“50 Tons”.

Assisti, na semana passada, ao segundo filme da trilogia no cinema. Assisti ao primeiro filme no cinema também. Não li os livros. O segundo filme, assim como o primeiro, foi ruim. Quando expressei esta opinião para uma conhecida ela logo tentou me animar, afirmando que ela havia lido os livros e que, no final, a mocinha “conserta” o rapaz. Mas, na verdade, do rapaz, do tal do sádico, eu não tenho muito o que reclamar. Especialmente levando em consideração apenas o primeiro filme.

A começar por aquele quarto que, convenhamos, é um sonho para qualquer um que curte BDSM. E, pelo menos pelo que o filme dá a entender, o contrato que o sádico apresenta à futura submissa para que ela deixe claro o que permite ou não que seja feito com seu corpo parece bem detalhado. Não pareceu, de fato, que ele a obrigou a nada. O que torna as coisas verdadeiramente complicadas é o background de criança sofrida para explicar a CAUSA do sadismo. No segundo filme esse background se torna ainda mais assustador e problemático. Descobrimos que Grey vivenciou uma série de coisas horríveis no quando era criança (horríveis mesmo) e, por isso, tem o desejo de punir mulheres que se pareçam com sua mãe. Isso tudo passa uma imagem extremamente negativa do BDSM que, quando praticada entre dois adultos consensualmente, pode ser muito sensual e extremamente prazeroso. No filme, os adeptos da prática aparecem como pedófilos (a mulher que o “ensinou a transar) e/ou com um histórico de abuso, agressão e abandono.

Por outro lado, temos a submissa. Que, antes de mais nada, eu gostaria de observar, parece começar a curtir um BDSM softcore no segundo filme. E, é claro, tem como missão de vida ensinar o multi mi, bi ou trilhonário (não sei) a amar. Ok. Estou entendendo então que: 1) de leve o tapa não dói; 2) o propósito da vida daquela mulher era resgatar a pobre alma de um homem sofrido. Sobre a primeira conclusão: a princípio a crítica era moral! Não se tratava da quantidade de violência empregada, mas do próprio fato da necessidade de uma tal prática existir. Parece que a mulher faz ali algum tipo de concessão que é incoerente com a imagem que o filme apresenta do BDSM. Forte não pode, mas de leve tudo bem? Esse é um retrato irresponsável da prática sadomasoquista. A segunda conclusão eu nem preciso comentar, não é? Já vimos essa história trocentas vezes. Por trás de todo grande homem há uma mulher que o ama e que recarrega suas energias.

Mas você acredita que nem era isso que eu queria dizer inicialmente sobre o filme? Meu ponto com esse texto é, simplesmente: esse é um filme de audiência majoritariamente feminina, certo? Então por que diabos eu vi mais o peito da mulher do que a bunda do cara????????? Saí do cinema perplexa.