Minha primeira aquarela (decente). 

Desde que voltei a escrever tenho sentido uma forte inclinação para diversas áreas artísticas. Tenho feito dança, estou com muita vontade de fazer teatro e tenho me aventurado na pintura com aquarela.
Escrevi um texto recentemente sobre uma pintura que eu gostaria de ter tido habilidade para realizar. Todas as pinturas que eu fiz nesses últimos tempos, infelizmente, me deixaram frustrada.
Com a caneta na mão eu me sinto livre. O pintor se sente livre com o pincel, imagino. Eu com o pincel na mão me sinto uma prisioneira.
Tenho uma imagem na cabeça, uma idéia, mas lá ela fica enclausurada, o pincel e as tintas não me deixam expressá-la.
Ontem, contudo, eu tive o primeiro sentimento de realização com a pintura. Fiz numa oficina com a artista Martha Guevara, a experiência foi maravilhosa!
Ela nos trouxe a proposta de um tema: liberdade. Perguntou o que cada um dos participantes pensava sobre a liberdade, que imagem representava este conceito. As respostas variaram: eu já sou livre, voar, vento, para mim, é andar à cavalo em um campo aberto.
Então, ela pediu que fizéssemos um desenho a partir do que tínhamos conversado. Nossa, meu estômago embrulhou pensando no desastre que seria o meu desenho de um cavalo.
Mas encontrei uma solução recorrendo a técnicas de escrita (que vale também para o cinema e a fotografia) que aprendi nos últimos tempos.
Eis o meu desenho:

A técnica diz respeito ao destaque que o escritor, diretor ou fotógrafo quer dar a um determinado objeto, para onde está voltado o olhar dele e para onde ele quer direcionar o olhar do leitor.

Se eu desenhasse o cavalo, bem aparente, com mais detalhes, no centro do meu desenho, que foi a primeira coisa que me ocorreu, você olharia para o cavalo. O que eu fiz foi simplesmente direcionar a sua atenção para outro ponto da cena. Eu quis te mostrar o cabelo rosa da menina que cavalga voando com o vento em contraste com o céu azul e a xuxinha amarela que o prende. Assim, eu te falo mais alguma coisa da liberdade dessa menina. Ora, ela tem o cabelo rosa. Não é pouca coisa. E, nesse cabelo rosa, ela coloca uma xuxinha amarela, o que chama bastante atenção. Se eu fosse abrindo a cena, você veria o cavalo. Se eu desse para você a cena como um todo, esses detalhes ficariam todos brigando entre si pela atenção do apreciador da obra, alguma coisa importante do que eu quero dizer talvez passasse despercebida.

Bom, mesmo que eu não execute isso tão bem na pintura, fica a dica em relação à narrativa. Quando você for descrever uma cena, é você que orienta o olhar do leitor, você tem que saber o que você quer que ele veja na cena que você está decrevendo.

Ou isso sou só eu racionalizando a minha incapacidade de pintar.