Meus filmes bizarros favoritos. 

Fiquei pensando no filme do Deadpool que assisti ontem e continuei pensando hoje sobre alguns aspectos do filme que me chamaram atenção. Por exemplo as cenas marcantes de violência retratada de forma meio jocosa, o tema da vingança, um ar meio desleixado, os personagens com comprometimentos psicológicos significativos. Isso tudo me fez lembrar de alguns filmes que eu assisti nos últimos anos que, apesar de muito loucos, eu gostei bastante. Eles compartilham característica comum de apresentar mulheres no papel principal ou com uma participação, para dizer o mínimo, interessante no filme. 

Resolvi compartilhar essa lista dos meus filmes “estranhos” preferidos com vocês hoje. 

1- A Prova de Morte. 

Esse é um filme muito louco sobre umas mulheres arretadas que enfiam o cacete num cara babaca depois que ele tenta matar elas. 

2- Planeta Terror.

Cara… Tem uma metralhadora no lugar onde deveria estar a PERNA da mulher. Preciso dizer mais alguma coisa?

3- kill Bill. 

Aqui também temos um protagonista que mete a porrada e mata todo mundo buscando vingança. E consegue!

4- Ninho de Musarañas (em inglês Shrew’s Nest).

Mais uma história irretocável de vingança feminina.

5- Lady Vingança.

Eu não entendi bodega nenhuma desse filme, então não posso falar para vocês da história, mas vale muito a pena ver. 

6- Bravura Indômita. 

Não conheço muita gente que fale maravilhas deste filme, mas eu gostei bastante. Ele também fala sobre vingança e eu acho que o filme é muto responsável, profundo e consequente com isso. O final é rico, mas bastante sutil.

Se eu fosse incluir o cinema nacional, eu incluiria:

7- Anjos do Sol.

Um dos filmes mais tristes que já vi na vida. 

8- Nina.

Em algum momento a parada fica muito doida demais da conta, mas dá para curtir o filme. 

Espero que vocês aproveitem e depois me digam o que acharam da lista!

Deadpool 2.

Cara, o melhor do filme do Deadpool, sinceramente, é ver os vilões morrerem mortes extremamente violentas e sanguinárias. 

Tem alguma coisa de muito bom em ver os caras maus se ferrando. Ainda mais com esses filmes nos quais os caras maus são essencialmente maus, maus até o último fio de cabelo, eles são maus e não mesmo, sem um pingo de bondade no coração, nenhuma possibilidade de redenção. 

Esse tipo de filme realiza na fantasia esse nosso desejo de ver os outros se ferrando terrivelmente. Uma atração primitiva pela violência (falando sem nenhum rigor científico).

Na fantasia apenas, vale ressaltar, e isso é maravilhoso. A fantasia serve para esse tipo de catarse na minha opinião. 

Mas, amigo, eu espero que você saiba, eu espero que todos saibam, que esse tipo de vilão, que é o diabo em pessoa, não existe na vida real. Então, curta o filme, ma não romântiza o herói. 

Na verdade, temos que falar sobre os super-heróis de um modo geral. Talvez o filme do Deadpool seja um alívio, em alguma medida, justamente porque os super-heróis geralmente são todos uns babacas de direita. Pelo menos o anti-herói já é todo zoado mesmo e isso acaba dando outro tom para a trama. O filme é assumidamente cheio de clichés ele brinca com isso, geralmente fica uma merda, mas eu até acho que o filme do Deadpool faz isso melhor do que os filmes que normalmente se propõem a fazê-lo. Então tá valendo. 

Resenha: “Assassinato no Expresso do Oriente”.

Aviso: este texto contém spoilers.

O filme Assassinato no Expresso do Oriente é irresponsável.
É importante deixar claro que eu não li o livro. Falo especificamente do filme. Mas, se o diretor usou da sua liberdade artística para fazer modificações no enredo ou se ele não usou dessa liberdade, os dois casos são igualmente lamentáveis.
No filme, o investigador Hercule Poirot, após resolver rápida e miraculosamente o caso do roubo de uma relíquia religiosa em Jerusalém, é convocado numa nova missão que o leva a pegar o trem Expresso do Oriente em direção a Londres.
A certa altura da viagem, que duraria vários dias, um homem é misteriosamente assassinado. A tensão aumenta pois, além do assassinato, o trem sofre com um descarrilhamento após ser atingido por uma avalanche de neve.
A tarefa de investigar o assassinato antes do trem alcançar seu destino final recai sobre o investigador.
A partir daí, acompanhamos os interrogatórios conduzidos por Hercule Poirot com os passageiros. Começa a vir à tona, a partir de pedaços de informações garimpadas dos discursos dos doze passageiros a bordo do trem, a história de um outro crime ao qual muitos dos passageiros pareciam estar conectados. Tratava-se do sequestro e assassinato de uma criança.
Ao final do filme a trama chega ao clímax quando o bigodudo confronta de uma só vez os doze passageiros. Numa cena pretensamente comovente, descobrimos que todos estavam mancomunados na execução do crime.
No fim das contas o assassinado havia sido o suposto perpetrador do sequestro e assassinato da criança, o que, de uma forma ou de outra, afetou a vida de todos os passageiros do trem.
Hercule Poirot se defronta com um grave dilema moral: o investigador acusava os doze pela execução brutal de um sequestrador e assassino de crianças ou encobria a vingança? Afinal, os doze eram pessoas de bem, não eram assassinos por natureza, apenas pessoas amargurados que haviam sofrido uma terrível injustiça, que tiveram suas vidas paralisadas ou destruídas há muitos anos atrás e que buscavam, uma vez que a polícia havia falhado em encontrar o culpado da violência sofrida pela criança, fazer justiça com as próprias mãos.
Poirot “decide com o coração” e ignora os fatos que havia descoberto, encobrindo a verdade, para que aquele grupo de pessoas pudessem seguir suas vidas e tentar viver em paz dali em diante.
É verdade que a discussão a respeito de se o que é ilegal é necessariamente errado é longa e tem as suas nuances. No entanto, há casos em que o convívio social já avançou satisfatoriamente. O fato de considerarmos o assassinato uma coisa errada, tanto do ponto de vista legal quanto social, é uma das coisas positivas do avanço da organização dos seres humanos em sociedades (pena de morte também discutida a parte em outro momento). O que o filme faz é glorificar e romantizar uma prática extremamente reacionária, retrógrada, atitude que já deveria ter sido superada há anos. Essa atitude, no filme, se torna ainda mais grave porque vem encarnada na figura do personagem que representa a razão universal e a força da moralidade humanista.
Isso sem contar com o fato de que o filme deixa completamente de lado a exploração do caso da criança. Se tratou apenas do uso deliberado de uma violência brutal apenas para colocar em cena outra violência brutal. A criança em si foi apenas um peão completamente esvaziado de vida.
Em segundo lugar, a própria vingança foi “necessária” pois a investigação oficial do caso não levou a lugar nenhum. Foi malfeita, corrupta e descuidada. De modo que o filme não convence o expectador curioso em relação à trama de que o homem assassinado no trem era de fato o culpado do assassinato da criança. Esse descuido com a fundamentação do enredo de uma história tão séria faz com que o sentimento incitado na plateia seja o de aceitação inquestionável da culpa do suposto vilão e da validação da premeditada vingança com requintes de crueldade.
O filme não nos leva a refletir sobre os limites dessa prática de linchamento. É muito fácil odiar um assassino de crianças, mas a história está cheia de supostos assassinos de crianças, bruxas, comunistas, judeus etc. que foram perseguidos e mortos por cidadãos de bem sem direito às mínimas garantias da sociedade liberal a um julgamento justo e ao respeito pelo valor intrínseco da vida humana.
E nós ainda podemos ir além. Se cruzarmos o limite ético da proibição do assassinato onde iremos reestabelecer este limite?
Mataríamos apenas assassinos de crianças? E os assassinos dos adultos? Resolveríamos estender a concessão a eles também? Os assassinos passionais se distinguiram ainda dos premeditados? E os assassinatos culposos, e as mortes decorrentes de falhas humanas, e os médicos que receitam remédios para pessoas que acabam utilizando-os para cometer suicídio? Pode ser que você, leitor, considere este último caso absurdo, mas talvez a mãe de um jovem que usou a medicação prescrita pelo psiquiatra que falhou em salvar a vida do filho dela veja as coisas de outra forma.
E aquelas pessoas que ficam muito, muito, muito irritadas quando são assaltadas? Pode ser que elas passem a achar justo matar os ladrões (que vira e mexe já são linchados).
O sentido da nossa argumentação não é moralista. É perfeitamente compreensível que uma pessoa que teve seu ente querido assassinado seja tomada por um desejo de vingança. Não estamos nem discutindo a questão da vingança em si. O que é inadmissível é que a figura de autoridade, a lei, julgue tais crimes de maneira parcial, fora do que a lei permite. E é exatamente isso que acontece no filme, a figura do investigador que representa a integridade ética social cede à barbárie e valida um crime meticulosamente arquitetado, deixando livre e nos fazendo sentir uma piedade acrítica por uma gangue de assassinos linchadores.

“Com amor, Van Gogh”.

Eu tenho estado na vibe das indicações e das resenhas ultimamente.

E eu reprimi por muito tempo o desejo de escrever resenhas e de indicar filmes e livros.
Além de ter um gosto meio estranho, algumas vezes estou sensível demais, outras cética demais, tem fases ainda que eu só quero ver comédia… enfim, eu também achava que era necessário ter algum conhecimento mais rebuscado sobre artes. Mas dane-se isso.
Hoje assisti “Com amor, Van Gogh”.
O filme é lindo.
Segundo o que dizem os créditos de abertura, este é o primeiro filme feito inteiramente com pintura a óleo sobre tela. Foram mais de 100 artistas que participaram da confecção de mais de 55 mil quadros.
Os traços e as cores utilizadas pelos artistas foram baseadas na obra Van Gogh.
Não é só por isso que o filme é sensacional, contudo.
A história é bem legal. Quase um thriller que conta a história do filho de um carteiro, amigo de Van Gogh, que tenta entregar a última carta que o pintor escreveu para o irmão, mas essa acaba não sendo uma tarefa fácil e, no caminho, o rapaz começa quase que por acaso a investigar o suicídio do artista.
O que verdadeiramente aconteceu com o pai da arte moderna?
O filme acerta na hora de passar uma visão de mundo sensível através da retratação de algumas cenas da vida do pintor e das falas dos personagens que são entrevistados sobre sua morte.
Ainda mais um mérito do filme, foi ter me apresentado uma música maravilhosa durante os créditos finais. Eu não a conhecia, mas minha mãe afirmou ser bastante antiga: Starry, Starry Night. Canção de Don McLean.
Você já vai chorar ouvindo a música.