Trocar o dia pela noite. 

Meu ciclo de sono, durante as férias, fica completamente regulado.
Isso mesmo. Regulado.
Eu passei a vida inteira lutando contra a tendência de ir dormir tarde e acordar cada vez mais tarde.
Quando não tenho horários fixos e obrigações nas primeiras horas da manhã, meu sono se estabiliza quando eu vou dormir por volta das seis horas da manhã e acordo 14h.
São oito horas de sono perfeitamente bem dormidas.
Quando eu estou na rotina normal, ao longo do ano de trabalho e de estudo, e tenho que acordar cedo, eu sofro muito e os meus problemas aparecem: dificuldade para pegar no sono, sono entrecortado, eu acordo com a sensação de não estar descansada, eu fico sonolenta ao logo do dia.
Eu fico lutando para “regularizar” o meu sono. Deitar dez da noite e dormir até as seis da manhã. Mas, nesse período eu durmo mal. Muito mal. Quando eu inverto, meu pico de energia é entre dez horas da noite e duas da manhã. Quando eu estou deitada tentando dormir neste período é um desespero total!
E eu já tentei de tudo: virar 24 horas sem dormir, ir acordando cada vez mais cedo para ter sono mais cedo etc.
O que acontece é que eu consigo “regular” o sono. Por dois dias. Por mais ou menos dois dias eu durmo e acordo cedo e fico bem. No terceiro dia eu acordo cedo, mas quando chega a noite eu já vou começando a demorar mais para dormir, ou começo a acordar às três horas da madrugada, ou começo a acordar duas horas antes do relógio despertar. Pronto. Aí começa o sofrimento psicológico.
Olha que eu passei a minha vida inteira estudando pela manhã e uma boa parte da faculdade também, atualmente eu trabalho de manhã alguns dias na semana, e meu corpo não se adaptou a esse ritmo.
Quando eu entro de férias, por mais curtas que elas sejam, eu volto a trocar metade do dia (eu acho que a expressão “trocar o dia pela noite”, ou vice-versa, é exagerada, pelo menos para casos como o meu, pois eu não durmo o dia todo) pela noite. Na verdade, se eu passar dois dias da semana sem ter que acordar cedo, eu já atraso o sono e durmo de quatro até as onze horas ou meio dia.
E quando eu troco, eu me sinto ótima. Meus problemas de sono desaparecem. Eu durmo assim que bato a cabeça no travesseiro, eu durmo oito horas direto, acordo descansada e eu não fico sonolenta durante a vigília. Parece que eu tenho mais energia inclusive. Eu aguento dezesseis ou dezessete horas de atividade de boas.
O único problema é que ainda não existem tantas possibilidades, tantos modos de vida, que comportem pessoas que têm o ciclo de sono invertido assim como o meu.
Eu fiquei pensando outro dia… Como eu sou psicóloga, uma boa alternativa seria atender por Skype brasileiros que moram no Japão, por exemplo. Seria uma excelente atividade para mim. Quem sabe no futuro… É algo a se pensar.