve muito no meio de gente cult que se acha a cerejinha do bolo das capacidades intelectuais e artísticas) me irrita e desgosta muito.
Onde estão as pessoas interessantes? Olhe para o lado. Aí está ela.

Empatia tem limite.

Eu a vejo como uma pessoa boa. Sua empatia não tem precedentes. Dar a outra face? Ela vai além da exortação de Cristo. Ele pede desculpas por ter te provocado a bater nela e aí então oferece a outra face para que você se sinta melhor. Para que possa puní-la por ela ter feito por onde merecer punição em primeiro lugar. Porque ela entende a sua raiva e não quer ser mais um motivo de desgosto e irritação para você.
Quando a mãe bate, ela lembra da infância dura que ela teve; quando o marido trai, ela pensa que também ela não é lá uma esposa tão perfeita assim; quando o irmão ignora, ela lembra que roubava os bonecos dele quando eram crianças para que se casassem com suas barbies.
Mas ela sofre, viu? Como sofre. Por isso não me espanto dessa faca na mão, esse sangue nos olhos. Quem você acha que uma pessoa nessa situação mata primeiro? A si mesmo ou aos outros? Se você estivesse lá, se você tivesse visto, eu aposto que teria feito exatamente a mesma coisa.