O inferno são os outros?

Nós costumamos achar que existem vilões na vida real, bem perto de nós. Não falo do verdadeiro “psicopata que mora ao lado”, também não estou falando de pessoas que sofrem de uma patologia real e, por conta disso, acabam tendo imensos problemas de convivência ou até memso quebrando regras sociais. Falo daquela pessoa que você acha que levanta todo dia de manhã só para fazer da sua vida um inferno, daquela pessoa que subestima a sua inteligência destilando veneno disfarçado com açúcar na sua vida. Você não acha que tem pelo menos uma pessoa assim ao seu redor? Você não vive uma batalha emocional cotidiana com pessoas que você compara aos vilões de filmes, novelas ou livros? Aquela pessoa que é má até o último fio de cabelo, corrompida, que vive para espalhar a discórdia e fazer miséria na vida dos outros. Sabe? Pois eu sinto em te informar que você vem vivendo preso dentro de uma grande fantasia, pois essa pessoa que você tanto teme não existe.
Aliás, você já parou para imaginar que esse “vilão” pode ser você no olhar de quem está ao seu lado? Como eu disse, esses malvados da vida real não existem. Mas para quem se deixa levar por esse discurso, esse malvado poderia muito bem ser você. Apenas algo para refletir.
Eu sei que é emocionante achar que você tem essa grande batalha para lutar na sua vida contra esses seres humanos desprezíveis, mas precisamos abrir mão desse discurso inflamatório que divide as pessoas e precisamos nos unir e disseminar cada vez mais o amor.
Existem pessoas que são difíceis de se conviver e que não precisam ficar em nossas vidas? Sim. Infelizmente é verdade. Existem pessoas que estão em profundo sofrimento emocional, que não poderão ser ajudadas por nós. Isso está longe de significar que elas são malvadas. Que elas querem ver murchar tudo que tocam.
Enquanto nós tivermos esse olhar para o outro, somos nós que somos venenosos.

Sobre livros de colorir para adultos (e meu ex-preconceito contra eles).

A gente é muito preconceituoso de um modo geral.

Alguns desses preconceitos são responsáveis pelas mortes de milhões de pessoas ao redor do mundo.

Outros desses preconceitos nos impedem de experimentar muitas sensações positivas em nossas vidas.

É desse segundo tipo que eu quero falar hoje (mencionei o primeiro, porque trata-se de algo que sempre, sempre, sempre temos que reforçar).

 

Há uns meses eu comecei a colorir mandalas. E estou amando. E lembro que eu não comecei antes porque algumas pessoas comentaram comigo que achavam essa nova onda de livros para colorir para adultos estúpida. Eu internalizei essa crença e ela me travou por oanos.

Eu não estou dizendo que a solução para todas as pessoas é sair colorindo mandalas. Mas que é possível que seja bom para você, mas que você pode estar deixando de se beneficiar desse exercício pelo seu próprio preconceito ou pelo das outras pessoas.

No curso que eu estou fazendo (100 Days of Art Journal Therapy), disseram que colorir dentro de padrões pré-determinados nos ajuda nesse movimento, muito necessário para uma vida boa, de ser criativo dentro da rigidez do dia a dia. É verdade. Pelo menos no momento em que você está colorindo, você usa a sua criatividade para fazer algo singular, dentro do mesmo padrão que milhares de outras pessoas também estão colorindo. Isso faz sentido para mim como uma metáfora da qual precisamos nos apoderar e expandir para mais aspectos da nossa realidade.

Ainda que a sua praia não seja a de colorir mandalas, se pergunte: O que eu estou deixando de fazer por conta do julgamento das outras pessoas? Quais preconceitos eu tenho e como posso combatê-los?

“O seu dia começa aqui”.

Eu não fui geneticamente constituída para acordar cedo, como eu já falei para vocês.

Mas eu tenho tido que acordar bastante cedo nas ultimas semanas e eu não vejo isso mudando nos próximos meses. Vou estar ainda mais atarefada do que nas últimas semanas, com muitas atividades logo cedo.

Eu tenho sentido ao longo do dia aquele cansaço que eu não me lembro de sentir desde os tempos de faculdade.

Durante os tortuosos anos da escola e o início da faculdade, eu era obrigada a acordar cedo todos os dias. Eu vivia com uma funda olheira e um cansaço constante. Do meio da faculdade e diante, já fica bem mais fácil fazer o seu horário de modo que você não pegue matérias no período da manhã e os meus estágios em clínica e pesquisa também eram em horários favoráveis ao meu ritmo biológico.

Quando comecei a trabalhar em consultório particular e fazer o mestrado, meus horários continuaram sendo ajustados ao meu ritmo biológico. Eu tinha que acordar cedo uma ou duas vezes na semana, o trabalho e o estudo ficavam para os turnos da tarde e da noite.

Ultimamente, novas atividade profissionais têm me feito acordar cedo mais umas três vezes na semana. Este novo projeto vai durar ainda pelo menos três meses, portanto, tem muita barra para aguentar ainda (com o meu esforço para que isso renda bons frutos, claro).

Mas, enfim, estas são as minhas escolhas no momento.

O que tem me incomodado é que eu tenho tido que pegar o metro quando saio para trabalhar cedo. E o metro teve a horripilante ideia de colocar a frase O SEU DIA COMEÇA AQUI, assim mesmo, em letras garrafais nas estações. E eu fico muito irritada quando eu vejo essa frase. Não, Metrô Rio, o meu dia não começa aí, quando eu pego o metro para trabalhar.

O meu dia começa na minha casa quando o meu despertador toca pela primeira vez e eu, ainda zumbizando de tanto sono, aperto o botão da soneca no celular. Três ou sete minutos depois, soa o despertador do meu marido. Ele gosta de números quebrados e ímpares, então, enquanto eu ponho o meu despertador para 07h, ele põe o dele para 07h03 ou 07h07. Nesse momento eu já estou um pouco mais desperta. Quando o soa novamente o meu alarme, eu, geralmente, levanto da cama.

Então, dependendo do meu humor e do quão cansada eu estou, eu coloco uma série “aconchegante” para passar na TV (tipo Friends), ou eu coloco música para tocar. Nos dias em que eu estou mais cansada, música para dar um up, nos dias em que estou mais mal-humorada, uma série costuma me deixar mais felizinha (só uma curiosidade: o meu corretor quer que eu corrija “felizinha” por “feiazinha”. Onde esse mundo vai parar, meu deus?!), traz boas sensações.

Eu deixo o café passando enquanto tomo banho. Às vezes meu marido levanta para me ajudar com essas coisas. Ele prepara o café da manhã, separa algumas coisas que eu tenho que levar caso eu tenha esquecido de guarda-las na bolsa que deixo pronta da véspera, me dá uma opinião quanto à roupa.

Comemos falando sobre como vai ser o dia.

Últimos retoque e verificações e eu estou pronta para sair.

Eu moro a meio caminho entre duas estações de metrô. Ou eu ando 20 minutos até uma delas, ou pego um ônibus até a outra. 20 minutos de caminhada para pensar na vida, quando eu saio cedo e não estou de salto, essa costuma ser a minha opção; ou a aventura que é andar de ônibus no Rio de Janeiro, quase sempre, uma aventura.

Aí, enfim, eu chego até o metrô.

A gente não pode menosprezar nenhum momento das nossas vidas. Mesmo na correria da manhã, eu passo ótimos momentos e isso me dá energia e felicidade para passar o dia. Se o metrô me convence de que o meu dia começa ali, naquela lata de sardinha com o trabalho como a próxima parada, por mais que eu goste do meu trabalho, eu piro.

Só o que me falta é eles começarem a colocar esses letreiros, que atualmente são tipo cartazes, por painéis tecnológicos que, às quatro horas da tarde vão mudar para SEU DIA TERMINA AQUI.